Publicado em 02/08/2019 às 11h59.

Roberto Bischoff: ‘o empreendedor é uma pessoa que acredita no futuro’

Para o vice-presidente da Braskem, a inovação é indispensável e um bom gestor é alguém capaz de mobilizar pessoas

Daniel Lyra
Roberto Bischoff. Foto: J. Gueiros.
Roberto Bischoff. Foto: J. Gueiros.

Com uma carreira consolidada na indústria petroquímica, Roberto Bischoff é o vice-presidente da Braskem responsável por competitividade, energia, saúde, dentre outras atribuições. Na entrevista, ele falou sobre a importância da inovação, do Plástico Verde e ainda trouxe conselhos para os empreendedores baianos.

Roberto é bacharel em engenharia mecânica e tem diploma em administração de empresas com licenciatura em administração pública pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele também foi o responsável pela implantação da Braskem Idesa no México.

Confira o bate-papo da coluna Tipo Assim com Roberto Bischoff.

Como foi a implantação da Braskem Idesa no México?

Foi um grande desafio. Uma empresa brasileira que pela primeira vez vai fazer o investimento de U$ 5 bilhões no exterior, construindo um complexo petroquímico em cima de disponibilidade de matéria prima competitiva. Realmente, foi um desafio cultural importante. Foi um desafio de estruturação de um novo negócio fora do país e que eu acho que só fortalece nossa convicção sobre a competência do empreendedor e do empresário brasileiro em mobilizar recursos e encontrar formas de entregar resultados em situações desafiadoras.

Além da qualificação técnica, quais características um bom gestor deve ter?

Um gestor tem que ter uma grande capacidade de mobilizar pessoas em torno de um propósito, de um objetivo, em torno de um resultado esperado. Projetos de magnitude nunca são projetos de uma pessoa, são projetos de um grande time com compromisso, motivação e buscando chegar aos resultados planejados.

Na verdade, nós brasileiros temos uma característica muito forte, junto com nossa criatividade esse comprometimento, essa forma de buscar e conseguir entregar resultados, adaptando-se principalmente em culturas diferentes, essa nossa forma de fazer nos dá muito acesso, nos faz ser bem recebidos em outros países. Neste mundo moderno, em que há mudanças o tempo todo, atualizações são necessárias.

Para você, qual a importância de programas de inovação como o que a Braskem possui desde 2004?

Inovação é indispensável em qualquer tipo de indústria. Hoje, mais do que nunca, não só do ponto de vista de produtos imaginados como conteúdo tecnológico, mas também como formas de fazer. A revolução, a ruptura de novas tecnologias, a convergência do desenvolvimento de diversas novas soluções.

O mundo digital trouxe um nível de vulnerabilidade e de incertezas que as empresas hoje estão se preparando para enfrentar. Não tem mais forma de pensar a realidade das empresas da mesma maneira que a gente pensava antes. O mundo hoje muda numa velocidade impressionante, os modelos de negócios se alteram, as formas de interagir se alteram e isso tudo está levando as empresas a responder. Inovação é a forma.

Nós temos que nos preparar não só como inovação no nosso portfólio de produtos, mas como inovação na nossa forma de fazer negócios, principalmente usando novas ferramentas e novas soluções, para permitir que a empresa continue competitiva atendendo o que são as demandas da sociedade.

Como é a repercussão do Plástico Verde no mundo, que é um produto brasileiro?

O plástico verde é uma criação da Braskem, uma tecnologia brasileira que utiliza matéria prima originária de cana de açúcar e transforma essa matéria prima em plástico verde, pois ele é de fonte 100% renovável, então ele não tem nenhuma participação de combustível fóssil e ele, como qualquer plástico, é 100% reciclável.

É uma solução brasileira. É a maior planta de produção que existe no mundo e ela tem um enorme impacto ambiental, pois ao invés de emitir CO2 na hora da produção do plástico, ele absorve CO2 através da fotossíntese da cana de açúcar, então é uma solução ambientalmente muito correta e sustentável e criação Braskem. A fábrica foi inaugurada em 2010 e um lançamento foi feito uns anos antes e hoje, muito desenvolvida, a produção é feita no Rio Grande do Sul, a partir de álcool de cana de açúcar.

Vocês pensam em expandir Iniciativas como o Prêmio Braskem de Teatro?

A Braskem, dentro da visão de desenvolvimento sustentável, enxerga como um consolidado de três pilares muito fortes: o pilar econômico; o pilar ambiental e um pilar fortemente social. A gente considera que tem compromisso de retornar para a sociedade em diversas formas, mas principalmente em algumas linhas ligadas à inovação, sustentabilidade, cultura e educação.

O prêmio Braskem de teatro é uma iniciativa muito exitosa, que tem 26 anos de Bahia, que tem apoiado uma grande quantidade de projetos e junto com ele existe uma iniciativa também na mesma linha, chama “Fronteiras do Pensamento”, que busca trazer pensamento contemporâneo atualizado para a discussão com a sociedade. A intenção é manter o mesmo nível de iniciativas das mesmas formas e com o mesmo comprometimento que a gente vem fazendo até hoje.

Qual conselho você daria para os empreendedores baianos?

Eu acho que o empreendedor é uma pessoa que naturalmente acredita no futuro e trabalha para mudar o futuro, baseado na sua crença e na sua perseverança, na sua vontade de fazer. O país vive um momento difícil, em que a economia não ajuda, mas se eu deixasse uma mensagem para o empreendedor seria: continue acreditando no futuro, são vocês que vão ajudar a construí-lo.

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