STF julga validade de regras para investigação de acidentes aéreos
Caso será retomado após queda do avião da Voepass
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (14) o julgamento de uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra as regras de sigilo e de restrição ao compartilhamento de investigações sobre acidentes aéreos no país.
O caso chegou ao Supremo em fevereiro de 2017 e será retomado após a queda do voo da Voepass, ocorrido na sexta-feira (9) em Vinhedo (SP). A ação começou a ser julgada em 2021 no plenário virtual.
Na ocasião, o ministro Nunes Marques votou pela constitucionalidade da Lei 12.970/2014, que alterou o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e estabeleceu as medidas questionadas. Após o voto do ministro, que é relator do caso, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista feito pelo ministro Alexandre de Moraes.
O conflito ocorre porque as investigações realizadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) servem para prevenção de outros acidentes, ou seja, não têm propósito de punir os envolvidos. Por outro lado, o Ministério Público e a Polícia Federal (PF) buscam a responsabilização criminal de eventuais irregularidades cometidas pelos fabricantes das aeronaves, pilotos, mecânicos e companhias aéreas.
Questionamentos
O principal ponto questionado pela PGR trata da finalidade da investigação conduzida pelo Cenipa. Conforme a lei, a investigação realizada pela Aeronáutica não pode ser utilizada para fins probatórios em processos judiciais e administrativos. Além disso, o acesso só pode ocorrer mediante requisição judicial.
Para a PGR, a regra impede o acesso de pessoas envolvidas, o Ministério Público e a polícia criminal às informações da investigação. “Trata-se de dados que dizem respeito a pessoas atingidas por acidentes e incidentes aéreos, a seus familiares e às funções institucionais desses órgãos. A proibição legal de acesso suprime o direito de defesa garantido constitucionalmente”, diz a procuradoria.
Na ação, a PGR também questiona o trecho da lei que prevê a precedência da investigação dos militares em relação a outras apurações em curso. De acordo com a procuradoria, o Supremo deve garantir que outros órgãos, como o Ministério Público e a Polícia Federal, também tenham acesso simultâneo às apurações.
A PGR argumenta que falhas nos motores de avião, por exemplo, podem gerar responsabilização criminal e cível, e o envio das peças para o fabricante pode impedir a “busca da verdade” .
“Falhas nesses produtos podem gerar responsabilidade civil e até criminal de fabricantes e seus prepostos, e não se pode admitir que partes tendencialmente interessadas em se forrar a tais responsabilidades realizem tais exames sem acompanhamento devido de peritos do sistema de Justiça”, afirma o órgão.
A PGR também defende que deve ser obrigatória a comunicação de indícios de crimes durante a investigação conduzida pela Aeronáutica e que a polícia pode reter vestígios para preservar provas. A sessão do Supremo está prevista para começar às 14h, um novo pedido de vista não está descartado.
Mais notícias
-
Justiça
10h02 de 19 de setembro de 2024
Moraes multa X em R$ 5 milhões por ‘truques’ para suspender bloqueio no Brasil
Medida acontece após a ativação da rede social para parte dos usuários na manhã de quarta-feira (18)
-
Justiça
09h03 de 19 de setembro de 2024
STF retoma julgamento sobre ampliação do foro privilegiado na sexta-feira (20)
Tema está sendo discutido em julgamento virtual
-
Justiça
08h26 de 19 de setembro de 2024
STJ nega novo pedido de habeas corpus a Deolane Bezerra
Além da revogação da prisão preventiva, o pedido apresentado pela defesa também solicitava o fim da proibição de se manifestar em redes sociais e na imprensa
-
Justiça
21h20 de 18 de setembro de 2024
CNJ afasta de vez desembargador nordestino por venda de habeas corpus
O Conselho Nacional de Justiça aposentou compulsoriamente o desembargador Luiz Antônio Araújo Mendonça, do Tribunal de Justiça de Sergipe
-
Justiça
17h59 de 18 de setembro de 2024
Barroso diz que alegação de inocência de réus do 8 de janeiro é ‘mito’
Ministro do STF propõe renovação de proposta de não persecução penal
-
Justiça
16h55 de 18 de setembro de 2024
Como Elon Musk driblou Moraes e reativou o X no Brasil
Associação Brasileira dos Provedores de Internet detalha recursos usados pela plataforma para voltar funcionar
-
Justiça
12h14 de 18 de setembro de 2024
Moacy Pitta é reconduzido a vaga de desembargador no TRE-BA
Magistrado conquistou 45 dos 53 votos válidos para o seu retorno ao cargo
-
Justiça
06h51 de 18 de setembro de 2024
TSE reconhece ilegalidade de bet eleitoral para apostas em candidatos
Prática pode ser enquadrada como abuso de poder econômico
-
Justiça
20h20 de 17 de setembro de 2024
Thiago Brennand é condenado a 10 anos de prisão por estupro contra ex-namorada
Thiago Brennand é réu em mais três processos criminais, todos envolvendo violência sexual contra mulheres
-
Justiça
18h58 de 17 de setembro de 2024
CNJ autoriza recurso do Judiciário para combate às queimadas
Repasse será arrecadado com multas e penas pecuniárias