Bolsonaro diz que acorda todos os dias ‘com a sensação de ter a PF na porta’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou em uma entrevista que acorda todos os dias com a sensação de ter a Polícia Federal (PF) na porta. O político expressou desconforto com o avanço de uma ofensiva judicial que considera infundada.

Embora não seja réu, Bolsonaro foi indiciado em investigações, incluindo uma sobre uma possível tentativa de golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. O ex-presidente tem o passaporte apreendido e não recebeu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para atender ao convite da equipe de Donald Trump para a posse do republicano nos Estados Unidos.

“Como você acha que eu acordo todo dia? Com a sensação de ter a PF na porta. Qual acusação? Não interessa”, disse Bolsonaro. A declaração foi dada em entrevista ao canal AuriVerde Brasil no YouTube, na quarta-feira (20).

Bolsonaro está indiciado em três inquéritos. Um investiga a tentativa de golpe, outro apura a falsificação de cartões de vacina contra a Covid-19, e o último trata da suposta venda ilegal de joias que ele recebeu como presente durante seu governo.

O ex-presidente também comentou sobre a democracia, destacando a importância da liberdade de expressão e a necessidade de formar uma “grande bancada de senadores para as eleições de 2026” para garantir os direitos fundamentais no Brasil.

“A gente não quer fazer uma grande bancada para perseguir ninguém. Queremos uma bancada forte para equilibrar os Poderes, que estão totalmente desequilibrados. Todos nós sofremos com isso. Temos pessoas presas no Brasil e exilados na Argentina”, afirmou.

Bolsonaro também falou sobre a emoção que sentiu ao se despedir de sua esposa, Michelle Bolsonaro, no sábado (18), quando ela viajou para os Estados Unidos para participar da posse de Trump.

“Ela tem personalidade, faz um trabalho discreto. Claro, eu queria estar ao lado dela. Por isso, a gente chora. Por que não chorar? Ou sou uma máquina? Tenho minhas fraquezas. Queria estar com ela, mas infelizmente não pude. Ela foi para lá”, comentou o ex-presidente.

Em fevereiro de 2024, a Polícia Federal apreendeu o passaporte de Bolsonaro, que estava em sua sala na sede do PL, em Brasília. A apreensão ocorreu no âmbito de uma investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.