Publicado em 13/10/2025 às 15h31.

Outubro Rosa: diagnóstico de câncer de mama aumenta risco de depressão em mulheres

Especialista reforça a importância do cuidado psicológico e da rede de apoio no tratamento

Edgar Luz
Foto: Divulgação

 

O Outubro Rosa, mês voltado para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, também chama atenção para um aspecto muitas vezes negligenciado: a saúde mental das mulheres que enfrentam a doença. Além dos desafios físicos, o diagnóstico e o tratamento podem gerar impactos emocionais, afetando a autoestima, o convívio social e até a continuidade do tratamento.

De acordo com dados da Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), uma em cada quatro mulheres diagnosticadas com câncer de mama apresenta maior vulnerabilidade para desenvolver quadros de depressão. As transformações físicas, como queda de cabelo, alterações de peso e mudanças na pele , somadas ao afastamento do trabalho e à limitação das atividades cotidianas, intensificam sentimentos de tristeza, medo e isolamento.

Opinião da especialista

A psicóloga Carolina Ackerman Sousa, da Rede Hapvida, explica que o impacto emocional costuma ser imediato:

“Receber um diagnóstico de câncer é sempre um susto, para a pessoa e para a família. Pode gerar muitos conflitos internos com o impacto da notícia; algumas chegam a negar a situação, até mesmo pelo medo de um tratamento que não sabe exatamente como funciona. Algumas mulheres podem desenvolver ansiedade, depressão, insônia… Pode haver perda de libido, o que pode impactar nos relacionamentos”, destaca.

A especialista reforça que cuidar da saúde emocional é essencial para fortalecer o organismo e garantir uma melhor resposta ao tratamento:

“Uma pessoa com o psicológico mais fortalecido tende a ter uma imunidade melhor. Os pensamentos positivos são de grande ajuda nesse momento, afinal, eles ativam reações neuroquímicas que trazem a sensação de bem-estar”, explica.

Entre as práticas recomendadas por Carolina estão atividades que estimulem a criatividade e promovam relaxamento, como dança, yoga, artesanato, escrita e musicoterapia. “Quando essas atividades são feitas em grupo, o efeito é ainda mais positivo, pois favorece a criação de laços afetivos e novas amizades”, complementa.

Rede de apoio e acolhimento

O papel da família e dos amigos é outro ponto essencial no processo de enfrentamento da doença. Mais do que palavras de incentivo, o suporte emocional deve estar baseado na escuta e no respeito aos limites da paciente.

“Acima de tudo, respeito. Respeito pelo que é dito, pela dor, pelo silêncio. Nem sempre a pessoa vai se sentir disposta, afinal, o corpo muda devido ao tratamento. Então é importante acolher quando ela quiser conversar e estar presente nas pequenas ações do dia a dia”, orienta Carolina.

A psicóloga também lembra que quem cuida também precisa de cuidado. “A rede de apoio pode se sentir sobrecarregada ou até isolada. É fundamental que amigos e familiares ofereçam momentos de leveza, descanso e distração, ajudando a equilibrar o emocional de todos os envolvidos nesse processo”, conclui.

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