Rússia transforma Brasil em ‘fábrica de espiões’, diz jornal

Uma investigação do jornal norte-americano “The New York Times”, publicada nesta quarta-feira (21), aponta que o governo da Rússia tem utilizado o Brasil como ponto estratégico para formar agentes secretos.

Segundo o veículo, cidadãos russos são enviados ao país para adotar identidades falsas, com o objetivo de atuar como espiões em outras regiões do mundo.

De acordo com a apuração, esses agentes se instalam em cidades brasileiras e constroem uma trajetória de vida que lhes permita parecer cidadãos comuns.

A ideia seria “camuflar” os agentes como brasileiros para que, posteriormente, possam circular com mais liberdade por países da Europa, Oriente Médio e até pelos Estados Unidos — locais onde realizariam atividades de inteligência em nome do Kremlin.

Entre os casos citados pela reportagem, está o de um suposto pesquisador preso na Noruega, em 2022, que usou um passaporte brasileiro ao desembarcar no país, mas que, segundo a polícia local, era na verdade um agente russo infiltrado.

Outro exemplo envolve um cidadão russo que abriu uma loja de joias em uma cidade do Brasil, como forma de consolidar sua nova identidade.

O NYT também retomou o caso de Sergey Cherkasov, revelado em janeiro pelo programa Fantástico, da TV Globo. Cherkasov foi preso no Brasil por portar documentos falsos e é investigado por espionagem.

Na época, a Polícia Federal (PF) apurou que ele teria recebido auxílio de membros da diplomacia russa no país. O Ministério Público apontou que Cherkasov se passava por um brasileiro para se infiltrar em universidades e organizações internacionais.

A reportagem reforça a preocupação de autoridades internacionais com a atuação de espiões russos disfarçados em diferentes países — especialmente em meio ao atual contexto de guerra e tensões diplomáticas envolvendo a Rússia.

Até o momento, o governo brasileiro não se pronunciou sobre o conteúdo da investigação.