Argentinos escolhem neste domingo novo presidente
Pela primeira vez na história do país, eleições são decididas em segundo turno
Trinta e dois milhões de argentinos vão hoje (22) às urnas para escolher o presidente que vai governar o país a partir do dia 10 de dezembro e durante os próximos quatro anos. Adversários nesta eleição, mas amigos de longa data, o governista Daniel Scioli e o oposicionista Mauricio Macri têm muito em comum: ambos são filhos de empresários ricos, estudaram em universidades privadas e saíram do mundo do esporte para iniciar carreira politica depois dos 40 anos.

Nos últimos oito anos, os dois presidenciáveis governaram dois dos cinco maiores distritos eleitorais da Argentina, que juntos representam 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Macri foi prefeito da capital, Buenos Aires (com 2 milhões de eleitores), e Scioli governador da província de Buenos Aires (com 11 milhões de eleitores).
“Esta é uma eleição inédita na Argentina porque é a primeira na história em que a presidência será decidida no segundo turno”, disse o analista politico Rosendo Fraga. “Também será a primeira vez, em 50 anos, que o presidente não será um militar ou um advogado”. Scioli, o mais votado no primeiro turno, formou-se em comércio internacional. Macri, o favorito nas últimas pesquisas de intenção de voto, é engenheiro.
Macri foi presidente do clube de futebol Boca Juniors, antes de fundar o partido conservador Proposta Republicana (PRO), pelo qual foi eleito prefeito de Buenos Aires em 2007 e reeleito em 2011. Scioli foi campeão de motonáutica, até aceitar a proposta do então presidente Carlos Menem de se candidatar a deputado federal pelo Partido Justicialista (Peronista) em 1997. Em 2003, ele foi eleito vice-presidente de Néstor Kirchner que, apesar de ser peronista, foi o principal adversário de Menem. Em 2007, Scioli foi eleito governador de Buenos Aires e – a exemplo de Macri – reeleito em 2011.
Tanto Scioli quanto Macri tiveram a vida marcada por acontecimentos traumáticos. O candidato governista perdeu um braço em um acidente de lancha em 1989 e usa prótese. O oposicionista foi sequestrado em 1991 e libertado duas semanas depois, quando a família pagou um resgate de US$ 6 milhões.
As mulheres dos dois candidatos, além de amigas, também têm muito em comum: Juliana Awada (casada com Macri) e Karina Rabolini (mulher de Scioli) são empresárias da moda. “Com trajetórias de vida tão parecidas, Macri e Scioli não têm muitas diferenças ideológicas. Especialmente agora, na reta final da campanha, quando eles se aproximaram mais do centro, para conquistar os votos dos indecisos”, diz Rosendo Fraga. “E não importa quem for o presidente, o desafio será o mesmo: consertar a economia”.
Os desafios políticos, disse Rosendo, serão diferentes para cada um. No primeiro turno, Macri elegeu seu sucessor na prefeitura de Buenos Aires e conquistou as maiores províncias – inclusive Buenos Aires, governada ha 28 anos pelos peronistas, sendo que os últimos oito por Scioli. Mas a aliança Cambiemos (Mudemos), que apoia a candidatura de Macri, vai ter que negociar com a oposição para governar. Os partidos da coligação governista Frente para a Vitória, de Scioli, têm maioria própria no Senado e é a primeira minoria na Câmara dos Deputados. “Macri, se for presidente, vai precisar do apoio do Partido Peronista. Mas Scioli também – porque os peronistas estão divididos”, disse Fraga.
Sergio Massa – que foi aliado dos Kirchner antes de passar para a oposição – teve o apoio dos peronistas dissidentes no primeiro turno, conquistando 21% dos votos. Ficou em terceiro lugar, sem possibilidade de chegar à presidência, mas com poder para negociar com os dois candidatos ao segundo turno. Massa disse que não vai votar em Scioli. “Ele está apostando em liderar o peronismo se Scioli for derrotado”, disse o analista politico Roberto Bacman. Scioli tampouco contou com o apoio de Cristina Kirchner, que nunca o considerou um verdadeiro “kirchnerista”.
Segundo Bacman, se Scioli tivesse marcado suas diferenças em relação ao estilo kirchnerista de governar, poderia ter conquistado os votos daqueles que aceitam o modelo econômico e social, mas estão cansados dos confrontos internos e externos. “Mas Cristina nunca deixou que ele se distanciasse, impondo o vice-presidente e deixando claro que a líder do peronismo é ela”, disse Bacman. Se Scioli for derrotado, a próxima disputa será pelo controle do partido.
Mais notícias
-
Mundo09h19 de 17/12/2025
Trump ordena bloqueio de petroleiros da Venezuela, que reage: ‘Ameaça grotesca’
A ação marca um novo capítulo nas tensões entre Washington e Caracas
-
Mundo09h36 de 16/12/2025
Lula envia carta de agradecimento a Trump por retirar sanções contra Moraes
"Ainda tem mais coisas para acertar entre nós", disse o presidente brasileiro na mensagem
-
Mundo09h17 de 15/12/2025
José Antônio Kast, o ‘Bolsonaro chileno’, é eleito novo presidente do Chile
Presidente eleito já chamou Lula de corrupto e defendeu a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022
-
Mundo08h48 de 15/12/2025
Lula repudia ataque terrorista antissemita na Austrália: ‘Profunda consternação’
Ao menos 16 pessoas morreram e outras 26 ficaram feridas no ataque que ocorreu em uma das praias mais famosas da cidade de Sydney
-
Mundo15h21 de 14/12/2025
Imprensa internacional repercute retirada de Moraes da lista de sanções dos EUA
O magistrado e sua esposa foram retirados da lista da Lei Magntisky na sexta-feira (12)
-
Mundo13h21 de 14/12/2025
Tiroteio em universidade nos EUA deixa 2 mortos e 8 feridos
De acordo com as forças de segurança de Providence, uma "pessoa de interesse" envolvida nos ataques já foi presa
-
Mundo20h27 de 13/12/2025
Ataque de Israel mata comandante sênior do Hamas
Saed também já teria comandado o batalhão do Hamas na Cidade de Gaza, um dos maiores da organização
-
Mundo15h08 de 12/12/2025
EUA retiram Alexandre de Moraes e sua esposa da lista de sanções da Lei Magnitsky
Ministro havia sido sancionado em julho, já sua esposa no dia 22 de setembro
-
Mundo08h55 de 12/12/2025
Intervenção americana por terra na Venezuela começará em breve, diz Trump
Nas últimas semanas, Trump tem ameaçado repetidamente iniciar ataques contra narcóticos que estão sendo contrabandeados por terra
-
Mundo09h09 de 11/12/2025
Conselho de Paz de Gaza só será definido no início de 2026, afirma Trump
Segundo o presidente americano, diversos líderes expressaram seu desejo de compor o conselho











