Publicado em 23/04/2024 às 18h03.

Espanha cria fundo para vítimas de abuso sexual de padres católicos

O fundo visa compensar estimadas 440 mil vítimas de décadas de abuso sexual cometido por clérigos, funcionários ou professores católicos

Redação
Foto: Assessoria/Ministério da Justiça da Espanha

 

A Espanha vai criar um fundo, a ser financiado em grande parte pela Igreja Católica, para compensar estimadas 440 mil vítimas de décadas de abuso sexual cometido por clérigos, funcionários ou professores católicos, anunciou o ministro da Justiça espanhol, nesta terça-feira (23).

O ministro da Justiça, Félix Bolaños, disse aos repórteres que a Igreja falhou durante décadas em atender aos pedidos de reparações, e que as suas respostas ao relatório tinham variado por diocese. “Queremos responder para prevenir, reparar e tentar saldar a dívida que a nossa sociedade tem para com as vítimas”, disse Bolaños.

O esquema governamental, previsto para vigorar até 2027, prevê uma fórmula ainda indefinida que exigiria que a Igreja “pagasse a totalidade ou uma parte substancial da compensação e fornecesse outros elementos de reparação simbólica”.

Bolaños disse que o seu Ministério negociaria com os bispos a contribuição da Igreja para o fundo e que tinha a impressão de que estava disposto a cooperar.

No entanto, a Conferência Episcopal Espanhola disse que não poderia aceitar um plano que excluísse vítimas de abuso sexual em outras organizações, pois representava um “julgamento condenatório de toda a Igreja que aborda apenas parte do problema”.

Em novembro, a Igreja disse pela primeira vez que iria compensar as vítimas, mesmo em casos deixados em aberto devido à morte do padre infrator. Bolaños disse que um órgão especializado independente estudaria os casos em que o agressor morreu ou o prazo de prescrição foi aprovado, ou que nunca chegou a tribunal.

O governo também planeja organizar um evento público com as vítimas e seus familiares para oferecer “reparação simbólica” em nome do Estado. No vizinho, Portugal, a Igreja anunciou este mês que iria compensar as vítimas caso a caso, uma abordagem criticada por grupos de sobreviventes.

 

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