‘Precisamos estar alertas para as questões políticas no nosso país’, afirma Margareth Menezes
Em entrevista ao bahia.ba, a cantora falou sobre carnaval 2022, posicionamento político nas redes, pandemia e projetos futuros
A dona da voz que inicia o “eu falei Faraó” conhecido por todo Brasil, protagonista de uma série de TV exibida em continente africano, premiada artista do axé music com direito a indicações ao Grammy, e integrante da lista dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo. Com certeza você adivinharia quem é a entrevistada do bahia.ba mesmo sem imagens desde a primeira dica.
Conversamos com Margareth Menezes sobre a série “Casa da Vó”, protagonizada por ela e feita por realizadores negros para falar diretamente sobre questões da comunidade que passou a ser exibida na África.
Falamos também sobre as perspectivas para o Carnaval 2022, após ela afirmar que não acredita que o Carnaval de 2022 será na rua e os eventos que vem acontecendo em Salvador neste período de pandemia.
Ainda conversamos sobre os posicionamentos políticos de artistas nas redes sociais, participações em programas televisivos e próximos lançamentos.
Como você recebeu a novidade de que ‘A Casa da Vó’ será exibida no continente Africano?
Foi muito bom! Recebi com muita alegria a continuidade e o desenvolvimento desse projeto que é o WoloTV de se expandir cada vez mais. Eu acho que o pensamento do Licínio (diretor da série), de toda equipe é justamente esse. E muito feliz mesmo porque, primeiro, sou a protagonista da ‘Casa da Vó’, é uma coisa que os meninos tinham essa direção, buscaram essa direção e agora tá se consagrando. A série é muito legal tem muitas mensagens interessantes da convivência da família afro-brasileira e também de todos os nossos conflitos, mas vistos de maneira madura, uma boa maneira de se posicionar, de reagir a questão do preconceito e da discriminação que existem na nossa sociedade. Então tô muito feliz, realmente uma boa notícia! Agradeço muito a Licínio e todo pessoal da WoloTV por ter me dado esse presente e ter me convidado.
Você já disse que não acredita que o Carnaval 2022 será na rua. Caso haja flexibilização, você pensa em participar da festa? Acha que esses eventos com controle de pessoal (carnaval indoor e shows em hotéis) são uma solução até a pandemia ser controlada de fato?
Então, estamos aí observando isso. Eu acho muito bacana que existe essa expectativa positiva. Mas a questão não somos nós e sim o próprio vírus. Vi uma entrevista do prefeito Bruno Reis e ele tá com muita vontade e todos nós queremos, claro que queremos mas é preciso ter esses cuidados. Primeiro de tudo é a vida humana. Eu acho que é o pensamento geral de todos nós que somos sensíveis a isso que trabalhamos com o público.
Também é mais de um ano desse processo do coronavírus, então não é brincadeira isso que a gente está enfrentando. E tem o lado da economia, sabemos o quanto essas festas são importantes na relação da economia para nosso estado. Acho que todas as soluções são bem-vindas, essas festas indoor, acho que tá todo mundo procurando uma saída e eu também estou no mesmo navio (risos), não estou em contexto diferente não. Rezando e pedindo mesmo que cada vez mais haja vacinação porque é solução, pelo amor de Deus as coisas estão aí, estão postas, existem o exercício da liberdade de estar, mas com a vacina! Não é uma cura mas é uma barreira a mais para proteção da vida.
Recentemente você participou do Show do Famosos e do Masterchef, podemos esperar Margareth em outro programa televisivo?
Fiquei muito feliz com o convite. Inclusive eu recebi o convite para ir para o Show dos Famosos ainda no Programa do Faustão e foi justamente em março quando a pandemia chegou e tudo suspendeu. Eu achei que não ia mais acontecer, principalmente quando o Faustão saiu da Globo mas aí eu recebi a notícia que iria continuar com o Domingão com Hulk e para mim tá sendo muito bacana, muito muito divertido! Eu tô ali como numa grande aula, porque toda área técnica da transformação toda, aquelas maquiagens. Tô dando meu máximo, quero passar para outra fase (risos), eu acho que é massa, eu gosto, é saudável e gostoso. O Masterchef eu tinha um sonho de ir nesse programa, eu gosto, acompanho e é massa, são muitos toques para cozinha a gente vê a dinâmica, a diversidade da culinária brasileira é aquele chefes ali, para mim é um luxo.
São 34 anos de carreira, turnês no mundo todo, indicações ao Grammy Awards, 17 obras lançadas, diversos prêmios… Existe algum desejo profissional que você ainda não realizou e quer muito realizar?
Com certeza! Eu vivo do meu trabalho, é isso que me move e me sinto com muito potencial ainda, muita coisa ainda a fazer. A música não para e especialmente nesse momento nós estamos vivendo um momento muito especial, mesmo com todas as dificuldades que estamos na pandemia, mas nós estamos vivendo um momento de transição de um século para outro, então isso tá trazendo muitas coisas se a gente pensa que a gente era do fax (risos) e hoje estamos com o celular na, uma ferramenta que te dá tudo. Então a minha geração que tá entre essa essa mudança tem que aprender, desaprender e reaprender e aproveitar a nossa bagagem para colocar conteúdo. Mas na verdade a linguagem mudou completamente e a gente tem que entender isso. E é o que eu venho buscando fazer, me conectar com essa nova tecnologia, com essa nova geração e aprender com eles e trazer também conteúdo. A gente não pode abrir mão da história que a gente tem, mas procurar entender qual é o novo caminho que se que se aponta. Eu acho que isso traz longevidade, isso traz para a gente inspiração para a gente poder produzir mais.
Você está sempre interagindo com seus seguidores nas redes sociais, mostrando sua rotina e se posicionando politicamente. Como você enxerga a importância do seu alcance como artista e como mulher em trazer essas conversas e informações para suas redes sociais?
Essa questão de interagir eu tô aprendendo como que a gente pode usufruir melhor as ferramentas. É importante a gente se comunicar, eu também não sou tão nem tão pouco. Eu tenho uma dosagem para fazer isso porque eu acho também nós também temos limites, o artista a personalidade também tem limites e tem também as suas as suas dúvidas, então não adianta a gente se colocar quando nós também na nossa intimidade temos nossas dúvidas e contradições então tem que ter um pouco de um pouco de cuidado. Nós precisamos estar alertas para as questões políticas no nosso país, não dá para virar as costas para isso, acho que cada cidadão precisa acompanhar. Se não quiser se não quiser tomar um posicionamento mas que acompanhe o que tá acontecendo, porque o que tá acontecendo é justamente fruto da nossa desatenção com a política ao longo desse tempo todo. Nós como sociedade nunca tivemos oportunidade de ter de uma maneira plena os nossos direitos, os nossos deveres e principalmente a grande parte do cidadão comum que vive o dia a dia, ter direitos a ascensão social. Ainda vivemos um quadro de pobreza, isso é uma coisa muito grave para um país que tem um potencial como o Brasil. Nós não precisamos passar por isso para haver uma transformação econômica no país.
Por isso que eu digo que todo cidadão, não só o artista. As pessoas ficam: ‘Ah, porque o artista tal não se posicionou’, se posicione você. Procurar se inteirar realmente e pesquisar quanto sai uma notícia, ver o que é que isso significa, o que está sendo feito, quais são as propostas, quais serão os resultados disso na prática dentro da vida do cidadão. É importante que os jovens se despertem para isso porque quem vai herdar o legado do que vai vir por aí é a juventude, despertar para defender os direitos, sua liberdade e sua democracia, é o mínimo que a gente pode fazer. Eu sou a favor do que for bom para a maioria das pessoas, do que for bom para a sociedade para o Brasil crescer de uma maneira coletiva. Em 2019 você lançou “Autêntica” e os fãs já estão ansiosos para os próximos projetos. O que podemos esperar de novidade no futuro? Tivemos lançamento do projeto “Autêntica” e não tivemos turnê por causa da pandemia, uma coisa que também me frustrou. A gente estava com tudo pronto, com shows marcados em São Paulo, eu já ia ficar também por causa da gravação do programa do Faustão na época e aí tudo foi interrompido. Aquilo baixou muito meu astral, quase que eu entro numa depressão mas comecei a me resgatar quando fiz a primeira live. Tava sozinha em casa, fizemos quatro lives produzidas pelo meu próprio escritório, foi mais uma ação de resgate até porque grana mesmo não a gente não encontrou patrocínio nesse momento então foi mesmo uma ação para me reanimar, aí voltei a malhar, caminhar. A partir daí eu recebi convites para alguns feats, em outubro fui convidada para “Casa da Vó”, fui para São Paulo, passei 40 dias lá com os protocolos, não tive Covid, Graças a Deus, até hoje. Já tomei minhas duas vacinas e já estamos pensando sim em um novo CD, aguardem aí!
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