Picolé Falcão é o novo Capelinha
Mesmo em tempos de crise generalizada, uma nova tradição se espalha pelas ruas de Salvador e reúne ambulantes e clientes em torno a uma nova confraria
“Picolé Falcão! Só paga um real! É Falcão! Falcão! Não é esses picolés aguados que vocês compram por aí não. Aqui é Falcão, verdadeiro sabor da fruta! Se não gostar não paga! Um real, venha”, o orgulho do vendedor ao anunciar seu produto no ponto de ônibus da Rótula do Abacaxi chama atenção. Orgulho assim não se via desde os tempos do Capelinha – cuja marca virou um verdadeiro sinônimo de picolé popular, chegando mesmo a ser falsificada, ou citada indevidamente nos anos 1980. Pois o novo Capelinha é o picolé Falcão, a marca que agora vale por um certificado de qualidade em seu segmento. “O melhor picolé de um real da cidade é esse aqui, não tem nem comparação”, garante Jacsom Bastos, eletrotécnico, saboreando um de amendoim.
Novo ícone a se espraiar por toda Salvador, Simões Filho e Lauro de Freitas, na verdade, o Falcão não é bem uma novidade, mas uma nova marca para um produto já tradicional, criando uma nova tradição. A história, aliás, demonstra bem a importância do marketing e deveria ser usada nas faculdades como ilustração. “Na verdade já existimos há 40 anos, mas se chamava JM. Apenas há cinco anos mudamos para Falcão, que é meu sobrenome. Inclusive, muitas vezes o pessoal anunciava como Capelinha e era o picolé daqui”, garante Luciano Falcão, dono da sorveteria, localizada na Avenida Argos (Pau Miúdo), verdadeiro QG de soldados do sabor, devidamente equipados com caixas de isopor a tiracolo que dali sairão para batalhas em ruas, ônibus, praças e praias.
Questionado pela reportagem do bahia.ba, Luciano explica melhor a história das marcas. “Veja bem, os picolés eram iguais, quadrados, não tinha embalagem identificando. O nosso era mais barato e melhor, então os vendedores pegavam aqui e vendiam como Capelinha, por ser uma marca conhecida na época. Mas agora a nossa própria marca, Falcão, está na boca do povo”, diz. Fábio Lúcio, que comercializa o produto há 12 anos, confirma: “É só gritar Falcão que a galera coça logo o bolso”. E Nudson de Jesus, bem mais jovem, explica o sucesso: “O amendoim é cremoso. A tapioca você sente o gosto do leite. É tudo da fruta mesmo, não tem caô. O sabor é bem melhor que os outros. Aqui é preço e qualidade. Falcão é o sucesso, todo mundo quer!”.
A difícil equação preço e qualidade é mérito da visão empresarial de Luciano, que fez questão de manter ambos. “Isso que ele faz por nós é coisa de irmão. Esse preço não existe, é para incentivar mesmo”, elogia o ambulante Renê Paixão, que prefere comercializar nos ônibus. “A disputa é preço. E os outros, em geral, não pensam muito na qualidade. Então, barateia, mas a qualidade cai”, explica Luciano Falcão, ao garantir que criou uma linha de produção para atender à demanda de R$ 1 sem tornar o picolé aguado. “Se você gosta de chupar picolé bom por um real, agradeça a esse homem”, completa Renê. Outro diferencial é o uso de frutas naturais (não essência), no caso dos sabores de fruta, e a não adição de conservantes artificiais. Toda produção é acompanhada pela nutricionista Lucídia Contreiras.
“O picolé daqui é tão bom que o de açaí, por exemplo, o pessoal que faz academia, como eu, chupa como complemento. A gente usa açaí puro e granola Tia Sônia. Chupa dois e garante aquela energia”, diz ela. E o metalúrgico Homerson Miranda lembra como tomou conhecimento do picolé Falcão, há quatro meses. “Eu tava no ponto de ônibus, em Plataforma, o cara chegou fazendo uma agonia da zorra, gritando ‘Falcão, Falcão’, e dizendo que não tinha como não gostar do picolé. Eu experimentei e gostei mesmo. Agora só quero saber deste”, diz. E Maria Souza, estudante, é categórica: “Quando chega o vendedor falando ‘picolé embalado’ eu nem tchun. Porra de picolé embalado… Todo picolé hoje em dia é embalado. Eu só me movo quando ouço Falcão”.
O sucesso crescente tem feito inclusive com que alguns picolés sejam anunciados como Falcão, sem ser. “Já comprei falsificado. Falsificado não… não sei… Mas não era Falcão e foi vendido como se fosse. Eu até liguei para a fábrica pra reclamar”, diz Gilvan Sicupira, motorista. Luciano explica que às vezes o vendedor continua usando a caixa de isopor plotada com a marca, mas passa a comprar em outro lugar, por diversas questões, e anuncia Falcão para vender mais rápido. Um ponto fraco é que as embalagens dos picolés de um real não vêm com o nome escrito. “Mas se você me der um de outra marca dizendo que é Falcão, eu reconheço na mesma hora”, garante Nudson. Do mesmo segmento, de um real, a única marca apontada pelos vendedores como capaz de “dar testa, às vezes” ao Falcão, é justamente a Real.
No verão, a Sorveteria Falcão chega a vender 25 mil picolés por dia. Já na baixa estação as vendas caem para 8 mil unidades, em média. O maior mérito da marca, contudo, é manter acesa a tradição de orgulho pela produção popular, incorporando em sua marca signos que superam os aspectos comerciais e atingem as esferas familiar e lendária – assim como fizeram, em suas épocas, o refrigerante Fratelli Vita e o próprio picolé Capelinha. “É capaz de, no futuro, Falcão ser um jeito de dizer picolé em Salvador. É assim que as coisas começam”, reflete a socióloga Jaiana Menezes. Como quer que seja, essa soma de som e sabor vem tornando ônibus, pontos de ônibus, balcões, filas, repartições públicas, ruas e demais lugares/situações cotidianos em espaços encantados como em uma obra de Nelson Rodrigues. E por apenas um real. Você já chupou o seu?
Mais notícias
-
Evento
18h30 de 01 de dezembro de 2024
Boca de Brasa terá programação artística e cultural gratuita em dezembro
Apresentações ocorrerão de 3 a 15 de dezembro, em diversos espaços de Salvador, com 56 sessões gratuitas e abertas ao público
-
Famosos
13h30 de 01 de dezembro de 2024
Sem modéstia, Ivete Sangalo afirma ser a maior cantora do Brasil
“Também acho, humildade nenhuma eu tô tendo ultimamente”, declarou a artista
-
Famosos
12h00 de 01 de dezembro de 2024
Show do grupo Menos é Mais é interrompido por causa de briga e tiro
Uma pessoa supostamente baleada precisou ser atendida pelo Corpo de Bombeiros
-
Famosos
11h00 de 01 de dezembro de 2024
Juliette é pedida em casamento durante festa de aniversário
Kaique, que é atleta de crossfit, já havia feito o pedido em particular para a campeã do BBB21
-
Famosos
12h45 de 30 de novembro de 2024
Luan Santana adia lua de mel para esperar o nascimento da filha Serena
O parto da filha do casal está previsto para janeiro
-
Famosos
12h12 de 30 de novembro de 2024
Designer de moda acusa Diddy de ameaças de morte e abuso emocional
A ação foi movida em Los Angeles, e Bongolan busca uma indenização de US$ 10 milhões
-
Famosos
11h51 de 30 de novembro de 2024
Eliezer atualiza fãs sobre a saúde de Ravi e pede empatia
"Está muito bem"
-
Internet
11h30 de 30 de novembro de 2024
YouTube exibe falsas lives de apostas do ‘tigrinho’ voltadas ao público infantojuvenil
Nas últimas semanas, foram identificadas uma média de 20 transmissões simultâneas, alcançando até 340 mil espectadores ao mesmo tempo
-
Famosos
11h14 de 30 de novembro de 2024
CPI das apostas pode recolher passaportes de Deolane Bezerra e Gusttavo Lima
A comissão tenta entender se houve colaboração com esquemas fraudulentos ou desinformação ao público
-
Famosos
10h57 de 30 de novembro de 2024
Mari Fernandez fala sobre perda de peso e saúde: ‘Agora como muito melhor’
"Eu não gostava de treinar, e agora sou completamente apaixonada por malhação"