Publicado em 20/12/2015 às 11h00.

Queda livre do petróleo já garantiu ganho para a Petrobras

Nesta semana, o barril do petróleo chegou a ser negociado abaixo de US$ 35, patamar perdido desde 2009

Agência Estado

A queda livre no preço do petróleo no mercado internacional vai garantir bons resultados neste trimestre para a área de abastecimento da Petrobras, responsável pela venda de combustíveis no Brasil. Nesta semana, o barril do petróleo chegou a ser negociado abaixo de US$ 35, patamar perdido desde 2009. Pelos cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a petroleira já ganhou R$ 8,3 bilhões com a diferença entre os preços praticados no exterior e no mercado interno entre janeiro e outubro deste ano.

Atualmente, a Petrobras garante um prêmio de 32,4% com as vendas de gasolina e de 44,8% com as de óleo diesel no País. A conta considera a última divulgação feita pela US Energy Information Administration (EIA) em 7 de dezembro. A expectativa é que os ganhos tenham avançado ainda mais nos últimos dias, com a continuidade da desvalorização no preço do barril de petróleo no exterior. Diante de um cenário mais lucrativo, a pressão sobre a atual diretoria para um reajuste nos preços dos combustíveis sai de cena.

Ainda que lá fora a cotação não pare de cair, a Petrobras não tem intenção de favorecer o consumidor neste primeiro momento, equiparando os preços internos aos do mercado internacional, onde compra parte da gasolina e do diesel que vende no Brasil. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a estatal deve continuar perseguindo a política de ignorar as oscilações pontuais e esperar que o barril se estabilize em algum patamar para só então decidir mexer nos seus preços.

Por enquanto, segue recuperando perdas acumuladas nos últimos anos, por praticar valores menores do que os do mercado internacional, o que contribuiu para que o governo conseguisse segurasse a inflação. De janeiro de 2011 a novembro de 2014, a Petrobras perdeu R$ 57,6 bilhões – R$ 17,2 bilhões com a gasolina e R$ 40,4 bilhões com o diesel -, segundo o CBIE, por subsidiar os preços internos dos combustíveis. O cenário se inverteu com a queda da cotação no fim do ano passado e com os reajustes concedidos pela atual administração da empresa. O último foi em 30 outubro.

“O dinheiro que a Petrobras deixou de arrecadar (por manter os preços internos) equivale ao aumento da sua dívida líquida de 2011 a 2014. Mesmo que, desde novembro do ano passado, pratique preços mais altos do que os do mercado internacional, ainda assim está longe de recuperar o que perdei. Alinhar os preços, hoje, significaria colocar a empresa em uma situação ainda mais difícil do que a que está”, avalia o professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ Edmar Almeida.

Além da cotação do barril, as finanças da Petrobras são afetadas também pelo câmbio, ressalta o especialista. Se por um lado o preço do petróleo ajuda a empresa a ter um resultado financeiro melhor na área de abastecimento, a valorização da moeda americana em relação ao real compromete o balanço da empresa. “Como a Petrobras está endividada em dólar e também tem custos dolarizado, o que conta é o preço que obtém em dólar pelo barril que produz”, destacou Almeida.

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