Publicado em 04/03/2021 às 12h15.

Lado B do BBB: ex-operadores de câmeras processam Globo por assédio moral

Os prestadores de serviço afirmam que além de serem desrespeitados, eles trabalhavam em condições precárias dividindo espaço com animais e sujeira

Redação
Foto: TV Globo
Foto: TV Globo

 

Líder de audiência na Globo, e a galinha dos ovos de ouro dos patrocinadores, que na edição de 2021 chegaram a investir mais de R$ 500 milhões para serem vinculado ao reality show, o Big Brother Brasil tem um lado B bem pior do que a Xepa que os participantes vivem dentro da casa.

Em denúncia feita à coluna de Fábia Oliveira, do jornal ‘O Dia’, ex-operadores de câmeras do programa revelaram que estão movendo um processo contra a emissora por assédio moral e condições degradantes de trabalho. Ao todo cinco operadores de câmera e um assistente de operação, que trabalhavam até o ano passado na Globo, entraram com a ação na Justiça contra a emissora e a empresa LET, na qual eles eram contratados para prestar o serviço.

“Todos pedem indenização pelas condições degradantes do local de trabalho, em função das condições precárias do local destinado aos câmeras. Os autores também tinham suprimido o horário de almoço e ainda trabalhavam de pé por cerca de 9 horas seguidas. Além disso, os autores tinham frequentes contatos com animais, como ouriço, ratos, morcegos, gambás, aranhas, marimbondos e até cobra. Um dos autores já foi picado por uma aranha”, relata Flávio Chiara Allam, advogado da causa, em entrevista exclusiva para a colunista.

Além de serem impedidos de se alimentar, os prestadores de serviço e eram tratados com desrespeito e grosseria pela produção, e não recebiam bem pela função desempenhada.

“Há ainda pedido de assédio moral referente ao tratamento destinado aos autores por um diretor da emissora, que os tratava com desrespeito e grosseria, com gritos e chegando a agarrar dois dos autores pelo casaco. Há ainda pedido de pagamento do intervalo suprimido e também equiparação salarial a outros câmeras que desempenhavam as mesmas atividades, mas recebiam salários superiores”.

O operador de câmera Washington Santos, que trabalhou em 12 edições do reality e foi picado por um animal durante o trabalho, afirma que a emissora tinha ciência da situação insalubre em que os câmeras trabalhavam e nunca fez nada para mudar a realidade.

“Um ambiente sujo, totalmente hostil. Quando chove, naquela parte da varanda onde os participantes sentam pra fumar, do lado de dentro do Câmera Cross, alaga tudo. Fora que a gente circulava no meio de fios espalhados no chão sem proteção e, pior, alguns até desencapados. Era um monte de máscaras descartáveis usadas espalhadas pelo chão. Rato, ouriço, cobra, aranha, todos esses bichos circulavam entre a gente. Chegamos a ser orientados sobre infestação e pra tomar cuidado com os cabos, porque poderiam ter cobras enroladas neles e a gente poderia confundir, porque o local é bem escuro”.

Ele não foi o único a ter problemas de saúde em sua passagem pelo BBB, segundo o relato do funcionário, uma outra prestadora de serviço desmaiou após passar mal de sinusite. “Uma funcionária chegou a desmaiar lá dentro por causa de sinusite, porque é um ambiente com muita poeira. Saiu carregada de dentro do Câmera Cross. Tudo isso a gente reclamava com a chefia”.

Em um desabafo, Washington chamou a emissora de hipócrita por levantar uma bandeira que não prega, que é prezar pela saúde, mas deixar os funcionários em estado degradante de trabalho.

“A TV Globo vende muito essa questão de se preocupar com a saúde, pedindo pra usar máscara, batendo no presidente, e a gente lá com máscaras usadas espalhadas pelo corredor. A gente foi proibido de tomar a vacina da influenza, isso foi o pior pra gente. Nós, prestadores de serviços, nos sentimos muito humilhados. Quando fomos indagar as enfermeiras sobre a vacinação, disseram pra gente que era só pra funcionários e que a gente não tinha direito. É uma indignação que temos por causa da falta de respeito”.

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