Publicado em 23/08/2018 às 18h59.

Zé Ronaldo: ‘A marca do meu governo vai ser o respeito ao dinheiro do povo’

"Eu só quero que, Deus me permitindo ser governador, eu possa tratar todos com igualdade, simplicidade, com segurança no que a gente pode tomar de atitude"

Fernando Valverde
Foto: Fernando Valverde/bahia.ba
Foto: Fernando Valverde/bahia.ba

 

Disputando o governo da Bahia pelo Democratas, o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo, ou Zé Ronaldo, como se apresenta, abre a série de entrevistas do bahia.ba com os candidatos. O democrata promete que se for eleito as marcas de sua possível gestão serão “o respeito ao dinheiro público” e o “diálogo” com todas as pessoas.

Zé Ronaldo garante que seus aliados já superaram a decisão de ACM Neto de não ser candidato e já abraçaram sua candidatura. Ele diz que está “muito empolgado com o carinho do povo” em suas andanças pelo interior do estado. Para o democrata, saúde e segurança são as “principais prioridades da Bahia”. Confira a íntegra da entrevista abaixo:

Segurança é a principal preocupação dos brasileiros. Como enfrentar a questão na Bahia?

Há um caos hoje na Bahia com a segurança pública. Todos os locais que você visita, seja na cidade pequena ou na grande, as pessoas falam isso diariamente, minuto a minuto. Há uma revolta das pessoas com a falta da segurança. Ninguém consegue sair com o celular na mão, ninguém consegue mais deixar uma porta aberta. Até as casas na zona rural estão com grades de ferro. É muito complicada a nossa situação. A Bahia é campeã em todos os quesitos na questão da segurança pública de forma negativa. Como governador, eu vou assumir essa questão pessoalmente. Eu não posso admitir que você gaste 210 milhões de reais, como no ano passado, em publicidade… E olhe que eu não sou contra a publicidade, mas investir 56 milhões na saúde ou devolver milhões e milhões de reais em quesitos que o governo devolveu à Brasília, por não ter projetos… Então nós, evidentemente, que teremos: primeiro essa questão do comando na Secretaria de Segurança Pública, nós vamos buscar fazer um comando com ações que conheçam realmente o que é gestão na área da segurança. Eu pretendo trabalhar com pessoas extremamente preparadas para isso, treinadas devidamente e não importar daqui, dali ou acolá. Eu acho que nós temos quadros na Bahia bons que podem comandar a Secretaria de Segurança Pública. Você gastou milhões de reais naquele órgão que tem ali no Centro Administrativo, que é a questão da informação, e até hoje eu não vi melhorar nenhum índice de informações para descobrir crimes em nosso estado. É um índice baixíssimo, um dos piores do Brasil. Então, nós vamos dar vida a isso. Nós vamos trabalhar, nós vamos ter uma perfeita sintonia, uma discussão ampla a respeito disso. O que é que há de positivo no estado de São Paulo, que é uma população de 40 milhões de habitantes e tem a metade do número de mortes da Bahia? O que foi feito lá de positivo? O que é que é feito lá de positivo? Por que a gente não vai fazer? Só porque é um partido que tem uma ideologia diferente? Não. Eu acho que o ‘partido da Segurança Pública’ é o partido que todos os baianos desejam, que é ter tranquilidade para viver em paz. Com certeza eu vou olhar o que tem de positivo em São Paulo. Se você tem algum projeto vitorioso em algum estado dos Estados Unidos, por exemplo, que a gente possa aplicar aqui dentro da nossa realidade, por que não aplicar? Nós vamos pesquisar, ver o que é que tem de positivo na segurança pública do Brasil para a gente trazer para a Bahia. É interessante. Eu converso com pessoas sobre segurança pública, e as ideias delas são muito acanhadas. Eu acho que a gente deve buscar esses conhecimentos, aonde tem projetos vencedores. Eu farei isso, eu não vejo nenhum constrangimento em fazer isso. Enfim, eu acredito sincera e honestamente que temos condição de melhorar. Não vou me omitir pra dizer que a segurança pública da Bahia é ruim por causa de Brasília, não vou me omitir para dizer que a segurança pública na Bahia é por causa das fronteiras do país, não vou me omitir para dizer que é por causa das seguranças das fronteiras dos estados, não vou. Nós assumiremos a responsabilidade e partiremos para cima no sentido de fazer uma segurança pública que todos nós estamos exigindo. Eu estava há uns seis meses indo para a minha casa em Feira de Santana e recebi um telefonema de uma pessoa, de alguém que foi assaltado de frente a minha casa. Hoje, são todos os locais, ninguém se sente mais tranquilo, é realmente uma coisa assustadora, por isso que você diz que nas pesquisas é bem lá em cima essa questão da segurança pública. Vence a saúde pública hoje, em número de percentuais que as pesquisas nos mostram. Isso na Bahia. Existem outros estados bem à frente da gente.

Combate à seca

Eu nasci no sertão. Então convivi muito com falta de água, muito mesmo. Água pra todo o tipo: consumo humano, consumo animal. Depois de muitos anos que a cidade passou a ganhar um sistema de abastecimento de água, mas eu convivi em uma cidade que não tinha esse abastecimento, então eu sei o que é a importância disso. Eu conheço também a Bahia e infelizmente nesses anos na Bahia, esses últimos 12 anos, não se construiu barragens para armazenar água. As barragens que foram construídas, e não é porque eu quero falar dos governos que tiveram convivência comigo, mas é a mais pura realidade… A barragem de São José, a barragem de Ponto Novo, a de Pedras Altas, a que tem lá no município de Miguel Calmon, a que tem em Senhor do Bonfim, essas barragens foram construídas em outros governos. O atual governo não construiu nenhuma barragem no sertão, no semiárido da Bahia. Eu estive recentemente no município de Abaré, Chorrochó, Uauá, Curaçá e vi, andando de carro em algumas estradas, as pessoas me mostrando determinados rios que no período das chuvas se vê ruas que corre água em quantidade nesses rios, mas são rios fora das chuvas que são secos e que tem locais que você vê que tem condições de fazer umas barragens com custo pequeno. Eu acho que o governo, nesses últimos tempos, nunca viu com seriedade esses projetos. Nós pretendemos pesquisar na Bahia esses locais, tipo esses que eu estou falando, que é possível se fazer barragem de custo pequeno, que armazene a água, que sirva para o consumo humano e que sirva para o consumo do animal também. Eu tenho uma ideia a respeito dessa questão do semiárido, que é a questão da criação de caprinos. Eu vivo numa região que é Feira de Santana, e há um projeto que eu acho que é muito vencedor que é um sistema integrado da avicultura e da suinocultura. Ou seja, existem grandes empresas da suinocultura e da avicultura que fazem integrado com a pessoa, com a família, num terreno que ele tenha pequeno, então ele monta um sistema que ele cria frangos e sobrevive, a família trabalha naquilo. Então, eu tenho uma ideia de fazer isso com caprinos. Lá no sertão a gente pode muito bem através de empresas e grandes cooperativas incentivar essas cooperativas no semiárido para que essas famílias criem animais, caprinos ou suínos, no sentido de ter a sua sobrevivência e a família estar empregada. A família está com aquela renda ali, mensalmente. O clima ajuda, o alimento vai ajudar porque você terá água com essas pequenas barragens que eu estou aqui falando para poder você ter essa água para poder produzir. Recebi informações de técnicos de que uma quantidade de água que você gasta numa região dessa para irrigar uma pequena área com banana, você vai ter a mesma quantidade de água, a capacidade de abastecer cerca de 100, 200 animais. E você ter imensas famílias trabalhando nessa área com algo que eles conhecem, que eles dominam, que é a criação do caprino. Então, eu acho que isso vai ajudar muito. Gostei dessa ideia que alguns técnicos estão me passando, me dando informações a respeito dessa questão, mas eu entendo, eu fiz até um voo nessa região que eu estou lhe falando e eu vi no município de Rodelas, que hoje é o maior produtor de cocos do Brasil, irrigado próximo ao rio São Francisco, é um projeto que vem de 15 anos pra cá e que tem dado certo. Eu vi que é possível também com esse projeto com a água, você fazer irrigação nessa região tão complicada, como é esse semiárido da Bahia. Eu acredito sincera e honestamente que isso é possível se fazer e não é só nessa região não. É também na região sudoeste da Bahia, nós temos a região de Piripá, os municípios vizinhos como Tremedal. Com certeza nós temos condições de fazer esse mesmo tipo de trabalho. São regiões parecidas que você pode armazenar água para superar essa dificuldade.

A Bahia tem cada vez menos água. Já houve conflitos em algumas áreas. Os rios estão morrendo. Como encarar isso?

Eu conheci um projeto recente na região de Irecê que uns técnicos me mostraram. Eu até peguei esse esboço de projeto e pedi para alguns técnicos aprofundarem isso. Como governador, eu vou levar a sério, e, se confirmada todas essas informações que estão me passando… Nós temos ali na região de Irecê vários rios que há tempo atrás eram perenes e que hoje uma boa parte não é, mas que estão encostadinhos, vizinhos ao rio São Francisco. Essa água do rio São Francisco, ela não seria transportada lá para o Ceará, Pernambuco, não é isso, mas ela vinha por gravidade, segundo esses estudos, e ela entraria por esses rios que viria de Xique-Xique até América Dourada, passando pela Estrada do Feijão e tal. Ela passaria por vários municípios da região de Irecê que você deixaria todos esses rios perenes. Essa água, que quando chove, do rio São Francisco, vai para o mar, vai embora, ela ficaria nesses rios. E ao redor desses rios, as famílias que moram ao lado desses rios teriam água para a produção. Uma água bem utilizada, bem trabalhada, sem jogar fora. Você trabalharia nisso e provocaria renda. As pessoas poderiam ali estar plantando, fazendo a produção como já fazem em outras regiões com pleno sucesso. Eu gostei dessa ideia, chama-se ‘Canal da Redenção’. É o nome que eles deram a esse projeto. Há um projeto que o deputado Aleluia também está discutindo muito sobre o rio São Francisco e trazendo água também para essas regiões até chegar na barragem de São José, no município de Várzea da Roça e no município de São José do Jacuípe, que você também traz essa água aonde você vai também atender a uma grande demanda dali daquela região da Bahia. Com isso, você vai gerar emprego. Você não está fazendo de forma irresponsável essa questão da água para fazer a coisa que não seja dessa finalidade. Ou seja, você alimentaria esses rios. Ou seja, rio para rio. Um rio ia ligando o outro rio. Ficaria a própria natureza sendo contemplada com esses rios sendo perenes, uma água de outro rio gigantesco, onde ela não iria diminuir a ida para o mar. Então, eu acho que são dois projetos muito importantes. Nesses dois projetos, eu acho que a Bahia em um deles pode buscar recursos para poder fazer isso e o outro trabalhar arduamente com força e determinação, junto ao governo federal, e até com instituições financeiras internacionais para que você possa executar esses dois projetos que eu acho de grande importância que duas regiões que têm problema de água.

Foto: Fernando Valverde/bahia.ba
Foto: Fernando Valverde/bahia.ba

 

Como conquistar o eleitor indeciso? Muito jovem não acredita mais na política

Essas pessoas que dizem isso, e que é um percentual considerável, que diz que é branco e nulo, eu entendo que elas estão insatisfeitas com aquele que está no poder. Quem está no poder está sendo julgado, quem está fora do poder não pode ser julgado. Como governante, eu tive a satisfação de ser muito bem avaliado, inclusive em todos os segmentos da sociedade, em todas as idades, isso eu não vejo questão. Agora, eu vou repetir: quando eu vejo uma pessoa dizer assim, quando o voto é branco ou o voto é nulo, ele está insatisfeito com quem é o governador, com quem é o presidente. Então, eu entendo que eu não estou no poder, logo essa insatisfação não é comigo. Eu entendo também e acredito muito que quando tivermos apresentando as nossas propostas no horário eleitoral na televisão, no rádio, com essa comunicação que nós estamos fazendo com grande intensidade nas redes sociais, com as entrevistas como essa, as pessoas vão passar a conhecer mais quem é Zé Ronaldo. Não é só o Zé Ronaldo lá de Feira de Santana, ou da região sisaleira, ou do nordeste da Bahia, como eu já estou sendo conhecido hoje bem melhor. Eu acho que esses jovens têm razão. A população brasileira tem razão de estar indignada porque as denúncias de desvio de dinheiro público nesse país foi muito grande, é muito grande, é uma falta de respeito com o dinheiro público. Eu aplaudo essa indignação porque se não, vai ficar sendo omisso dentro desse processo. Evidentemente que a gente tem de analisar tudo, ver quem são esses culpados, e esses culpados eu entendo que têm que ser penalizados. E quem é que penaliza o político? Quem penaliza o político é o voto, é ir na urna. Deixe de paixão política, deixe de votar dentro do seu coração, Pedro, Joaquim ou Maria, e analise essas questões como elas devem ser analisadas: com tranquilidade, com respeito a todos, mas fazer uma análise bem detalhada de tudo o que aconteceu neste país e ver quem foram os responsáveis. Os responsáveis que sejam punidos. Agora, não se pode pagar o justo pelo pecador.

Lula conseguirá ser candidato?

Só quem pode responder isso é a Justiça. Ela analisou o processo, a Justiça tomou decisões. A decisão começou na primeira instância, foi para a segunda, foi parar no STJ, no Supremo Tribunal Federal e todas essas instâncias do poder judiciário tomaram uma decisão e puniram. Não cabe a mim ficar analisando decisão de Justiça. Justiça é Justiça. Eu quero aqui sincera e honestamente, se perguntar: ‘Você acredita que ele é candidato?’ Não. Porque se ele for candidato, qualquer pessoa que também esteja condenada em segunda instância vai ter o direito de ser candidato, não é só ele. Todos terão esse direito. Então acaba esta lei no país. A chamada Lei da Ficha Limpa. Você não pode favorecer um em detrimento dos outros. Então, repito: é uma decisão judicial, que, com certeza, será tomada e vamos esperar essa decisão para ver o que vem.

Ele lidera todas as pesquisas mesmo estando preso…

Sentimento humano é uma coisa que eu não discuto. Se você for olhar há quatro anos, o Lula tinha 75%, ele hoje tem a metade. Então, há uma mudança radical. Há pessoas que não estão aceitando. Como o eleitor tem liberdade para escolher, como o voto é livre e democrático, eu como político que respeito o voto das pessoas, só posso esperar a decisão do povo.

Está se reeditando a briga do PT contra o PSDB de Geraldo Alckmin

Meu partido (Democratas) apoia o Alckmin. Agora, eu entendo que o Alckmin é uma pessoa extremamente preparada, uma pessoa vencedora na vida pública, é um político que eu entendo que é do bem. Um homem de uma vida muito bonita, de vereador, deputado estadual, federal, governador de São Paulo quatro vezes. Portanto, um político que como presidente da República, o país ganhará com a sua presença. No entanto, a gente vê essas questões das pesquisas que estão aí. Mas também eu entendo que isso é um processo inicial. Enquanto não acontecer, vamos dizer pelo menos 10, 12 dias de programa eleitoral, o jogo não está totalmente jogado. A gente tem que esperar 15 dias de programa eleitoral para ver o jogo ser jogado abertamente, todo mundo tomar conhecimento das candidaturas de todo mundo, porque tem muita gente que nem se ligou na política ainda. Há 60 dias eu viajava e conversava com as pessoas, o povo ia me receber com alegria e satisfação, até por respeito e atenção à minha pessoa, mas você via que elas estavam muito ainda separadas dentro do mundo da política. Os políticos totalmente integrados e a população alheia, mas do período da convenção pra cá, você está vendo o povo começando a ficar ativo, a participar. Os encontros, o povo num entusiasmo… Esses dois finais de semana que eu passei, nós tivemos encontros memoráveis, coisas que estão me empolgando. Estão fazendo eu ficar realmente bem feliz com a reação das pessoas por onde nós estamos passando. Então você vê que já sabem que Zé Ronaldo é candidato. Eu acho que em mais 15 dias muita coisa muda. É esperar mais um pouco para a gente ter uma clareza a mais sobre isso. Eu acho que essa questão de presidente está muito indefinida.

Redes sociais nas eleições

É impressionante. Às vezes eu estou num local e minha assessoria está transmitindo o meu discurso ao vivo, para o mundo. É um negócio extraordinário, fantástico. Inegavelmente é uma mudança fortíssima dentro desse processo e realmente está contribuindo. Você deu um exemplo prático. Um candidato que vai ter parece que nove segundos no horário da televisão, que realmente o pessoal dele [Jair Bolsonaro-PSL] é extremamente ativo nas redes sociais. É impressionante como eles são ativos. Eu estou procurando também ser hábil, eu e minha equipe estamos trabalhando muito nessa questão das redes sociais também. Eu entendo que as redes sociais têm um papel muito importante nesse processo, principalmente nesse processo pré-eleitoral que nós tivemos. Imagine se nós tivéssemos feito dessa pré-campanha sem essa ferramenta das redes sociais, seria uma dificuldade, uma coisa dificílima para nós. Eu entendo que as redes sociais me ajudaram muito nesses 120 dias, muito mesmo.

ACM Neto decidiu não ser candidato. Os aliados já superaram? Já aderiram 100% a Zé Ronaldo?

A coisa mais rara do mundo é alguém lembrar desse assunto hoje em dia. Vai ficando gostoso fazer essa campanha, é uma coisa que eu sinto que está vindo do povo. Eu sinto muito positiva essas andanças que eu estou fazendo, a reação das pessoas está muito positiva, as manifestações que eu já estou recebendo de locais por onde eu passei. O quadro de hoje é 100% diferente de que era 100 dias atrás. Eu sinto que na proporção que as pessoas estão sabendo quem é Zé Ronaldo, já está evoluindo dentro do seu pensamento, na questão do voto também.

Foto: Fernando Valverde/bahia.ba
Foto: Fernando Valverde/bahia.ba

 

Zé Ronaldo governador. Qual seria a marca do governo?

Muita gente me perguntava quando eu era prefeito: ‘Qual vai ser sua maior obra?’ Eu acho que foi o estilo de administrar e o respeito ao dinheiro público que a gente teve. Imagine eu, na minha idade de hoje, se antes eu sempre pensei assim quando eu era jovem… A idade vai aumentando, depois dos 40 para os 50 (anos), a gente sempre teve esse comportamento, imagine depois que eu passei dos 60, e que se eu for governador, eu concluo acima dos 70. Eu me convenci, ao longo da minha vida, que o meu patrimônio é a minha vida, o meu patrimônio não é dinheiro, é a minha vida. Então, eu sinto que os meus filhos se orgulham muito disso. Eles vibram muito com isso. Isso é um presente que Deus me deu. O que eu quero da minha vida é isso. Então o que é que podem esperar de mim, qual a minha marca? Respeitar o dinheiro público, ser sincero, ser verdadeiro, trabalhar arduamente para fazer com que as pessoas realmente entendam que o bem público é de todos, e não de um chefe político, de um governador, de um prefeito ou deputado. Eu sincera e honestamente, eu só quero que Deus me permitindo ser governador, eu possa tratar a todos com igualdade, simplicidade, com muita segurança no que a gente pode tomar de atitude. Eu gosto de ser gestor. Eu tenho uma coisa comigo. Uma vez um senador do Ceará, quando chegou em Feira de Santana, viu o carinho das pessoas e ele disse: ‘Rapaz, por tudo o que eu vi, eu vi que você é um gestor. Você está conseguindo ser gestor e está conseguindo ser político’. Aí eu fiquei com vergonha de responder, não gosto de falar de minha pessoa. Estavam do meu lado Antônio Carlos e Paulo Souto, e os dois deram a mesma opinião. Então eu gosto de ser gestor e gosto de ser político. Eu procurei na minha vida fazer um casamento dessas duas coisas. Eu acho que aprendi a fazer isso. Com certeza, se eu for governador, eu vou ter um bom relacionamento na Assembleia Legislativa da Bahia. Mas é um relacionamento aonde a Bahia esteja acima de todos nós, aonde o interesse público esteja acima de todos nós, mas haverá um relacionamento muito respeitoso, conversando, dialogando, como eu fiz como deputado. Quantas vezes eu passei noites ali discutindo e debatendo projeto? Então essa experiência de vida, eu acho que me ajudará a ser governador. E fui vereador, deputado estadual, federal. Eu sei conviver em Brasília, com instituições internacionais, eu tenho experiência para isso, e no mais, é a gente se cercar de gente do bem. Participa do governo? Participa. O partido indica? Indica. Mas só pode ser gente do bem. Lá atrás quando não existia essa Lei da Ficha Limpa, eu criei em Feira de Santana essa lei. Uma pessoa para ser nomeada na prefeitura de Feira, tinha que entregar todas as certidões negativas como é para ser candidato. Quem tinha uma certidão que não estava bacana, não era nomeado. Eu dizia: olha, eu acho que você tem conhecimento e tal, mas vá resolver sua vida. Resolva sua vida e venha cá que a gente conversa. Eu acho que quem tem ao longo da vida feito isso, eu falei no governo. Não o governo de uma pessoa que é o dono da verdade. Eu sempre aprendi a escutar. Você está me dando essa entrevista agora, mas quando eu saí de lá da Rádio Sociedade (quarta-feira, dia 22), entrei no carro e o telefone tocou. Era uma pessoa que eu conheço há muitos anos, há mais de 60 anos. Eu era menino quando a conheci. E ela me ligou porque tinha lido algo sobre o que eu disse esses dias. E a pessoa disse: ‘Olhe, eu estou te ligando porque eu li aqui uma declaração sua. Eu estou te ligando para dar uma opinião. Você pode me ouvir um tempinho, tem tempo?’ Eu disse que tinha, que eu estava no carro andando. Ele me falou e eu ouvi atentamente tudo o que ele disse, agradeci penhoradamente e eu vi que ele tinha razão. O que custa eu ouvir, o que custa eu escutar? Agora, isso não quer dizer que a gente não tenha uma autoridade para comandar. Eu era bem jovem e exercia uma função, aí uma pessoa chegou pra mim e me contou o seguinte: ‘Olha, eu estava em tal lugar e fulano de tal estava lá e disse que você desviou isto’. Rapaz, aquilo foi como se o cara tivesse me dado um murro na cara, eu tomei um susto com aquilo e eu tomei uma atitude duríssima contra a pessoa. No dia seguinte, aquela atitude repercutiu. Veio um senhor de idade que trabalhava comigo, era um conselheiro e disse: ‘Por que você não escuta a pessoa?’ Aí eu disse: mas essa atitude é muito grave, eu não vou escutar não. Passaram dois dias, ele veio de novo e disse: ‘Você precisa escutar a pessoa, rapaz. Ouça. Se ele lhe fizer uma carta, você lê a carta dele?’ Eu disse: leio. ‘E responde?’ Respondo. A carta chegou. Eu li a carta em minha casa à noite. Li e vi que a pessoa tinha razão. Eu procurei a pessoa no outro dia e pedi desculpas, porque a pessoa não disse o que o outro tinha me dito. A pessoa tinha me dito algo de uma maneira diferente. Ele não disse que eu fui desonesto, que eu desviei. Ele entendeu que eu estava fazendo uma obra. Existia uma entidade, que ele achava que em vez de estar fazendo aquela obra, devia estar fazendo outro serviço. O desvio era esse, e não desvio de dinheiro. A pessoa me contou como se fosse de dinheiro. A partir desse dia, eu nunca mais tomei uma decisão na minha vida sem escutar o outro lado. Venha me falar o que quiser, mas eu escuto o outro lado. Daí em diante, eu acho que praticamente posso ter errado e devo ter errado com certeza, porque ninguém é infalível. Mas desse tipo de erro eu não cometi mais. Então eu acho que um governante tem que ter essa capacidade de saber escutar, de saber ouvir e saber a hora de falar. Nem sempre é hora de falar. E governante é muito mais para ouvir do que para falar. Como governo, eu ouço mais do que o que eu falo.

‘Zé Ronaldo pauleira’

Eu não estou sendo pauleira, eu recebi dados. Dados que eu fui investigar e são verdadeiros. Então eu fico doente quando eu vejo a Bahia dizer que é campeã na violência. Eu fico doente quando eu vejo que os índices da educação da Bahia são os piores do Brasil. Eu fico doente quando eu vejo que você tem mil e trezentas pessoas esperando numa fila central de regulação e as pessoas morrendo. Eu conheci muita gente que morreu esperando nessa fila, e isso dói no meu coração. Eu tenho amigos que morreram, e isso me deixa contrariado. Eu sou um ser humano, eu não aguento isso. Eu vivi dentro de um hospital por dez anos, eu sei o que é gente morrer por falta de assistência à saúde. Eu não aguento, então eu desabafo. Então Deus me deu a oportunidade de ser candidato a governador. A Bahia me ouvindo, eu desabafo as coisas eu estou sentindo, do sofrimento das pessoas, eu quero ser governador para consertar isso, pode ter certeza disso.

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