O que Lúcio Rios pensa sobre o futebol do Bahia, Mano Menezes, marca própria e eSports?
Da manutenção de Mano Menezes no comando técnico até os investimentos em games, bahia.ba apresenta os candidatos à presidência do Tricolor
Único candidato de oposição à presidência do Esporte Clube Bahia, Lúcio Rios é administrador de empresas, casado, tem 44 anos e possui experiência em planejamento estratégico, gestão de pessoas, gestão de contratos e gestão comercial. Desde os anos 2000, Lúcio atuou pela democratização do clube, tendo participado da Associação Bahia Livre. Atualmente, o candidato é conselheiro suplente do Tricolor.
“Apesar de conselheiro suplente, participei de algumas reuniões do Conselho Deliberativo como ouvinte. […] Nesse processo de amadurecimento, entendo que eu me preparei totalmente percorrendo várias áreas profissionais, além de ter participado ativamente da vida do clube”, explicou Lúcio Rios em entrevista ao bahia.ba.
Erros da atual gestão
Logo no início da entrevista, Lúcio Rios foi questionado sobre as suas divergências com a atual diretoria, presidida pelo candidato à reeleição Guilherme Bellintani, e o que impediria a unidade dos grupos para a formação de uma chapa única. O candidato da oposição enfatizou a insatisfação com o rendimento dentro de campo do time e as contratações realizadas pelo clube nos últimos anos como os principais fatores.
“Entendemos que uma reformulação no departamento de futebol é necessária. O Bahia não tem, como por exemplo, nos últimos três anos ter contratado mais de 115 jogadores para a equipe profissional e divisão de base. Entendemos que a forma de gerir futebol não está correta”, disse.
De acordo com Lúcio, 70 atletas das divisões de base foram dispensados, ocasionando um prejuízo de R$ 14 milhões para o clube e comparou as camadas de formação do Tricolor a uma terra arrasada. “O Bahia, hoje, investe muito em jogadores com idade avançada, em vez de construir uma divisão de base. […] Hoje o que acontece é a indicação vinda do diretor de futebol, técnico de futebol para determinado atleta e o Bahia vai lá e contrata, como por exemplo, o Elias e Anderson Martins em fim de carreira”, criticou.
Contratações
Caso seja eleito, Lúcio Rios explicou que pretende modificar a forma com que os jogadores do clube são contratados. Segundo ele, será criado um núcleo de inteligência estratégica, onde profissionais capacitados devem identificar jogadores que possuam uma identidade com o DNA do Bahia. Lúcio prometeu que na sua gestão, ” o Departamento de Desempenho e Análise (Dade) funcionará de fato”.
“Esse é um dos fatores que a gente vai montar para a reformulação, e inclusive, com bonificações para os supervisores e coordenadores das divisões de base. A gente tem conversas bem definidas e entende-se que com os programas de capacitação iremos conseguir formar mais profissionais”, afirmou.
Permanência de Mano Menezes e Diego Cerri
Enquanto o técnico Mano Menezes possui contrato com o Bahia até 31 de dezembro de 2021, o diretor de Futebol Diego Cerri possui vínculo com o clube somente até o fim deste ano. Caso eleito, Lúcio disse que pretende conversar com Mano sobre o planejamento para a próxima temporada, mas que Cerri não será mantido no cargo.
“Queremos conversar com ele [Mano Menezes] sobre o que pensamos em relação ao futebol e buscar a contratação de um novo diretor de futebol, porque Diego Cerri, entendemos que o modelo de futebol que ele conhece e pratica sobre contratações, não é o modelo positivo para o Bahia”, esclareceu.
Lúcio também falou que o novo diretor de Futebol “não terá carta branca” para contratações de jogadores. Ele foi questionado sobre se haveria um acordo com algum profissional e revelou que está em contato com um nome que está atuando no futebol internacional, mas que já teve passagem no futebol brasileiro.
“Não adianta a gente contratar um profissional e ele vir aqui e aplicar a sua metodologia. A metodologia será do Bahia e o direcionamento será passado por mim com a contratação desse diretor de futebol, supervisores e coordenador das divisões de base e contratações para o sistema de avaliação de mercado. A base será uma Unidade de Negócio a parte”, pontuou.
Participação feminina
Com o crescente interesse das mulheres brasileiras no futebol, Lúcio Rios também foi questionado sobre propostas para aumentar a participação feminina na política do clube e atraí-las para o estádio através do programa de sócio torcedor. Segundo ele, a chapa possui uma meta de que dentro da quantidade mínima de sócios, no mínimo 20% deve ser de mulheres. “Infelizmente isso não é uma realidade do Bahia. O clube não tem nem 20% de mulheres no quadro social”, afirmou.
Lúcio explicou também que o estatuto do clube, após reformulação, exige que as chapas possuam em sua composição, pelo menos 20% de mulheres.
“É preciso fazer mais, inclusive, abrir espaço na política do clube. A gente não vai e não pode ficar só no discurso. Inclusive, as pessoas que participaram dessa indicação que as chapas deveriam ter pelo 20% de mulheres na composição, elas compõem a nossa chapa para Conselho”, disse.
eSports
Lúcio Rios frisou que a prioridade do Bahia será o futebol dentro de campo, mas que enxerga no eSports uma oportunidade para a expansão da marca do clube.
“O foco será mesmo no futebol. […] Eu não descarto. É algo que pode ser abordado com o nosso departamento de Marketing, mas precisamos ver como esse tipo de esporte pode fortalecer a marca Bahia”, explicou.
Fornecimento de uniformes
O candidato à presidência do Bahia classificou a marca própria Esquadrão como um “projeto consolidado” e uma “realidade”. Segundo ele, é ainda preciso fazer aperfeiçoamentos na logística de distribuição dos produtos.
“Existiu nesses três anos de consolidação da marca própria, que faltou produto, e o torcedor do Bahia se preocupa muito em comprar produtos. E a gente não pode ver a loja do clube faltar camisa, por exemplo”, criticou.
Acertos da atual gestão
Fisicamente, é impossível alguém acertar sempre, assim como errar sempre também. Lúcio Rios durante entrevista foi perguntado sobre o que considerava um acerto na atual gestão e que manteria, caso fosse eleito. Ele brincou que precisava respirar fundo antes, mas apesar de acentuar críticas relacionas a qualidade do rendimento dentro de campo do time montando por Bellintani, Lúcio elogiou a forma como tem sido conduzida a parceria entre o Bahia e a Arena Fonte Nova e o aumento de sócios torcedores.
“A questão do número de sócios, realmente, na gestão Bellintani teve um salto. Infelizmente com a pandemia a gente voltou ao patamar de 22 mil sócios adimplentes, mas sem dúvidas é um patamar que eu quero alcançar e superar. Entendo que com uma maior aproximação do torcedor e com a comunicação adequada, e inclusive, expandindo o foco para não só o acesso garantido, a gente consiga dar um salto”, pontuou.
Considerações finais
Nas considerações finais, Lúcio Rios recordou a sua trajetória dentro do Bahia e pediu que os torcedores reflitam sobre como querem ver o Bahia nos próximos anos, jogando da atual forma ou acreditando em um novo projeto.
“Se avançamos fora de campo, dentro dele nos apequenamos. Não vemos mais resultados gigantes como é o Tricolor de Aço. […] Ninguém pode se contentar com o time da paira no Brasileiro, com vexames nos mata-matas. Por não me conformar com isso, aceitei o desafio. Quero ser presidente para que junto da torcida, possa trazer momentos de glórias para o maior clube do Nordeste e um dos maiores do Brasil”, concluiu.
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