Publicado em 13/07/2020 às 17h35.

Filha de Maria do Socorro pede liberdade da mãe: ‘Diga o que posso fazer e o farei’

Ex-presidente do TJ-BA está presa desde novembro, por ordem do ministro Og Fernandes, por suposta tentativa de ocultação de provas

Redação
Foto: Divulgação/TJ-BA
Foto: Divulgação/TJ-BA

 

A filha de Maria do Socorro Barreto Santiago, Luciana Santiago, decidiu pedir a liberdade de sua mãe em carta publicada na coluna de Fausto Macedo, no jornal O Estado de S.Paulo. A ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) está presa preventivamente desde novembro, por ordem do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça.

O motivo da prisão foi a suposta tentativa da magistrada em ocultar provas da investigação sobre esquema de venda de sentenças no TJ-BA, em processos referentes a terras no Oeste baiano. Na transcrição da conversa interceptada pela Polícia Federal, Socorro comenta com a secretária do gabinete sobre um celular levado no cumprimento do mandado de busca e apreensão.

“É, é, é… Ainda bem que, eu acho, que menino tirou algumas coisas, não foi?”, teria dito a desembargadora afastada na ocasião.

“Encarecidamente”, Luciana Santiago pede que o ministro conceda liberdade à sua mãe, devido ao “risco de morte” por causa da pandemia do novo coronavírus. A filha de Maria do Socorro se preocupa com a condição de risco da ex-presidente da Corte baiana – 67 anos e comorbidades como hipertensão e diabetes.

“A minha mãe está presa por ter feito uma ligação desconhecendo a existência de uma proibição dentro de uma decisão de 70 páginas que lhe foi entregue, minutos após a saída da PF. Eu havia lhe pedido para saber desse celular. A indagação sobre o esvaziamento do celular era minha e não de minha mãe, e ela não recebeu resposta, pois ali soube da vedação de contato com seu gabinete. Surpresa com a informação, desligou. E foi esse o motivo de sua prisão”, argumentou Luciana.

Luciana disse que sua mãe não foi informada de que não poderia se comunicar com o gabinete, já que na decisão constava apenas o afastamento das funções por 90 dias e intimação para comparecer à Polícia Federal para prestar esclarecimentos. Dessa forma, ela entende como “arbitrárias” as decisões mantêm a “prisão sem condenação” de sua mãe, diante da crise sanitária que assola o país.

A filha de Maria do Socorro escreveu ainda que a desembargadora afastada tem “direito à vida”, e que seu olhar é “pura tristeza”.

“Ajude-me a garantir a vida de minha mãe. Ajude-me a continuar acreditando na Justiça. Diga-me o que posso fazer e o farei. Apenas não posso retornar para minha própria vida enquanto a dela não for respeitada. Não deixem acontecer com a minha mãe o que aconteceu com Nelson Meurer. Ela não foi condenada por nada e não merece pagar com a morte”, acrescentou.

Luciana se refere ao ex-deputado do PP, condenado na Operação Lava Jato a 13 anos e 9 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Meurer estava internado após ser diagnosticado com o novo coronavírus. Cinco detentos que ficavam no mesmo alojamento que o ex-deputado e trabalham na manutenção da unidade testaram positivo para a Covid-19.

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