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Publicado em 16/12/2025 às 19h06.

Aladilce vê portaria do Iphan como freio à elitização do Centro Histórico

Norma foi publicada na edição de segunda-feira (15) do Diário Oficial da União

André Souza
Foto: Victor Queirós

 

A líder da oposição na Câmara Municipal de Salvador, Aladilce Souza (PCdoB), classificou como oportuna a portaria publicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que estabelece novas diretrizes de preservação e critérios de intervenção no Centro Histórico da capital baiana, incluindo a área da Cidade Baixa. A norma foi publicada na edição de segunda-feira (15) do Diário Oficial da União.

Para a parlamentar, a medida, assinada pelo presidente do Iphan, Leandro Grass, representa um instrumento importante para conter o avanço de projetos que, segundo ela, vêm estimulando a gentrificação na região sob a gestão municipal. “São duas áreas urbanas emblemáticas, com conjuntos arquitetônicos protegidos por tombamento federal”, afirmou.

Aladilce destacou o valor histórico do Centro Histórico de Salvador, lembrando que o conjunto foi tombado pelo Iphan em 1984 e reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco em 1985. “São 40 anos de tombamento como patrimônio da humanidade. Nesse sítio histórico está a história de Salvador e do Brasil. É preciso muito cuidado, e essa Casa tem que estar vigilante”, disse.

A vereadora também cobrou maior participação popular e do Legislativo municipal nos projetos de requalificação da área. Segundo ela, as iniciativas em curso caminham para a elitização do espaço. “O que a gente tem visto é um projeto que transforma o Centro em um espaço elitizado, gourmetizado, o que não contribui para que Salvador se aproxime das suas raízes”, afirmou. Para Aladilce, a revitalização deveria reforçar a identidade indígena e africana da cidade.

Como exemplo do que considera distorções na política adotada pela prefeitura, a vereadora citou o uso do Elevador Lacerda para eventos privados de alto padrão. “É um cartão postal internacional que deveria ser mantido como espaço público, não privatizado”, disse. Ela também questionou a possibilidade de concessão da Praça Municipal à iniciativa privada, argumentando que o interesse do setor privado tende a priorizar a renda em detrimento do acesso público.

Na avaliação da parlamentar, a portaria do Iphan pode funcionar como um freio ao processo de privatização e especulação imobiliária no Centro Histórico. “Sem as pessoas que moram e trabalham ali, o Centro Histórico não é nada. Vira um espaço vazio, sem a diversidade que faz parte da nossa identidade como povo soteropolitano”, afirmou.

André Souza
Jornalista com experiência nas editorias de esporte e política, com passagens pela Premier League Brasil, Varela Net e Prefeitura Municipal de Laje. Apaixonado por esportes e música, atualmente trabalha como repórter de Política no portal bahia.ba.

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