Publicado em 03/02/2017 às 11h50.

Estrutura já é montada, mas MP ainda tenta impedir carnaval

A cidade está sob decreto de emergência, em situação financeira delicada, e atravessa um longo período de crise hídrica

Luís Filipe Veloso
Foto de arquivo do Movimento dos Sem Carnaval, ocorrido em 2011 (Reprodução/ blog Língua de Fogo)
Foto de arquivo do Movimento dos Sem Carnaval, ocorrido em 2011 (Reprodução/ blog Língua de Fogo)

 

O carnaval antecipado de Itabuna, no sul do estado, marcado para os dias 10, 11 e 12 de fevereiro, pode não ocorrer graças a uma ação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que questiona a origem dos recursos para a promoção do evento. A estrutura já está em processo de montagem na Avenida Beira Rio, local escolhido para abrigar a festa.

Segundo o MP-BA, a cidade atravessa um momento de crise financeira e hídrica, que se reflete no mau funcionamento dos serviços públicos essenciais. Na última quarta-feira (1º), representantes da prefeitura e do órgão fiscalizador participaram de uma reunião para discutir o planejamento financeiro e logístico da folia.

O procurador do município, Luiz Fernando Guarniere, acompanhado de uma comissão, informou aos promotores que R$ 70 mil dos R$ 526 mil necessários para a realização do carnaval já foram captados junto à iniciativa privada. Ainda de acordo com o defensor, também há a possibilidade de atração de receitas provenientes da Superintendência de Fomento ao Turismo da Bahia (Bahiatursa) e da Bahiagás.

A administração municipal também divulgou na reunião que a água que abastecerá os três dias de festa será totalmente doada, o que não impactaria na distribuição regular do insumo aos moradores. De posse dos relatórios apresentados e diante do fato de que o município está sob efeito de um decreto de situação de emergência, o promotor de Justiça Inocêncio Carvalho disse à TV Bahia que a realização do evento vai configurar como “destinação de recursos públicos para serviços não considerados essenciais, o que pode gerar uma ação contra os gestores”.

O bahia.ba não conseguiu falar com o promotor Inocêncio Carvalho, nem com o prefeito Fernando Gomes, até o fechamento da reportagem.

Fernando Gomes – Na última semana, ao ser notificado pelo MP-BA para apresentar o planejamento administrativo e financeiro para a realização da festa, o prefeito Fernando Gomes (DEM), que está cada vez mais perto de integrar a base do governador Rui Costa e de uma provável filiação ao PSD, reagiu mal à convocação.

“Não posso mandar no MP, assim como o MP não pode mandar na prefeitura. Eu sou um prefeito eleito pelo povo, está na Constituição. Sou homem de sentar na mesa e dialogar, mas não sou homem pra aceitar ordem de ninguém. A que eu aceito é daqueles que me elegeram”, disse o gestor, durante o lançamento do carnaval, no dia 27.

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