Publicado em 11/02/2022 às 21h40.

Bailinho de Quinta fala sobre retomada de shows e apresentação intimista no Hidden

Banda conversou com o bahia.ba sobre desafios da pandemia e possibilidade de acontecer o Bailinho à Fantasia neste ano

Vitor Silva
Foto: Caroline Paternostro
Foto: Caroline Paternostro

 

Em entrevista ao bahia.ba, os integrantes da banda carnavalesca Bailinho de Quinta, Juliana Leite (cantora), Graco Vieira (guitarrista) e Thiago Trad (baterista), falaram sobre show intimista no Hidden que acontecerá no próximo domingo (13), novidades no repertório, principais desafios de trabalhar como artistas independentes e possibilidade de acontecer o Bailinho à Fantasia ainda neste ano. 

Retomada de shows  

Graco: Para a gente realmente foram dois anos difíceis por conta da pandemia, não só difíceis por motivos no sentido social, mas difíceis também enquanto trabalho, enquanto artistas, para mim pessoalmente foi complicado produzir arte, então com essa retomada, as propostas dos protocolos começaram a ficar um pouco mais possíveis, as coisas começaram a voltar. Estou super feliz, preparamos um repertório novo, começamos a ensaiar. Foi uma preparação com muita ansiedade, com muita vontade de voltar a encontrar o público, e desde o início, sempre o Balinho é um projeto muito consciente do seu papel. Estamos tendo muito cuidado com os protocolos de saúde, a gente seguiu muito à risca, tendo cuidado com o público e com a gente, é um cuidado que a gente leva para nossa família. Tivemos essa retomada que foi maravilhosa, os shows foram lindos, uma energia incrível. Quando teve essa segunda onda a gente precisou se recolher um pouco mais, por conta dos cuidados, achamos que era necessário segurar um pouco mais para que as coisas se acalmassem, e agora de novo uma nova retomada e a expectativa é maravilhosa.  

Juliana: Todo esse tempo desde o início da pandemia precisamos interromper nossas atividades, nós trabalhamos com arte, então mantemos isso nos adaptando. Chegamos a fazer algumas lives no período do carnaval no ano passado, experimentamos essa forma de adaptação que é positivo. Todos nos reinventamos nesse período, mas com certeza o Bailinho é uma festa que existe muito com essa troca do público, então é outra coisa quando a gente volta presencialmente. Com toda alegria de estar de volta tem também um pouco de susto, porque tanto tempo de isolamento, tanto tempo sem estar com tantas pessoas presentes, não é uma realidade normal ainda, mas diante das permissões de uma situação, conforme toda organização permitida de quantidade de público, a gente conseguiu voltar e as pessoas estavam lá dispostas e entregues nesse reencontro. 

Novidades no repertório 

Thiago: O Bailnho ao longo dos anos sempre teve essa atualização do repertório como uma demanda da festa, o próprio público vai dando esse termômetro para a gente das músicas que estão funcionando. Na pandemia tivemos mais tempo de poder fazer uma pesquisa e trazer outros elementos. O Bailinho nasceu de uma pesquisa histórica que teve um primeiro recorte logo em 2009 quando começamos os primeiros ensaios e de lá para cá muita coisa mudou, continuam as marchinhas, os frevos, o clima carnavalesco. O Bailinho foi criando uma linguagem própria por ser um projeto que nasceu de uma forma muito natural, espontânea, que começou pequenininho tocando para poucas pessoas até chegarmos nesse momento onde transformamos num carnaval, com isso começou a caber outros gêneros, outras músicas começaram a entrar, como nesse momento agora pós pandemia, a gente começou a fretar com samba reggae, trazendo algumas músicas do Olodum, algumas coisas da Timbalada, que não é exatamente o samba reggae, mas está nesse universo do carnaval, dos blocos afros, dialogando um pouco com esse carnaval do samba reggae, e também as lambadas que a gente não tocava. Incluímos algumas artistas como Margareth Menezes, Moraes que é um dos pilares do Bailinho, que está desde o início com a gente, assim como Dodô e Osmar, Caetano, Chiquinha Gonzaga, que lá ainda no século retrasado começou a trazer a mulher compositora para o carnaval, ‘Abra Alas’, uma música que sempre teve no repertório. Mas também tem uma versão dos Titãs, versão de Duda Beat, pop eletrônico, Vanessa da Mata e outras novidades. O Bailinho agora tem um equilíbrio de músicas compostas por mulheres, que é algo não tão comum no ambiente carnavalesco.  

Artistas que o Bailinho quer dividir o palco 

Juliana: Caetano Veloso, com certeza gostaria de dividir o palco com ele. Gal Costa que está no nosso repertório de forma essencial, esses dois artistas são o ápice do repertório para mim. Mas tem uma galera moderna como Duda Beat que as pessoas amam quando tocamos, eu gosto muito de cantar a música dela porque causa algo diferente na plateia.  

Thiago: Gostaria muito de dividir o palco com Margareth, seria uma coisa legal, ela teve aquela história com os mascarados, com Carlinhos Brown também daria seria uma coisa carnavalesca, uma coisa Bahia.  

Graco: Eu incluiria Elba Ramalho também, é uma super cantora, tenho admiração. Falando em gênero, eu acho que além para os pesos das marchinhas, o Bailinho sempre foi muito passional, a gente toca o que a gente gosta, a gente faz o que a gente se diverte, então acho que as lambadas, as guitarradas e o samba reggae são os gêneros que combinam bastante com o repertório, tem um diálogo com essa coisa do carnaval.  

Desafios de trabalhar como produtores independentes  

Graco: O desafio é enorme. O mercado da música mudou, eu já trabalho com música há muito tempo, são mais de vinte anos de música, o mercado foi exigindo cada vez mais que o artista atue como produtor ou como empresário, ou que tenha o mesmo olhar de empresário e de produtor. A gente trabalhou com muitos produtores, com muita gente legal. O Bailinho tem uma história de parcerias muito bem sucedidas, mas a gente continuou naturalmente, foi algo natural de fazer nossa própria festa, criar nossa própria identidade. Isso tudo faz parte de ter uma entrega para o público com a nossa cara, com a nossa assinatura. Foi um caminho muito natural, eu nunca só toquei, eu nunca só fui artista, eu sempre produzir, sempre estive nessas duas frentes. É um caminho muito natural, não é um caminho fácil, é um caminho muito doloroso, muitas vezes você abre mão da parte artística porque tem que fazer a parte burocrática. Não é uma batalha fácil, você tem que aprender muito sobre mercado, tem que entender sobre as ferramentas, tem que saber desde a parte contábil desde a parte de como se divulga, como atrai o público. É uma tarefa muito disciplinar que a gente encara com alegria e vem fazendo todos esses anos. O Bailinho está cada vez melhor, a entrega é mais bonita e a gente ver isso no sorriso do público.  

Produzir na retomada  

Graco: Está sendo tenso. Fomos aprendendo, errando acertando e agora temos que lidar com um panorama totalmente diferente, então fomos estudar sobre esse panorama para saber como conseguiríamos fazer essa entrega com segurança, como fazer para o repertório funcionar, mas ao mesmo tempo o desafio é necessário para o momento, mas estamos encarando com coragem. Quanto mais antecedência você consegue produzir, melhor sai o resultado. O tempo foi ficando cada vez mais curto com a pandemia, o maior desafio da pandemia é não poder planejar as coisas com antecedência maior.  

Como conciliar a rotina familiar com o trabalho artístico  

Juliana: É muito cansativo, é uma gincana, eu e meu marido somos músicos, a gente reveza o tempo todo. Música e arte exigem muito tempo da gente, tempo de dedicação, e você trabalhar em si as suas necessidades de instrumento, da voz, do intelectual, isso é muito difícil. Eu sempre tive mais facilidade com um trabalho dirigido atendendo demanda do que uma demanda de si própria, dividir as multitarefas de filho com isso é bem desafiador, mas a gente vai aprendendo a ser resiliente, dá prioridade, trabalhar com o que é possível. Meus exemplos são mães, eu não consigo olhar para alguém que consegue fazer mil coisas que não tem filho, então não posso me comparar com uma pessoa dessa, dou muito valor a quem consegue fazer tudo isso tendo filho.  

Thiago: No meu caso está sendo bastante desafiador, porque é muita dedicação, primeiro ano da criança. Agora sou pai, produtor, músico, estudante e família. Gerenciar o tempo é algo muito desafiador e com a pandemia realmente mexeu com as normas. As novas relações a partir dos protocolos gerou uma nova forma de se conviver em sociedade. Estamos tendo que entender como ficou o tem que já era escasso, agora ficou ainda mais escasso, estou começando a entrar nessa fase, ainda está caindo a ficha. As mulheres nem se falam porque ainda tem a demanda da amamentação e o homem tem outras demandas, mas de uma forma geral acho que é questão de prioridades, começamos ver o que vai ser prioridade daqui para frente, o Bailinho é a minha vida, são treze anos que nos dedicamos quase diariamente, chega no verão a gente mergulha no projeto, é um filho também, dá trabalho. O grande desafio do Bailinho é levar alegria para as pessoas.  

Carnaval 2023  

Graco: O Bailinho à fantasia é o momento mais importante para a gente como banda, como projeto, como artista. É muito importante fazer o Bailinho à Fantasia, seja onde for, seja como for ele vai acontecer. Com segurança, respeitando os protocolos, tomando todos os cuidados, mas que a gente possa brincar com segurança, com toda alegria que o Bailinho à Fantasia trás, o público pode esperar porque vai acontecer com certeza.  

Show Intimista no Hidden  

Graco: O Hidden oferece outro tipo de serviço ao cliente, um ambiente muito aconchegante, de autosserviço. Local acolhedor que explora pontos estratégicos da cidade com a vista muito bonita. O Bailinho trás o evento com o formato de um público menor, não dá pra ser a banda completa com aquela pressão sonora, mas ao mesmo tempo tem a mesma alegria, a mesma vibe. É para dançar. Por ter uma banda menor dá possibilidade de a gente explorar um pouco mais, cantar uma música que a gente não toca há muito tempo, a coisa pode ser mais dinâmica, dá um pouco mais de liberdade a gente. O público pode esperar esse tipo de surpresa.  

Show no Pierrot com Gerônimo 

Thiago: Vamos tocar com Gerônimo que a gente super admira, temos carinho e respeito. Sempre cito Gerônimo no patamar de Jorge Amado, de Caribé. É um cara que constrói a identidade da Bahia. Sempre dividimos o palco com ele e poder estar com ele mais uma vez no Baile Pierrot já uma celebração em si. Tocar no Santo Antônio Além do Carmo que é um espaço que a gente adora, que sempre nos acolheu com muito carinho, muito respeito. Gerônimo, Bailinho e uma fanfarra, as pessoas podem ir, a festa vai ser super alegre e segura.  

Projetos futuros  

Thiago: A gente está ainda muito mergulhado nessa coisa do verão, que está um verão muito atípico. O Bailinho tem um projeto de São João, muito provavelmente o próximo mergulho do bailinho será um forrozinho que acontece em maio e junho, bem pontual, depois os preparativos para o próximo verão, que vai ser de expectativa que este ano seria o verão da retomada, primavera, infelizmente não foi, acho que as pessoas vão estar no clima muito mais festivo no próximo ano, querendo realmente estar com o coletivo, pós vacina, pós toda transformação que o mundo passou, está passando e continuará. A pandemia trouxe realmente uma ruptura no tempo que a gente ainda não sabe, então é difícil fazer muitos planos. A gente sempre planejou muito porque nossas temporadas são muito especiais, mas acredito que ano que vem terá surpresas sim. Já estamos conversando como vai ser os próximos anos.  Na hora certa vamos poder divulgar notícias que vão ser a grandes novidades. Agora estamos focados no carnaval desse ano que recebemos a notícia agora que poderemos fazer. Nosso projeto do futuro é o Baile à Fantasia ainda esse ano, vamos fazer de uma forma bacana. 

Mensagem para fãs que ainda não se sentem seguro em ir para eventos  

Graco: A mensagem começa com vacina, vacina é a palavra-chave. Por favor se vacinem. Do lado de cá estamos fazendo as coisas da forma mais segura possível, seguindo todos os protocolos, todas as orientações da ciência e ao mesmo tempo a gente tem o maior respeito que cada um chegue no seu tempo e curta. Se você está muito afim de ir para o Bailinho e não deu para ir, pede a um amigo para filmar, compartilhar as coisas que a gente divulga, isso ajuda muito o projeto, cada um no seu tempo, vamos chegando devagarzinho. Mas a vacina é a palavra-chave. Se vacinem e podem vir no Bailinho que está muito seguro, estamos cumprindo tudo direitinho.  

Juliana: Cada um seguir seu coração, estando vacinados, cada um no seu tempo, essa hora vai chegar da gente curtir juntos, mas acompanhem a gente nas redes sociais, interajam com a gente que mesmo de longe gostamos desse contato.  

Thiago: A grande questão é respeitar seu tempo, contem com a gente, o Instagram do Bailinho a gente vem movimentando bastante, a gente responde muita coisa, estamos sempre atentos ao público e cada vez mais usar essas ferramentas de uma forma interativa, exatamente com esse público que estar mais em casa, carente, precisando de uma notícia boa, de uma coisa leve, uma das missões do bailinho é essa, levar leveza, descontração. Nosso Instagram está sempre ali trazendo uma postagem interativa, até que essas pessoas se sintam à vontade para ir aos nossos shows abraçar a gente novamente.  

Vitor Silva

Repórter de entretenimento, mas escrevendo sobre política, cidade, economia e outras editorias sempre que necessário; tem experiência em assessoria, revista, produção de rádio e social media

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