Denny Denan: ‘Sou muito grato à Timbalada, vou levar para sempre no meu coração’
Em entrevista ao bahia.ba, o cantor, que entra em seu terceiro ano de carreira solo, afirma não se incomodar com a associação ao grupo que formou sua carreira musical; "Agora é claro que a minha carreira vai se fazendo paralelamente"
Atenção, senhores passageiros com destino ao Carnaval de Salvador: preparem a pintura corporal, o glitter e muita água (ou cerveja, se preferir). O ‘comandante’ Denny Denan promete proporcionar uma experiência única na folia de 2020. Apertem os cintos, a TURBINA está ligada, e o avião vai decolar.
É neste clima que o cantor Denny Denan entra no verão 2020. A introdução, uma referência à nova música de trabalho do artista, Turbina, composição de Tierry, também pode ser interpretada como uma nova fase na carreira o ex-timbaleiro, ou melhor, eterno timbaleiro. “Me perguntam sempre: ‘Ah, Denny, mas você vai cantar para sempre as músicas da Timbalada?’. Para mim, é o mesmo que dizer para Ivete Sangalo que ela não pode cantar as músicas da Banda Eva. Isso não pode acontecer”.
O momento é de alçar novos voos para o artista, que está em seu terceiro ano de carreira solo. Em conversa com o bahia.ba, ele falou sobre como vem sendo a preparação para a folia após o susto no último Carnaval, e revelou estar com grandes projetos para 2020, entre eles a gravação do seu primeiro DVD. Confira:
Você acaba de lançar o clipe da música ‘Turbina’, sua aposta para o verão e para o Carnaval. Fale um pouco mais sobre ela…
Essa música tem uns 10 anos, tava lá em casa guardada. Tierry foi lá em casa uma vez fazer algumas composições, mas ela ficou ‘jogada’, até que um dia eu falei: preciso de uma música para o verão, e eu lembrei dela. A gente tem mania de falar que as pessoas estão ‘ligadas no 220’, na turbina do avião, e a música é nesse sentido. O clipe foi voltado mesmo para esse universo de muitas cores, voltado para a Bahia e para o Carnaval. Foi gravado aqui em Salvador, em um dos hangares do Aeroporto e contou com um corpo de ballet.
Já faz um tempo que uma música de axé não ganha o título de ‘Música do Carnaval’. Como você analisa esse cenário?
Eu acho que tudo é música, tudo é Bahia. Essa é uma visão particular minha, mas acredito que não tem esse apartheid de pagode e axé music. Tudo veio da percussão. A gente tem um grande pai de tudo isso, na verdade, pais, que são as entidades percussivas, que já estamos cansados de saber quem são elas, que deram origem a tudo isso. O bom é que é tudo feito aqui, made in Bahia. Então acho que a gente não pode nunca ter essa visão de dividir. Eu nunca fiz uma música para ser a ‘música do Carnaval’ nem quero fazer. Acho que a música não tem que ser do Carnaval, ela tem que ser do povo. Existe uma indústria de querer esse título, mas quem escolhe é o povo. É uma coisa orgânica, existe interesse de vários lados, mas acho que o principal é o interesse de quem curte.
Qual a sensação de voltar ao Festival de Verão, agora em um novo momento da carreira?
É uma delícia. Depois de muito tempo fora, está sendo muito bacana retornar a esse evento. Eu sou uma pessoa que não consigo ficar parado, acho que isso é muito do artista, a gente quer sempre estar produzindo. Cantei no Festival Virada, entrei nos 45 do segundo tempo, a convite do próprio prefeito, e aquilo deu uma reviravolta danada nesse começo de ano. Cheguei lá achando que o espaço estaria vazio. Fui a última atração, e fui pego de surpresa com o público ainda presente querendo festa.
Em 2019 você foi pego de surpresa com a internação, momentos antes de estrear com o ‘DD no Comando’. Como você vem se preparando para o Carnaval?
É até bom falar sobre isso, para que as pessoas saibam logo de vez. Eu nunca comentei sobre isso, não sou muito polêmico, e às vezes as pessoas me perguntam de uma forma pejorativa, por isso acabo não falando muito. Mas eu não tenho nenhum problema, sou uma pessoa muito saudável. O que eu tenho é uma doença congênita, uma ponte miocárdica, uma das veias nasceu por dentro do coração. Em tempo de estresse, no Carnaval e principalmente agora em carreira solo, que eu resolvo bastante coisa, aquilo me estressou muito e eu acabei tendo um princípio de infarto. O que me tirou seis shows, segunda e terça-feira de Carnaval. Eu nunca tive uma preparação exclusiva para o Carnaval, porque eu tô sempre fazendo algum exercício, capoeira, eu corro, malho, ando de bicicleta, estou sempre fazendo algo para a minha saúde, é orgânico e natural. Nessa época de festa, eu normalmente dou uma segurada.
E como está a expectativa para colocar o bloco na rua?
Tá muito grande. O bloco já está com 95% vendido, o que é um número ótimo, principalmente nesse momento de Carnaval. Além da minha expectativa, tem a ansiedade também do povo que me esperou e acabou não acontecendo ano passado, e esse ano triplicou. É tanto que nos ensaios que eu faço na quarta-feira no Pelourinho todo mundo só fala disso.
Querendo ou não, a figura Denny ainda é muito associada à Timbalada. Isso te incomoda? É algo que você tenta desvincular?
Tem que falar sobre a Timbalada. Eu exijo até que fale sobre a Timbalada. Tem uma coisa no mundo maravilhosa que se chama gratidão, eu sou muito grato à Timbalada. Não tem para onde correr. Eu passei o maior tempo da minha vida na Timbalada. Foram dos 12 anos. Não vou dizer porque ai vocês vão saber a minha idade (risos), mas foi muito tempo, e tudo que eu vivenciei artisticamente foi lá. Então, por que não falar sobre isso? Vou levar a Timbalada sempre no meu coração, na minha mente, nos meus shows. Me perguntam sempre: ‘Ah, Denny, mas você vai cantar para sempre as músicas da Timbalada?’ Para mim, é o mesmo que dizer para Ivete Sangalo que ela não pode cantar as músicas da Banda Eva. Isso não pode acontecer. Agora, é claro que a minha carreira vai se fazendo paralelamente.
Muito se fala sobre o esquecimento da axé music, por não ser um ritmo com destaque nacional em todas as épocas do ano. Você percebe essa movimentação?
Não é que o Axé acabou, até porque o Axé nunca vai se acabar. Axé significa luz, e por mais que tenha a noite, no outro dia a gente tem a certeza de que o sol vai raiar. Acredito que seja uma coisa momentânea, como acontece em qualquer gênero. Eu acho que o Axé vai voltar de uma outra forma, com uma outra musicalidade, que até a gente mesmo ainda não sabe. Então essa história de que o Axé acabou, para mim, não vai para frente. Eu acho que a gente tem que fazer música, seja axé, sertanejo, seja o que for. Sou a favor de a gente levantar nossa bandeira, mas precisamos entender que o que passou, passou, e que agora a gente tem que vir com outro tipo de pensamento e quem sabe lá na frente não surge um novo tipo de música baiana.
Em 2019 você falou sobre a possibilidade da gravação de um DVD, que acabou não rolando. Em 2020 os fãs vão contar com esse lançamento?
Sim. A gente estava tendo esse namoro com a Salvador Produções, e quando essas coisas acontecem, acabam mudando um pouco o rumo das coisas. Mas em 2020, sim, vai sair o DVD. A gente só não sabe ainda qual a data, mas esse ano sai.
E o que os fãs podem esperar de Denny em 2020? O começo do ano já foi muito movimentado com participações no Festival Virada, agora com O Festival de Verão, os Encontros de Verão de casa cheia, lançamento de clipe…
Os fãs podem esperar um Denny inquieto. Eu tô com um EP chamado The Legacy, que tem várias facetas minhas, uma mescla mesmo. Tem rumba, salsa, música para frente e romântica, tem até uma música gospel. Depois do Carnaval eu vou para a Rússia gravar esse corpo de orquestra para a música gospel lá. Ele deve sair antes do DVD.
ONDE ENCONTRAR DENNY DENAN
Você não vai precisar esperar até o início oficial da folia em Salvador para curtir o som de Denny Denan. A festa na capital baiana começa antes mesmo da entrega das chaves da cidade ao Rei Momo, e com o cantor não seria diferente. Denny realiza a última edição dos ‘Encontros de Verão’ na quarta-feira (29), com participações das bandas Ara Ketu e Parangolé, além de estar presente no segundo dia do Festival de Verão, 2 de fevereiro, encerrando a programação do Palco Dique. No mesmo dia, o artista se apresenta na festa Filhos do Mar, ao lado das bandas Filhos de Jorge e Psirico, no Estacionamento Sol Park, no Rio Vermelho.
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