Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA
Leonardo DiCaprio lidera epopeia explosiva em ‘Uma Batalha Após a Outra’
Nova obra-prima de Paul Thomas Anderson adapta Thomas Pynchon em uma mistura de ação, sátira política e drama familiar

Paul Thomas Anderson (PTA) retorna à cadeira de direção com, talvez, o filme definitivo sobre o século XXI. Uma Batalha Após a Outra é uma verdadeira epopeia do nosso tempo. Ao longo de 2 horas e 42 minutos, somos transportados ao olho do furacão de uma grande revolução armada, liderada pelo talento geracional de Leonardo DiCaprio, em um filme que equilibra perfeitamente ação, comédia e drama familiar.
O diretor volta aos tempos contemporâneos pela primeira vez desde Embrigado de Amor (2002). Após mais de duas décadas dedicadas ao olhar para o passado, o cineasta lança um verdadeiro espelho sobre a sociedade dos Estados Unidos dos últimos anos, mas que também reflete um sentimento de regressão histórica compartilhado no mundo todo.
Consequentes batalhas
O filme, que estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas brasileiros, acompanha o revolucionário Bob Ferguson (Leonardo DiCaprio) em sua missão mais importante: resgatar a filha. Com uma longa lista de inimigos, o pior deles retorna após 16 anos desaparecido e sequestra a jovem. Tendo vivido a juventude como integrante de um grupo de militantes armados, Ferguson agora encara uma vida fracassada, repleta de frustrações e tristezas, que o leva a agir.
Se DiCaprio já não fosse suficiente para sustentar o filme sozinho, ele ainda está muito bem acompanhado na nova empreitada. Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos), Benicio Del Toro (Sicário), Regina Hall (Todo Mundo em Pânico) e Teyana Taylor (O Livro de Clarence) enriquecem o clima caótico, perfeitamente controlado pelo maestro Paul Thomas Anderson. Mas quem realmente rouba a cena é a novata Chase Infiniti (da série Acima de Qualquer Suspeita), que estreia nas telonas com muito a mostrar.
A primeira hora do filme é como assistir a uma adaptação fidedigna do famoso jogo de videogame Grand Theft Auto (GTA). Em um frenético início, somos apresentados a este grupo de personagens que luta com todas as forças e armas para derrubar o fascismo moderno. Correndo para libertar imigrantes presos em locais semelhantes a campos de concentração, e perseguidos de volta, vemos pela primeira vez o diretor soltar as amarras dos dramas que consolidaram sua carreira e abraçar o cinema de ação de corpo e alma.

Foto: Warner Bros./ Reprodução
A maestria de PTA
Conhecido por filmes como Sangue Negro (2007) e Magnólia (1999), Anderson abandona a doçura de sua última obra, Licorice Pizza (2021), para expor as mazelas de uma sociedade em que manifestações abertamente fascistas voltaram a ser normalizadas. Se o passado sempre intrigou PTA, aqui é o presente que o convoca com um clamor de desespero. E, tal qual em Tarantino, não há espaço para meias interpretações, o filme coloca o pior dessas figuras de volta ao lugar de onde jamais deveriam ter saído.
O cineasta, também roteirista, adapta o romance Vineland, de Thomas Pynchon, obra que mistura sátira política, crítica cultural e humor ácido. Ambientado na Califórnia dos anos 1980, mas com flashbacks aos anos 1960 e 1970, o livro acompanha Zoyd Wheeler e sua filha Prairie em meio a ex-militantes radicais, agentes do FBI e figuras da contracultura, revelando como o sonho revolucionário foi corroído pela repressão estatal, pela televisão e pelo consumismo, retrato caótico e desencantado dos Estados Unidos.
Aqui, nada é poupado. Repressão policial, revolução armada, imigração, identidade, sexualidade, questões raciais, além de vilões que ecoam os arquétipos mais clássicos de Hollywood pós-Segunda Guerra Mundial. Tudo é jogado em um caldeirão de referências modernas e culturais, onde nem mesmo as peripécias de Tom Cruise escapam do roteiro afiado.
Leonardo DiCaprio se entrega novamente, desta vez em seu papel mais deliciosamente ridículo desde O Lobo de Wall Street (2013), de Martin Scorsese. Ele encarna um revolucionário caótico, vivendo uma sequência de falhas incorrigíveis, enquanto tenta se reconectar de alguma forma com a filha, interpretada por Infiniti.

Foto: Reprodução/ Warner Bros.
Um acerto após o outro
A narrativa segue uma estrutura de acontecimentos que escalam em desastres cada vez maiores, mantendo o espectador em permanente ansiedade. O ritmo, no entanto, nunca cansa, graças ao equilíbrio encontrado entre a calmaria de personagens como o Sensei Sergio St. Carlos (Del Toro) e a raiva contida do Coronel Steven J. Lockjaw (Sean Penn).
PTA também não teme abordar erotismo e sensualidade como parte central da trama, sem correr o risco de cair em polêmicas rasas sobre a necessidade de cenas de sexo no cinema. Aqui, a sexualidade é tratada como força motriz, ainda que inserida em situações absurdas em certos momentos.
As cenas de ação são filmadas e coreografadas com intensidade que remete à ação crua de Michael Mann em obras como Fogo Contra Fogo (1995) ou Miami Vice (2006). O resultado comprova que o talento de Anderson é ainda mais diverso do que sua filmografia já sugeria. Errado seria duvidar de um cineasta que, há três décadas, acumula clássicos modernos.
Visualmente, o longa é um deslumbre. Imagens que parecem pinturas em movimento, da luz urbana californiana às estradas desertas em perseguições memoráveis. São sequências que permanecem gravadas na memória do espectador.
A história se amarra de maneira extremamente satisfatória, conectando subtramas e personagens em pontos de tensão comuns, que mantêm qualquer um à beira da poltrona. Este é, sem dúvida, um filme para ser visto na maior tela possível.
Paul Thomas Anderson entrega aqui uma verdadeira obra-prima. Em sua primeira parceria com DiCaprio, que segue colecionando colaborações com grandes cineastas, o diretor constrói uma obra que diverte tanto quanto provoca. Nada escapa do olhar afiado do realizador sobre presente, passado e futuro. Uma Batalha Após a Outra é um dedo do meio erguido contra esses tempos de raiva, repressão e ansiedade generalizada que vivemos. Ao mesmo tempo que nos proporcionam as melhores três horas possíveis em uma sala de cinema. Difícil vai ser algum filme o superar nesta temporada 2025/2026.
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