Decisão do TRF-5 garante ao contribuinte nova transação fiscal sem restrição da PGFN
Conquista abre precedente revolucionário na área tributária

O Desembargador Federal Francisco Alves dos Santos Júnior, da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, proferiu decisão favorável ao contribuinte em sede de Agravo de Instrumento. O recurso foi interposto contra decisão interlocutória de primeiro grau que indeferiu pedido de tutela provisória de urgência antecipada, o qual buscava viabilizar a adesão do contribuinte ao Edital PGDAU nº 06/2024, permitindo-lhe realizar nova transação fiscal sem a restrição de dois anos imposta pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Na decisão, o Desembargador acolheu os argumentos do contribuinte, reconhecendo que a restrição imposta pelo art. 18 da Portaria PGFN nº 6.757/2022 aos contribuintes que tiveram suas transações rescindidas é incompatível com os princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade. “A decisão servirá de precedente persuasivo para casos semelhantes, dentro e fora do TRF-5, assim que ocorrer o trânsito em julgado. Nesse caso, todos os contribuintes que porventura se encontrem em situação semelhante serão potenciais beneficiários da decisão obtida por nosso escritório”, explica a advogada Josiane Ribeiro Minardi, sócia do Minardi, Borges e Föppel Advogados Associados, que representou o autor da ação.
Essa quarentena, conforme foi reconhecido na decisão, impõe indevida restrição de direitos aos contribuintes que tenham enfrentado quaisquer dificuldades para honrar parcelamento anterior. Isto é, o artigo 18 da Portaria PGFN nº6.757/2022 representa barreira para que o devedor, outrora inadimplente, quite seus débitos, prejudicando, de um lado, o contribuinte e, de outro, a própria União Federal.
Também houve o entendimento de que a restrição estabelecida pela PGFN viola a reserva de competência prevista no artigo 146, III, “b” da Constituição Federal, que determina que apenas leis complementares federais podem dispor sobre normas gerais em matéria tributária. Segundo a decisão, como a transação tributária envolve disposições que impactam diretamente a estrutura da obrigação tributária, a imposição de restrição através de portaria não se sustenta juridicamente.
O Desembargador apontou, ainda, a contradição entre a necessidade arrecadatória da União – fator motivador da ampla adoção da transação tributária como método de redução da litigiosidade – e a restrição imposta pelo artigo 18 da referida Portaria da PGFN:
“O Governo Federal está desesperado para aumentar a arrecadação, porque a sua coluna de despesas está bem maior que a coluna de receitas, por isso anda criando todo tipo de parcelamento, como o consignado no invocado Edital PGDAU n° 6/2024, publicado em 05 de novembro de 2024, para, além de aumentar as receitas, facilitar a vida do combalido Contribuindo, que está querendo aderir, para poder funcionar legalmente, e vem uma Autoridade de terceiro escalação criando o mencionado irrazoável e desproporciona tipo de empecilho. Ato administrativo dessa natureza prejudica a todos, principalmente a economia do Pais. Se o Contribuinte ficou inadimplente em parcelamento anterior certamente decorreu do insuportável peso da gigantesca carga tributária que sufoca a todos na atualidade do nosso sofrido Pais.”
Com essa decisão, abre-se um importante precedente para os contribuintes que enfrentam impedimentos burocráticos na regularização de seus débitos fiscais, reforçando a necessidade de interpretação justa e razoável das normas tributárias. “A decisão é paradigmática, seja pelo benefício imediato ao nosso cliente, seja pelo potencial de auxiliar inúmeros outros contribuintes com problemas similares. Estamos todos muito satisfeitos com a decisão”, comemora a advogada tributarista Josiane Minardi.
Mais notícias
-
Justiça
16h22 de 20 de fevereiro de 2025
Moraes multa X em R$ 8 mi após plataforma descumprir ordem judicial
Empresa de Elon Musk não acatou decisão da Justiça que solicitou dados do blogueiro Allan dos Santos
-
Justiça
11h25 de 20 de fevereiro de 2025
Pedidos de recuperação judicial subiram 8,7% em janeiro, aponta pesquisa
Solicitações de falências, por outro lado, tiveram baixa de 20,3%
-
Justiça
09h07 de 19 de fevereiro de 2025
Defesa de ex-delegado preso no caso Marielle solicita desbloqueio de salário ao STF
Medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, após sua prisão
-
Justiça
06h49 de 19 de fevereiro de 2025
Além de Bolsonaro, saiba quem são as 34 pessoas denunciadas pela PGR por crime de golpe de Estado
Acusação detalha um plano criminoso que visava desestabilizar os Poderes da República e depor o novo governo
-
Justiça
15h39 de 18 de fevereiro de 2025
Conselheiro Francisco Netto é reeleito presidente do TCM
Conselheiros Mário Negromonte e Plínio Carneiro Filho também são reconduzidos à mesa diretora; posse ocorrerá em 10 de março, quando o tribunal completa 54 anos
-
Justiça
14h41 de 18 de fevereiro de 2025
Setor de Bares e Restaurantes alerta para impacto do aumento das ações trabalhistas
Abrasel destaca preocupação com crescimento de 15% nos litígios e suas consequências para os empresários
-
Justiça
12h48 de 18 de fevereiro de 2025
/STJ marca julgamento de recurso que pode levar Robinho ao semiaberto
Audiência ocorrerá na sessão virtual da Corte em março
-
Justiça
12h01 de 18 de fevereiro de 2025
STF prorroga prazo de inquérito contra ex-ministro acusado de importunação sexual
O inquérito está a cargo da Polícia Federal, que pediu por um prazo mais longo para concluir as investigações
-
Justiça
08h18 de 18 de fevereiro de 2025
Faroeste: STF prorroga afastamento de magistradas do TJ investigadas por venda de decisões
Retorno das rés às atividades na corte pode gerar instabilidade em decisões, diz ministro; defesas de investigadas não se manifestaram