Netanyahu enfrenta dilema político entre trégua em Gaza e ataque a Rafah
Representantes do Hamas viajaram ao Cairo para negociação de cessar-fogo antes da invasão israelense em Rafah
Os aliados de extrema-direita do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estão aumentando a pressão sobre o líder para que ele rejeite um novo cessar-fogo em Gaza, colocando em risco a estabilidade de seu governo caso recue de um ataque ao grupo militante palestino Hamas em Rafah, de acordo com informações do portal InfoMoney.
Representantes do Hamas viajaram ao Cairo nesta segunda-feira (29), à medida que mediadores intensificam os esforços para um acordo de cessar-fogo antes da ameaça de invasão israelense em Rafah — uma área na fronteira do enclave com o Egito onde cerca de um milhão de palestinos deslocados pela campanha militar de Israel em Gaza estão abrigados.
Mas Israel diz que quatro batalhões remanescentes do Hamas estão entrincheirados lá — depois de mais de seis meses de guerra desencadeada pelo ataque transfronteiriço do grupo em 7 de outubro — e que os atacará após retirar os civis.
No entanto, se um cessar-fogo for acordado, os planos de ataque serão arquivados em favor de um “período de calma contínua”, de acordo com uma fonte informada sobre as negociações, durante algumas dezenas de reféns do Hamas serão libertados em troca de prisioneiros palestinos.
No domingo, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, pediu a Netanyahu que não recuasse de uma ofensiva terrestre contra o Hamas em Rafah, mesmo com o premiê enfrentando a pressão de aliados internacionais para descartar os planos de ataque devido ao risco de grandes baixas civis e de um desastre humanitário.
Um cessar-fogo seria uma derrota humilhante, disse Smotrich em um vídeo que ele divulgou para a imprensa e endereçou a Netanyahu. Se ele não conseguir acabar com o Hamas, “um governo chefiado por você não terá o direito de existir”, disse ele.
O gabinete de Netanyahu e seu partido conservador Likud não emitiram uma resposta às declarações dos ministros. Seus porta-vozes não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto nesta segunda-feira.
De outro lado do governo, Benny Gantz, um ex-ministro da Defesa centrista que se juntou ao gabinete de guerra de emergência de Netanyahu em outubro, fez sua própria repreensão, dizendo que a libertação dos reféns tinha prioridade sobre um ataque a Rafah.
A rejeição de um acordo responsável que garantiria a libertação dos reféns, disse Gantz em um comunicado, tiraria qualquer legitimidade do governo — dada a falha de segurança de 7 de outubro e o clamor em Israel pelo retorno dos reféns.
As famílias de alguns reféns têm se tornado cada vez mais francas contra Netanyahu, acusando-o de colocar sua própria sobrevivência política à frente do destino de seus entes queridos. O premiê nega veementemente a acusação e diz que está fazendo todo o possível para garantir a libertação dos reféns, o que, segundo ele, tem sido dificultado pelo Hamas.
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