Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Política e Cultura no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA
‘A Hora do Mal’ acerta o ponteiro entre horror e humor
Zach Cregger entrega uma das grandes surpresas do terror em 2025, que já está em cartaz nos cinemas

A Hora do Mal (Weapons no título original) caminha na trilha de gigantes do horror e se mantém firme entre eles ao não querer reinventar a roda. Após uma década marcada pelo conceito de “terror pós-moderno”, muito associado aos filmes do estúdio americano A24 (comumente tratado como indivíduo e não corporação), o escritor e diretor Zach Cregger se mostra uma voz emergente do mainstream hollywoodiano ao navegar contra a maré, em um hipnotizante novo longa.
Ele prova que, muitas vezes, menos é mais — e que podemos voltar a abraçar as raízes, no que há de mais espalhafatoso, corporal ou místico no horror, seja com criaturas monstruosas em casas misteriosas, como no seu filme anterior Noites Brutais (2022), ou com crianças desaparecendo sem explicação e segredos envolvendo porões assustadores.
Existe algo muito apelativo em explorar cidades pacatas, onde vidas tranquilas e comuns são viradas do avesso por algum elemento sobrenatural, desde O Exorcista (1973), de William Friedkin, a classe média americana é afrontada por metáforas simbólicas das próprias falhas. Grandes autores exploraram essa batida comum, o elemento desconcertante da presença do mal adentrar o conforto dos lares de pessoas inocentes.
O terror suburbano
Os slasher movies, ou filmes de assassinos, se aproveitaram muito do cenário de calmaria da classe média dos Estados Unidos desde 1978, quando John Carpenter apresentou Michael Myers em seu Halloween. Isso evoluiu para outras grandes empreitadas, seja Jason Voorhees aterrorizando adolescentes em casas no lago, em Sexta-Feira 13, os ghostfaces perseguindo a turma de Sidney Prescott nos filmes Pânico, ou Freddy Krueger invadindo o que há de mais íntimo para alguém, ao tirar o sono das pessoas, em A Hora do Pesadelo.
Sem contar as imaculadas ruas do estado do Maine, nos Estados Unidos, que serviram de grande inspiração para tantas obras literárias de Stephen King e suas consequentes adaptações cinematográficas, ou a “perfeita” cidade fictícia de Twin Peaks, criada por David Lynch. Cada um, à sua forma, sempre atento ao contexto social e político de sua época, assim como Cregger tem algo a dizer sobre o momento que vivemos atualmente.

Comédia e horror como reflexo social
O passado de Cregger como comediante justifica muito de sua personalidade como cineasta, que parece se divertir com o que há de mais absurdo no gênero. É um caminho semelhante ao trilhado por outro ex-humorista, Jordan Peele, em Corra! (2017), Nós (2019) e Não! Não Olhe! (2022).
A Hora do Mal monta um quebra-cabeça não cronológico, ao longo de perturbadores 129 minutos, para narrar o desaparecimento repentino de 17 crianças, durante uma madrugada. Estudantes de uma mesma sala de aula em um bairro residencial de uma pequena cidade norte-americana saem correndo de suas casas por conta própria sem motivações aparentes. O acontecimento leva a um crescente descontentamento e instiga os nervos da comunidade, onde alguns afetados resolvem investigar diretamente o ocorrido.
Julia Garner (Ozark, Quarteto Fantástico) encabeça um elenco estelar ao dividir a tela com Josh Brolin (Onde os Fracos Não Têm Vez, Vingadores). Com poucos personagens e alguns coadjuvantes excelentes, como o ator mirim Cary Christopher, o roteiro amarra todos os elementos sem deixar pontas soltas, abraçando o fantástico para discutir uma sociedade estadunidense paranoica, com raiva acumulada e sem saber como lidar com os problemas das camadas mais baixas em uma economia falha. Isso se reflete, por exemplo, na relação entre o personagem de Austin Abrams (Euphoria), que interpreta um dependente químico, e o policial vivido por Alden Ehrenreich (Han Solo: Uma História Star Wars).
Não à toa o cenário da escola é tão presente e debatido no filme, considerando o terror que os Estados Unidos têm vivido com armas de fogo e crianças nos últimos anos. Esses elementos dialogam diretamente com a semiótica da escolha do filme em recriar locais comuns, considerados seguros, uma segunda casa para muitos.
De acordo com uma pesquisa do instituto K-12 School Shooting, o número de incidentes envolvendo armas de fogo em escolas norte-americanas cresceu 794% entre 2013 e 2022.

A tensão do não dito
Com poucos sustos e mais interessado na tensão das relações humanas, o que pode decepcionar quem procura uma violência explícita, Cregger busca o medo nas imagens provocadoras e nas entrelinhas, no que está oculto, em um escuro muito bem trabalhado pela fotografia de Larkin Seiple. Tudo isso sem perder o bom humor digno de grandes autores do gênero, como Sam Raimi e Wes Craven, que tantas vezes mostraram como comédia e horror andam numa linha tênue, mais próximos do que imaginamos.
Com um jogo de câmera dinâmico, aliado a uma edição que mantém o ritmo tenso sem cair no frenesi desnecessário, o longa, que estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7), confirma mais um acerto de um cineasta que vem consolidando seu trabalho entre os grandes do terror. Cregger se esforça para subverter as expectativas de quem entra na sala esperando um filme genérico ou convencional de terror. Através de um constante incômodo, o filme triunfa em uma tensão que deixa o espectador na ponta da cadeira, mas sem vergonha de rir de si mesmo durante o processo.
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