Publicado em 13/11/2015 às 22h30.

Baiano descreve terror vivido em Paris

Radicado em Paris há anos, o ator Sergio Guedes conta com exclusividade para o Bahia.ba como viu a onda de ataques

Jaciara Santos
frança
A tragédia que atingiu Paris nesta sexta-feira, 13, ainda está sendo desenhada. Não tem nome nem cor. Mas tem muita emoção. Para além do noticiário padronizado das agências, o Bahia.ba obteve com exclusividade o depoimento de um baiano que conhece a capital francesa quase tão bem como Salvador. Entre idas e vindas, já contabiliza mais de 20 anos de residência na França. É, por assim dizer, sua segunda terra. O Bataclan, um dos cenários da tragédia, fica a cinco estações de metrô da casa dele.

E é ainda impactado pela tragédia, que o ator Sergio Guedes, de 59 anos, relata os acontecimentos desta noite. Confira. Para ele, a ficha ainda não caiu.

 

sergio
Guedes, ainda sob o impacto da tragédia (Foto: Facebook)
Estava em casa de amigos jantando quando do celular de um deles, do Brasil, alguém lhe pergunta se está tudo bem e nos inteira rapidamente do que estava ocorrendo. Ligamos a TV e fomos pegos de surpresa como toda a cidade e todo o mundo!
Seguimos assistindo, com emoção crescente, as noticias, muitas vezes contraditórias do número de mortos, de locais de atentados, de medidas de segurança. Cada vez mais cresceu a certeza de que havia mais mortos e que, dentre os feridos, muitos outros morreriam; e que desses feridos tantos teriam as sua vidas arrasadas!
Veio logo a mensagem para a França do presidente Obama. Mensagem elegante e solidária, E comovente por serem eles os que em primeiro lugar experimentaram, com amplitude máxima, os atentados vindos de onde pensamos que esses de hoje também vêm.
Voltei para casa. Paris meio vazia, filas para táxis, silêncio… No metrô, vi algumas bandas de jovens rindo muito, gritando muito. Embriagados (de álcool? histeria? nervosismo?) Agiam como se a festa continuasse!
No meu telefone, muitas mensagens de amigos que queriam saber como eu estava e me emocionei ainda mais.
Chegando em casa, o Hospital Pitié Salpêtrière, à frente cheio de jornalistas a postos com câmeras assestadas, esperando a chegada de feridos. Foram quantos mesmo? Lembrei-me de que foi nesse hospital que os jornalistas ficaram amontoados quando Lady Diana Spencer veio parar depois do acidente. Lembrei-me também de que no domingo passado eu, e centenas de pessoas estávamos no Bataclan, assistindo a um show da Nina Hagen, o que teria sido uma ocasião propícia para um atentado ter ocorrido.
Mas esses caras queriam mais, queriam criar um caos e conseguiram. Não creio que uma cidade com memória de revoluções, ocupações, revoltas e sítios vá se acovardar ou perder o “panache”! Mas acho que amanhã, na feira, nas ruas, nos ônibus, nas lojinhas do bairro estaremos quase chorando e trocando palavras de reconforto e coragem uns com os outros.
Sabemos todos que a França está em guerra! Não no seu território, pelo menos não estava até hoje! Guerras no continente africano e no Oriente Médio que começaram tarde demais e com táticas que deixariam a desejar, segundo alguns. O que não torna menos firme a tácita decisão de resistir do povo Francês.
Do que disse o nosso presidente François Hollande guardei pouca coisa senão o protocolar e proverbial: “Vive la République, Vive la France!”
 
Temas: terror , Paris , atentados

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