Publicado em 16/12/2019 às 11h47.

A ponte está nascendo. E vai botar o litoral baiano de volta ao começo

Vai dar uma acessibilidade que nunca existiu para Salvador, onde o PIB é bem maior, o dinheiro corre

Levi Vasconcelos
Animação: Secom/Gov-BA
Animação: Secom/Gov-BA

 

Março de 2009. Jaques Wagner, então governador da Bahia, entregou a Lula, então presidente da República, o que seria um projeto para a ponte Salvador-Itaparica, em encontro no Centro de Convenções da Bahia (o que desabou). Perguntamos ao engenheiro Noberto Odebrecht, presente ao ato: qual é a chance de a iniciativa construir e explorar essa ponte?

Ele pediu reservas, não queria ser protagonista de polêmicas, mas respondeu:

— Do ponto de vista da iniciativa privada, botar o dinheiro na expectativa de explorar e ser ressarcido, nenhuma. Mas governo é governo. Se quiser, vai e faz.

Que pena o velho Norberto não esteja vivo para ver. Não foi bem como ele pensou. Na real, uma PPP, ou Parceria Público-Privada, algo tipo meio lá meio cá.

Fim de linha

O fato é que a ponte, quando acontecer, será um marco na história da Bahia. O colonizador português tinha uma lógica objetiva: procurava um braço de mar para garantir a logística do seu principal meio de transporte, o barco, com água doce por perto e preferencialmente um lugar alto, para garantir ventilação e prevenção militar.

Essa área, de Itaparica a Itacaré, toda litorânea, de forte presença colonial, com o advento da economia girando pelos meios rodoviários, ficou um tanto escanteada. Era ponta de linha, virou o fim, A ponte vira esse jogo. Vai dar uma acessibilidade que nunca existiu para Salvador, onde o PIB é bem maior, o dinheiro corre.

Para a Usoport, é uma boa

Paulo Vila, diretor-executivo da Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport), disse ontem que a ponte Salvador-Itaparica é uma boa pedida para Salvador.

— Salvador é uma península. E península vem do latim. Pen é quase, e insula é ilha. É uma quase ilha. Disso resulta que 99% das cargas rodoviárias da capital baiana chegam por uma única via, a BR-324. Criar alternativas é uma necessidade.

Ele diz que do ponto de vista do Porto de Salvador, os possíveis problemas com o traçado da ponte podem ser resolvidos ao longo do ano, tempo em que o projeto será elaborado.

Ressalta também que para o porto em si, a ponte é uma boa pedida.

— O Porto de Salvador é de contêineres. Ora, os mais próximos que temos hoje na Bahia são o de Vitória (Espírito Santo) e o de Suape, em Pernambuco. A ponte vai encurtar distâncias. Teremos mais cargas.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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