Publicado em 07/08/2017 às 06h00.

PSD fica com Rui ‘a não ser que haja acidente de percurso’, diz Otto

Senador lista sete nomes que poderia indicar para a chapa – o presidente da AL-BA, os cinco deputados federais e Edvaldo Brito – e descarta Pinheiro e Otto Filho, que vai tentar a Câmara

Evilasio Junior
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

Presidente estadual do PSD, o senador Otto Alencar garante que o partido “vai marchar” com o governador Rui Costa (PT) em 2018, “a não ser que haja um acidente de percurso”.

Em entrevista exclusiva ao bahia.ba, o parlamentar pondera que o principal obstáculo seria a não participação do partido nas discussões sobre a composição da chapa majoritária que o petista montará para disputar a reeleição.

“O PSD não ser contemplado na chapa majoritária é um problema.  Não ser chamado para ser ouvido. ‘Você tem nome para indicar? Tenho sim, fulano de tal’. Isso pode ter problema, porque pode gerar insatisfação no seio do partido”, argumentou.

De acordo com ele, não só o presidente da Assembleia Legislativa, Angelo Coronel, mas os cinco deputados federais da legenda, e até mesmo um vereador de Salvador – “Tem uma figura mais honrada e digna do que Edvaldo Brito na Bahia?” –, são opções para compor o grupo.

Ciente da força do seu exército, Otto explica porque acredita que o PSD não pode ficar fora do debate. “Quando ganha a eleição, a gente dá atenção. Quando perde, você duplica a atenção, porque é na hora que o sujeito está sem o poder na mão que você deve ser o melhor amigo dele. […] Por isso, eu tenho seguidores que vão para a guerra comigo. Se eu chamar, vem mesmo”, afirma.

O congressista descarta ainda as hipóteses de o presidente da Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), Otto Alencar Filho, que ele revela ser candidato à Câmara, e o senador licenciado Walter Pinheiro, atual secretário estadual de Educação – que segue sem partido desde que deixou o PT –, serem os nomes da sigla na coligação.

Apesar de as pesquisas eleitorais iniciais darem a ponta ao virtual principal oponente do governador, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), o senador pondera que a rejeição à administração do presidente Michel Temer vai tirar votos do democrata. Embora elogie a sua capacidade de confrontar, ele não arrisca palpitar em uma vitória do seu aliado no primeiro turno.

“Além de ser forjado na prática política, eu confio muito na gestão dele. É uma gestão eficiente e, além disso, ele é muito preparado e muito bom de debate. Quem vier para disputar com Rui, tem que estar tão preparado quanto ele. Seja quem for. […] Rui é um candidato forte, desde que ele consiga manter a base dele unida. […]Neto é um aliado do Temer, não pode descolar do Temer. Esse contraponto, na campanha, vai ser feito”, apostou.

Ainda em relação ao cenário nacional, Otto Alencar clama que a reforma política seja concluída pela Câmara dos Deputados, sob pena de ingovernabilidade do próximo presidente – “O Brasil está ingovernável, com aquela panaceia de partidos políticos” –, e diz que nem o comandante nacional do partido, o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), sabe quem irá apoiar. Tem certeza apenas de quem não estará ao lado: o deputado Jair Bolsonaro (PEN).

“Não será nunca, em um segundo turno, eleito pela população brasileira, porque o […] povo brasileiro não tem o perfil radical, fundamentalista, que ele tem. Eu tenho absoluto repúdio ao Bolsonaro”, condenou.

Confira a entrevista na íntegra:

Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

bahia.ba – O que o senhor acha que pode acontecer na eleição presidencial de 2018, com o atual cenário de indefinição, Lava Jato, Lula pode ou não ser candidato… o próximo presidente terá um trabalho grande, não é, senador?

Otto Alencar – Olha, o que eu digo é o seguinte: tem que haver uma reforma política, uma mínima reforma política. Nós a aprovamos no Senado, com o fim das coligações e estabelecimento da cláusula de barreiras. Se a Câmara, logo, não tomar essa providência, de fazer a reforma política tendo esse padrão, sobretudo com esses dois itens, não haverá presidente da República, eleito em 2018, que governe o país. O Brasil está ingovernável, com aquela panaceia de partidos políticos, que hoje compõe a Câmara dos Deputados. Vinte e oito representações políticas e é impossível se dialogar com 28 segmentos. Você veja, por exemplo, no que tange à formação partidária, foi feito o Partido da Mulher. O presidente é um homem, os deputados todos que migraram eram homens e fizeram trampolim para depois mudar para outro partido quando se estabeleceu aquela janela de 30 dias. Isso é uma coisa absolutamente contrária a qualquer padrão de lei política em que se tem confiança. O quadro hoje, que nós estamos vivendo para 2018, pode ter surpresas e novidades políticas, com nomes que não estão no tabuleiro. É o caso do [Jair] Bolsonaro, que é um ultraconservador e está aí com, 16%, 17%, 18% nas pesquisas.

.ba – O senhor acredita que ele é um candidato com viabilidade?

OA – Eu acho que não. Eu acho que ele vai ter um porcentual de votos, mas não será nunca, em um segundo turno, eleito pela população brasileira, porque o Brasil não tem esse perfil. O povo brasileiro não tem o perfil radical, fundamentalista, que ele tem. Eu tenho absoluto repúdio ao Bolsonaro.

.ba – Em relação ainda à reforma política, o senhor acha que a eleição de governador com doação de pessoa física vai ser um caos ou dá para seguir?

OA – A eleição vai ser financiada pelo fundo partidário e doação de pessoa física. Então, vai valer quem tiver militância, quem tiver prática política diária. Quem tiver eleitor, quem conhece a Bahia inteira e todos os líderes políticos importantes da Bahia. O Rui [Costa] tem andado muito. Você vê, agora em Santaluz, foram 300 municípios visitados, e ele ainda tem condição de visitar todos até o fim do mandato. Tem que viajar. Independentemente disso, eu acho que o Rui tem feito um bom trabalho e é um militante. Além de ser forjado na prática política, eu confio muito na gestão dele. É uma gestão eficiente e, além disso, ele é muito preparado e muito bom de debate. Quem vier para disputar com Rui, tem que estar tão preparado quanto ele. Seja quem for.

“Não será nunca, em um segundo turno, eleito pela população brasileira, porque o […] povo brasileiro não tem o perfil radical, fundamentalista, que ele tem. Eu tenho absoluto repúdio ao Bolsonaro.”

.ba – O PSD nacional hoje vive uma divisão. O senhor, por exemplo, é contra o presidente Michel Temer, mas o ministro Gilberto Kassab faz parte do governo e a bancada no Congresso é rachada. Como está o entendimento do partido para a eleição nacional do ano que vem? O PSD vai marchar com o candidato do PSDB, vai ficar aliado do PT, como vai ser o desenho?

OA – Eu não sei e, conhecendo Kassab, nem ele sabe, nem ninguém sabe o que vai acontecer. Nem bola de cristal sabe o que é que vai acontecer, com toda hora aparecendo fato novo. Você vê agora, depois da JBS, vem agora o [Aldemir] Bendine [ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, preso pela Polícia Federal], recebendo propina no curso da Operação Lava Jato, como recebeu Rocha Loures [suplente de deputado pelo PMDB e ex-assessor de Temer].

.ba – Usando o nome da então presidente Dilma Rousseff…

OA – E o Rocha Loures usando o nome de Michel Temer. Então, você vê que o quadro de corrupção em Brasília, de improbidade administrativa é epidêmico. É endêmico e epidêmico. Eu fico assustado de ver o Ministério Público e a Polícia Federal investigando e prendendo quem andou errado, o sujeito vendo o exemplo da prisão e continua nos mesmos erros. Então, eu não tenho como fazer previsão do que vais ser politicamente a posição do PSD. Qual é o líder nacional que o partido vai apoiar? Qual é o que tem menos problemas, que se alinha mais com as boas práticas políticas? Uma coisa o Kassab deixa bem claro: a posição política aqui da Bahia será tomada por nós. Não haverá interferência. Vai ser uma decisão nossa.

Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

.ba – O PSD com Rui Costa?

OA – Na Bahia, o nosso caminho é com Rui Costa, a não ser que haja um acidente de percurso. Espero em Deus que não.

.ba – O que seria um acidente de percurso?

OA – Algum problema que possa haver. Não acabei de falar agora que toda hora aparece uma coisa? Não posso saber…

.ba – Se acontecer algo grave no governo Rui?

OA – Não, não. O PSD não ser contemplado na chapa majoritária é um problema.  Não ser chamado para ser ouvido. ‘Você tem nome para indicar? Tenho sim, fulano de tal’. Isso pode ter problema, porque pode gerar insatisfação no seio do partido. Mas eu tenho certeza de que não vai ter problema. O PSD vai marchar com Rui.

“O PSD não ser contemplado na chapa majoritária é um problema.  […]  Isso pode […] gerar insatisfação no seio do partido.”

.ba – Esse fulano de tal é Ângelo de tal?

OA – Não, não tem nada disso (risos). Coronel nem candidato é.

.ba – Ele disse que iria se houvesse consenso. Há a possibilidade de Coronel ter um consenso dentro do PSD?

OA – Ele é presidente de um Poder. Tem todo o direito, mas eu vou escalar o time de acordo com a base. Vou ouvir a base toda.

.ba – Mas o PSD não abre mão de estar na majoritária?

OA – Eu espero ser convidado. Não é abrir mão. Eu fui convidado para ser vice de Wagner. Eu não pedi para ser. Eu fui convidado para ser senador. Eu não pedi para ser. Me chamaram para ser, até não queria. Me convidaram porque alguém pensou, achou que eu tinha respaldo para ajudar na chapa. Não é eu querer entrar com a porta fechada. Não se entra com a porta fechada. Só se abrir a porta.

Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

.ba – Coronel fala que o PT tem o primeiro, e o segundo nome a indicar seria do PSD, pela importância e o tamanho do partido.

OA – Não, não. Eu discordo um pouco. Eu acho que [João] Leão tem cadeira cativa e já é o vice [governador]. Rui tem direito à reeleição e Leão tem direito à reeleição. Nós precisamos ser chamados para conversar, agora não pode é desprezar o PSD na situação que o PSD se encontra. Um partido que vai colaborar, que vai contribuir, e leva os votos. Isso é que é importante, porque às vezes o cara vai e não leva os votos. Leva só o nome dele.

.ba – Fala-se de duas possibilidades de participação do PSD na chapa de Rui: uma com o senador Walter Pinheiro, que hoje é secretário de Educação, se filiando…

OA – Não.

.ba – A outra de Otto Alencar Filho sendo vice de Rui.

OA – Também não.

.ba – O senhor descarta as duas hipóteses?

OA – Descarto todas duas hipóteses. Primeiro, eu não vou desfalcar os partidos da base aliada. Eu não vou trabalhar para desfalcar o PP, para desfalcar o PT, para desfalcar o PR. Nenhum desses quadros viriam de lá para cá.

.ba – Mas Pinheiro está sem partido.

OA – Está sem partido, mas ele foi egresso do PT. Se por acaso eu atraí-lo para o PSD, vão achar que ele saiu para fazer um período fora do partido e depois vir para o PSD. Aí o PT vai dizer: ‘olha, esse Otto Alencar foi o que tirou o Pinheiro’. O PT é meu aliado. É pouco inteligente eu fazer isso. Entendeu? Eu não quero errar. Eu não tenho o direito de errar. Quando você dirige um grupo, você tem que pensar para fazer a coisa certa. Então, eu penso muito para tomar posição. Eu não vou chegar e desfalcar o partido. Por quê? Para eu ficar com muitos inimigos lá?

.ba – E Otto Alencar Filho vai ser candidato a deputado federal?

OA – Ele vai. Vai ser candidato agora porque eu não sou candidato. No ano de 2014 eu fui candidato a senador e ele queria ser candidato a deputado federal. Eu disse, ‘meu filho, não dá para dois, ou para mim ou para você’. Ainda falei com ele: ‘se você quiser, eu tiro a minha candidatura’, e ele disse: ‘não, meu pai, vá você’. Eu não gosto de correr risco, sabe por quê? Porque quem nasce na roça, como eu nasci, não pode errar. Então, eu não corri o risco de botar meu filho como deputado federal para não ter contra mim os federais do meu grupo. Iam dizer: ‘vai botar o filho dele em uma eleição difícil’ – porque diziam que Geddel iria ganhar. Então, o que é que eu fiz? Eu cerceei o direito dele. Ele estava louco para ser, e eu disse: ‘não vai ser’. Como eu não serei candidato em 2018, e não serei mesmo, ele agora pode ser, porque eu vou trabalhar para ele e para os outros também, sem botar em risco a minha candidatura à majoritária. Agora, eu posso ajudá-lo a realizar o sonho dele, que eu podei lá em 2014.

“Descarto todas duas hipóteses [Otto Alencar Filho como vice e Pinheiro no PSD para se candidatar à reeleição de senador]. […] Eu não quero errar. Eu não tenho o direito de errar. […] Eu não vou chegar e desfalcar o partido. Por quê? Para eu ficar com muitos inimigos lá?”

.ba – Há um movimento do PR de desfalcar o PP e tirar o PP da chapa, inclusive com a possibilidade de atrair o deputado Ronaldo Carletto, que quer ser candidato. Isso é deslealdade do PR?

OA – Se estiver fazendo gestão para tirar, não chamo de deslealdade: é um ato de pouca inteligência. Você acha que o Leão vai gostar? O Cacá Leão, o Mário Negromonte vão gostar de ver os seus deputados todos saírem por aceno de um partido aliado? Não vão gostar. Então, acho que é pouco inteligente. Eu não faria isso, até porque, dentro do PSD nós temos quadros que podem fazer parte da chapa majoritária.

.ba – Cite alguns deles.

OA – Ah, tem vários. Você já citou meu filho, mas não vai. O próprio presidente da Assembleia, o próprio Antônio Brito tem condição de participar da chapa majoritária. Rui Costa queria ele candidato a prefeito de Salvador e ele transferiu o título para Jequié. Os federais todos nossos têm. Por que não tem? Por que José Nunes não tem? Por que Paulo Magalhães não tem? Por que Sérgio Brito não tem? Todos têm.

.ba – Então, todos os deputados federais do PSD podem ser candidatos a vice-governador ou senador?

OA – Podem sim. E outra coisa: mereceriam ser. Sabe por quê? Porque todos foram leais com Dilma, votaram contra o impeachment, todos estão em composição contrária à reforma trabalhista, à reforma da Previdência, todos eles. Eu também fui contra a reforma da Previdência. Ou seja, o nosso compromisso de campanha está sendo praticado na Câmara e no Senado. Eu não me afastei do que eu disse. Assim que eu assumi o Senado, eu dei uma declaração de que iria trabalhar para derrubar o fator previdenciário, como derrubamos. E outra coisa: eu trabalhei muito por isso no Senado. E eu não quis cargo no governo nem de Dilma e muito menos de Michel. Me ofereceram a presidência do Correios-PAR, que é um órgão que todo mundo quer. Um órgão de R$ 500 milhões [de orçamento], o Correios do futuro, e eu não quis a presidência. Depois me deram a vice-presidência operacional dos Correios. Eu disse: ‘Kassab, eu não quero, para ter independência de votar livremente, com as coisas do povo que eu represento’. E outra coisa, todos os cinco federais do PSD tiveram a mesma coerência que eu tive. Por que eles vão ficar à margem do processo? Se houver uma manifestação em favor de um deles, por que não pode? Por quê? João Leão era deputado federal e virou vice-governador. Eu era conselheiro [do Tribunal de Contas dos Municípios] e sair para ser vice-governador. Por que não? Todos têm história, tem redutos, têm contribuições. Os deputados estaduais, também, da mesma forma. Eu tenho, por exemplo, no partido, o Edvaldo Brito. Tem uma figura mais honrada e digna do que o [vereador de Salvador] Edvaldo Brito na Bahia? Se em reunião nossa ele for ungido para ser, ele pode ser também. Qual o problema?

Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

.ba – Ele já foi candidato a senador em 2010…

OA – Já foi candidato a senador, pois é. Um jovem senhor, de 80 anos, mas com uma saúde impressionante.

.ba – Principalmente mental, né?

OA – Mental, e sobe uma escada com a velocidade que eu nunca vi. Eu não estou aguentando acompanhá-lo (risos). Eu tenho 70 anos e não estou aguentando. Magrinho, atualizado, contemporâneo, vereador de primeira grandeza na Câmara, notório saber jurídico… o PSD tem muitos bons quadros.

.ba – Mas na hora da definição, será avaliada também a densidade eleitoral. Em tese, Walter Pinheiro teria mais peso.

OA – A tese eleitoral é o que eu pratico. Eu tenho conversado com todos os membros do partido e da base permanentemente. Eu não posso errar. Se eu não posso errar, eu tenho que estar atualizado com a minha base. Eu converso com vereadores, com ex-prefeitos. Observe isso, é prática da minha vida: quando ganha a eleição, a gente dá atenção. Quando perde, você duplica a atenção, porque é na hora que o sujeito está sem o poder na mão que você deve ser o melhor amigo dele. E eu sou, e sempre fui, por formação até familiar e de prática de vida, o melhor amigo na adversidade de qualquer amigo meu. Por isso, eu tenho seguidores que vão para a guerra comigo. Se eu chamar, vem mesmo. Eu saí do Tribunal e chamei o meu pessoal, e veio todo com Wagner. Rui foi candidato, eu chamei o meu pessoal e todos vieram comigo. Isso aí não é porque eu ando fazendo regime ditatorial. É porque eu dou atenção política, graças a Deus, a todos eles.

“Quando ganha a eleição, a gente dá atenção. Quando perde, você duplica a atenção, porque é na hora que o sujeito está sem o poder na mão que você deve ser o melhor amigo dele. […] Por isso, eu tenho seguidores que vão para a guerra comigo. Se eu chamar, vem mesmo.”

.ba – Então o senhor se classifica como um homem de grupo?

OA – De grupo, de grupo. Sem dúvida.

.ba – Se o grupo clamar por Otto Alencar governador, não há possibilidade alguma de o senhor se candidatar?

OA – Não, porque, com toda a franqueza, eu fui eleito para oito anos. O meu compromisso com o povo que me elegeu, 3.341.111 eleitores, foi para oito anos. Então, eu quero cumprir os oito anos. Se eu deixar no meio do caminho, na minha cabeça, no meu juízo, eu estou correndo risco, porque estou deixando no meio do caminho um mandato que era de oito, passando para quatro, só para ascender a outro cargo. A história da Bahia e do Brasil mostra que, quem larga no meio do caminho, se dá muito mal. Aqui teve Waldir Pires que fez isso, José Serra, que tomou um balaio de votos de Lula, e outros. Então, se eu fui eleito para oito anos e largo com dois, o eleitor acha que você tem ganância, tem fome pelo poder. A história mostra que isso dá problema. Eu não quero problema.

Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

.ba – O senhor acha que, mesmo com as pesquisas, que têm mostrado ACM Neto à frente, Rui será reeleito no primeiro turno?

OA – Eu não sei. O que eu sei é que Rui é um candidato forte, desde que ele consiga manter a base dele unida. Quem é a base do Rui? São os partidos aliados e é o PT, que muita gente acha que está fraco e não está fraco coisa nenhuma, tem uma base social muito forte, e agora, com o desastre administrativo do Michel Temer, o PT cresce. Lula é imbatível na Bahia, porque o eleitor está fazendo o contraponto dele com o atual governo. Quem são os aliados do Michel Temer na Bahia? O prefeito de Salvador é aliado, os tucanos são aliados…

.ba – Mas o PP e o PR também são…

OA – Eu estou falando de quem pode ser candidato, dos adversários. Não tem ninguém no PP que é candidato a governador, tem? No PR, tem? Só tem Neto, especificamente. Neto é um aliado do Temer, não pode descolar do Temer. Esse contraponto, na campanha, vai ser feito. Não tem como não fazer. E tem uma pessoa na Bahia que faz isso muito bem feito, aliás é quem melhor faz.

.ba – Quem é?

OA – Rui Costa. É quem melhor vai fazer, porque tem sido coerente. Ficou na posição dele, não se entregou a Temer. Não foi nos acenos de Temer. Então, Rui é um ótimo debatedor. Quem for para a campanha vai ter que debater com ele esse assunto.

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