STJ autoriza conversão de prisão de desembargadoras investigadas na Faroeste
A desembargadora Lígia Cunha foi presa na manhã deste domingo (20), depois de finalizado o período de recuperação de procedimento médico

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a conversão de prisão, de temporária para preventiva, das desembargadoras Lígia Cunha e Ilona Reis. As magistradas foram alvo das 6ª e 7ª fases da Operação Faroeste, deflagradas na última segunda-feira (14). A desembargadora Lígia Cunha foi presa na manhã deste domingo (20), depois de finalizado o período de recuperação decorrente de um procedimento médico ao qual foi submetida.
As atualizações do caso são resultado de um pedido feito pelo Ministério Público Federal (MPF) na última sexta-feira (18). A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, sustentou a hipótese de que as desembargadoras criaram organizações criminosas especializadas em vendas de decisões e lavagem de ativos em diferentes regiões do estado. Na ocasião, o MPF pediu também a transferência de Lígia Cunha para uma unidade prisional já no sábado (19), quando terminava a recomendação médica de repouso domiciliar.
“[…] as desembargadoras Lígia Cunha e Ilona Reis assumiram posição de destaque, nessa atividade econômica criminosa, optando a primeira por tentar obstruir as investigações contra ela e os integrantes de sua orcrim, ao passo que Ilona Reis tem procurado ficar fora do radar, com afastamentos e adiamento de julgamentos que a possam colocar em risco”, argumentou o MPF.
A subprocuradora-geral da República ainda mencionou a intimidação a servidora por parte da desembargadora Lígia Cunha, obrigando-a a apagar informações sobre processos da máquina de outro servidor do TJ-BA. A mesma magistrada também destruiu folhas de agenda na qual anotava os processos de interesse da organização criminal e ordenou que assessores mudassem posicionamentos em processos, para não deixar provas de sua atuação em favor da organização criminosa.
O MPF mencionou também a existência de provas da posse de bens incompatíveis com as rendas da desembargadora, como casavas avaliadas em quase R$ 3 milhões, lanchas e carros de luxo. Lígia Cunha foi beneficiada com R$ 950 mil por atuação direta em quatro processos e por tráfico de influência em outro.
Com Lígia Cunha também foram encontrados documentos referentes à Operação Faroeste e outros com anotações e valores associados a seus filhos, Rui Barata Lima Filho e Arthur Gabriel Ramos Barata Lima, e a nomes de autoridades do Judiciário e do Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Já a desembargadora Ilona Reis recebeu, segundo o MPF, R$ 300 mil por relatar dois dos processos e tinha a promessa de receber R$ 500 mil por um terceiro processo. Na peça que pede a conversão da pena são citadas movimentações financeiras suspeitas nas contas da desembargadora, sendo uma delas da ordem de R$ 122 mil. Na ocasião, em 4 de outubro de 2019, Ilona teria recebido R$ 250 mil para atuar em um processo cuja decisão foi redigida por outro integrante da organização criminosa.
O MPF identificou vários depósitos em espécie e transferência eletrônica, arquivos no computador com peças processuais produzidas por seu operador e carro com placa adulterada. O objetivo do identificador era poder transitar livremente sem ser rastreada.
“Não pode ser omitido o fato de que as investigadas Ilona Reis e Lígia Cunha colocam em perigo a normal colheita de provas, na moldagem de uma verdadeira operação de inteligência financeira para movimentação e integração das divisas criminosas, ao passo que soltas elas poderão apagar os rastros de seus crimes e a intimidar testemunhas, obstando o sequenciamento da instrução processual e prosseguimento das investigações, especialmente diante do poderio e da proximidade das desembargadoras com altas autoridades do Poder Judiciário baiano”, argumentou o MPF.
Mais notícias
-
Justiça08h27 de 10/12/2025
Justiça anula absolvição de Iuri Sheik por homicídio de empresário e determina novo julgamento
Influenciador digital havia sido absolvido em maio deste ano após alegar legítima defesa
-
Justiça15h30 de 07/12/2025
STF volta a julgar marco temporal indígena nesta semana; entenda
Em 2023, a Corte havia considerado que o marco temporal é inconstitucional
-
Justiça10h58 de 05/12/2025
STF define data para julgamento do caso Marielle Franco
Corte tratará do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, que ocorreu em 2018
-
Justiça07h56 de 05/12/2025
Pedro Maia recebe 98% dos votos para se manter no comando do MPBA
Decisão final ficará a cargo do governador Jerônimo Rodrigues, que escolherá um dos nomes
-
Justiça11h49 de 02/12/2025
Policiais militares são presos por tortura e execução no sertão da Bahia
Seis PMs são alvo da ‘Operação Invisíveis’, deflagrada nesta terça-feira (2)
-
Justiça19h00 de 30/11/2025
Cármen Lúcia volta a defender a democracia e afirma: ‘O golpe me prenderia’
Ministra ainda comparou a ditadura com ervas daninha e disse que a democracia é como um jardim
-
Justiça21h20 de 25/11/2025
Julgamento dos acusados pelo assassinato de Sara Freitas é adiado; saiba o motivo
Uma nova data ainda será definida pela Justiça
-
Justiça06h49 de 21/11/2025
Jorge Messias se pronuncia sobre nomeação ao STF e faz promessa
Jusrista vai assumiu vaga de ministro subistituindo Luis Roberto Barroso, que anunciou sua aposentadoria em outubro
-
Justiça10h21 de 20/11/2025
Justiça Federal mantém prisão do presidente do Banco Master
O empresário foi preso na última segunda-feira (17), suspeito de envolvimento em um esquema de venda de títulos de crédito falsos
-
Justiça17h55 de 19/11/2025
Operadora telefônica vira alvo do MP-BA por cobranças indevidas
Órgão solicita que empresa seja condenada a pagar R$ 500 mil por dano moral coletivo; entenda











