Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA
Vivendo do Ócio alça voo livre de volta à Bahia em novo disco
Após cinco anos, a banda lança Hasta La Bahia, celebrando raízes e groove em show gratuito no Rio Vermelho nesta sexta (26)

Foto: Vic Zacconi/ Assessoria
A banda baiana Vivendo do Ócio (VDO) retorna às raízes soteropolitanas no novo álbum Hasta La Bahia, lançado na última sexta-feira (19), em todas as plataformas digitais. O grupo também fará show gratuito em Salvador nesta sexta (26), no Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, às 19h30, pelo Festival da Primavera 2025.
Para celebrar o evento e o novo disco, o bahia.ba conversou com o vocalista e guitarrista do VDO, Jajá Cardoso, que também assinou a ilustração do novo trabalho. Mas como bandas emanam coletivo, Luca Bori no baixo e segunda voz, Davide Bori na guitarra, e Gabriel Burgos na batera acompanham, para formar um dos sons mais icônicos do rock baiano contemporâneo.
O quinto álbum de estúdio chega cinco anos após o último trabalho homônimo, Vivendo do Ócio, e conta até com parceria do ex-Titãs, Paulo Miklos. Para Jajá, há dúvidas se foi, de fato, muito tempo afastado. “Esse tempo, não sei se foi demais, foi complicado, a gente não sabia quando a pandemia ia acabar, o disco tava pronto, cancelamos turnê, então até como uma forma de alivio para o nosso publico, decidimos lançar o quarto album, então vieram momentos de mudanças depois que passou tudo aquilo”, esclarece.

Me deu saudade da Bahia
Os integrantes moravam em São Paulo há cerca de 11 anos, quando sentiram a necessidade de voltar para a cidade natal. “Quando os aeroportos abriram eu voltei a morar em Salvador. Os caras já tinham voltado a morar aqui um pouco antes da pandemia. Então, durante a mudança de cidade, estávamos em um momento criativo, em que precisávamos colocar a banda nos eixos novamente, porque o fato é que a indústria musical foi uma das mais atingidas no período”, contextualiza o vocalista.
Além da situação mundial conturbada, em 2023, houve a saída do ex-baterista Dieguito Reis, que foi sucedido por Burgos. Para Jajá, o grande intervalo entre lançamentos também se deve a uma vontade de realmente amadurecer as oito músicas que viriam a compor o novo trabalho.
“O Gabriel somou muito bem para nós. Esse período foi um caminho de reestruturação da gente, de nos sentir pertencentes a Salvador de novo. Eu acho que tudo isso foi somando às novas músicas e o Hasta La Bahia foi nascendo de uma triagem desses sons que a gente foi resgatando, e aí a gente foi filtrando e chegou nessa seleção”, pontua.
Para além da reconexão com a terra, o novo trabalho também foi produzido totalmente em solo soteropolitano, o que pode ser bastante refletido nos sons dançantes de faixas como Baila Comigo, a homônima Hasta La Bahia, e Não Tem Nenhum Segredo, que bebem de muitas influências cheias de groove.
“Ter voltado a morar aqui perto da família novamente, dos amigos, influenciou totalmente as composições. Uma das coisas principais é a sensação de pertencimento à cidade. É massa ser baiano. Eu sempre falo com os meninos sobre isso. Nós somos privilegiados, porque nós nascemos no berço da música no Brasil. E podemos misturar o som que a gente faz, experimentar o que quisermos, que não soa forçado”, celebra o cantor.
O rock swingado de VDO
Mesmo com o espírito mais próximo da soul music, do groove do funk norte-americano, durante os 28 minutos do novo lançamento, a banda jamais perde a veia do rock que lhes deu projeção nacional, sem deixar de realizar experimentações sonoras neste caldeirão de referências.
“Nós sempre tivemos essa parte dançante, mas esse trabalho é muito fruto do amadurecimento, não tem tantas coisas fora do que a gente já transitava. A gente vai se alimentando de novas referências até fora da música. Mas eu acho que esse lance dançante tá enraizado mesmo na gente, tipo a guitarra swingada que eu toco, vem desde meu inicio como guitarrista, a primeira banda que toquei era de pagode no final dos anos 90”, explica Jajá.
O vocalista também diz que sua primeira banda foi de pagode baiano, mostrando que a influência da sua guitarra é uma mistura dessas experiências com a música mais urbana, além de também já ter se aventurado na percussão.
“Esse swing somado às referências baianas e o rock pós-punk, alternativo, britânico, que também tem um lance dançante. Então, acho que essa coisa pulsante que a gente tem vem daí, dessa mistura de influências da Bahia com a Europa”, brinca.
Trabalho colaborativo
Em Hasta La Bahia, a banda prova, mais uma vez, a capacidade de trabalhar com diversos colaboradores, seja dividindo as composições ou até recebendo verdadeiros Titãs da música nacional, com o perdão do trocadilho. Aqui, os vocais são divididos em Baila Comigo, com o paulista Paulo Miklos; com a também baiana Jadsa, em Não Tem Nenhum Segredo; e o conterrâneo Martin Mendonça, em O Lobo da Estepe.
“A gente sempre gosta de abrir espaços para compor com os amigos, fazer parcerias. Eu acho que a música, quando vem de uma forma coletiva, sempre fica melhor. O som da Vivendo do Ócio surge de algum lugar, ou comigo, ou com o Luca, ou juntos com o Burgos agora. Mas quando a gente entra no estúdio, ela se torna de todos nós. Cada um soma à sua forma”, abraça o cantor.
Porém, contar com a participação de um ex-Titãs não é pra qualquer um. Segundo Jajá, o cantor que entrou para a história da música nacional, além de grande ator, já era fã das antigas do som de VDO e foi uma grande honra contar com a sua participação.
“Ele é uma referência para nós, foi uma surpresa saber que ele curtia nosso som, ele já tinha dado entrevista uma vez para uma revista de grande circulação, falando que a música de amor preferida de rock dele era Amor e Fúria (do primeiro disco, Nem Sempre Tão Normal, 2009). Tempo depois tocamos na Concha Acústica juntos e nos conhecemos, talvez essa parceria deveria ter rolado faz tempo, mas as coisas acontecem quando tem que acontecer”, comemorou.
“Um amigo nosso que trabalha com ele diretamente conectou a gente e ele topou na hora. Ele falou ‘vamos lá, vamos nessa, vamos gravar’. E, poxa, foi uma alegria insana. Às vezes a gente nem acredita nas coisas que a vida proporciona. A gente ficou muito feliz. E tudo isso também é o fruto do nosso trabalho, da nossa dedicação. E ser notado e respeitado por Paulo Miklos é uma conquista também pra gente”, acrescenta Jajá.

O Lobo da Estepe
Para além das influências musicais, a literatura foi peça essencial para a composição da penúltima faixa do disco, O Lobo da Estepe, que bebe diretamente da fonte do livro homônimo do alemão Hermann Hesse (1877-1962), romance que explora temas como solidão, alienação, arte e a busca por sentido em meio às contradições da vida moderna.
“Essa música nasceu de uma forma como eu nunca tinha feito antes. O processo de composição dela veio com a melodia primeiro com uma pré-produção feita num programa de gravação. E eu costumo fazer o contrário, muitas canções eu só escrevo e depois eu vou musicar. Dentro dessa concepção sombria, fiquei tentando encontrar um tema que se ajustasse”, relembra o vocalista.
“Eu comecei a escrever algumas coisas, mas não gostei, então parti para uma ideia completamente nova, lembrei do Lobo da Estepe, um livro que foi muito marcante pra mim, mudou meu comportamento e eu era muito novinho, eu tinha uns 17 anos. Já li mais de uma vez e decidi escrever sobre como me senti e o que absorvi da história, então, convidei meu grande parceiro Martin. Já tínhamos escrito juntos outras vezes e casou perfeitamente essa união”, pontua Jajá.
20 anos de Vivendo do Ócio
Em 2026, serão celebrados 20 anos que o grupo nasceu em Salvador. Para Jajá, será um ano especial, de muitas comemorações, shows especiais, além de músicas inéditas a serem lançadas. “A galera pode esperar que vai vir música, vai vir show. O que não vai faltar é novidade”, promete.
Para o show do Rio Vermelho desta sexta-feira, o público será agraciado com várias músicas novas no repertório, apesar de não ser um show propriamente de lançamento do disco. “Mas vai ter a maioria das músicas do Hasta La Bahia. Como é um show na praça, a gente preparou uma sequência especial, misturando as mais pedidas dos outros discos. Vamos tocar as novas, vamos ter participações especiais. Vai ter a presença de Martin (Pitty), André T que produziu nosso álbum nos teclados e o nosso grande parceiro Ricardo Correia na percussão, que também gravou as linhas do disco”, concluiu Jajá Cardoso.
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