Publicado em 25/12/2015 às 11h00.

Bozó na porta da Câmara provoca ‘guerra santa’ em Jequié

Despacho foi atribuído a partidários da prefeita Telma Britto, submetida a processo de impeachment.

Elieser Cesar

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Com a defecção de dois vereadores contrários à permanência da gestora no cargo, o processo de impeachment da prefeita de Jequié, Tânia Britto (PP), pode terminar em pizza, mas, por enquanto, já rendeu um tremendo bozó.
Às vésperas da maior festa cristã, os representantes da oposição receberam uma “cesta” nada natalina, um despacho, colocado na porta da Câmara Municipal, em um prato de barro com farofa, ovos, pimenta e os papéis com os nomes dos nove edis que defendem o afastamento da mandatária: Joaquim Caires, Soldado Gilvan, Pé Roxo, Chico de Alfredo, Dorival Junior, José Simões, Tinho de Waldeck, Ivan do Leite e Deyvison Batista

Diz a lenda que, no despacho, o ovo significa coisa negativa; a pimenta serve para causar a discórdia e a farofa para “amarrar” o trabalho espiritual. O “Feitiço de Tânia”, como o ebó foi apelidado pelos adversários da prefeita, provocou uma “guerra santa” na cidade do sudoeste baiano. Primeiro, o vereador Soldado Gilvan pediu que os católicos e evangélicos orassem para que Jequié, já engolfada em uma batalha política, não sucumba também a uma luta espiritual.

Depois, na noite desta quarta-feira (23) o grupo de vereadores para os  quais despacho foi direcionado realizou uma sessão de descarrego, com um nome de dimensões bíblicas: “Ato Profético em nome de Deus para quebrar supostas maldições”. “Com Deus somos sempre maioria. Vade retro Satana [Afasta-te Satanás]”, esconjurou o vereador Dorival Junior, obreiro da Igreja Universal do Reino de Deus. Foi, na sua abrangência, um ato ecumênico, pois, além dos evangélicos, estiveram presentes à pajelança político-religiosa os padres Inácio e Franco.

Manobra – Em uma manobra atribuída na cidade ao ex-deputado estadual Roberto Britto (marido da prefeita),  com o apoio do vice-governador João Leão, líder maior do PP na Bahia, o vereador Neto D´Água teria feito um acerto líquido e certo para mudar de opinião: trocou seu voto a favor do impeachment pelo cargo de Secretário Municipal de Cultura, abrindo vaga para a suplente Laninha, declaradamente a favor da prefeita. O primeiro a mudar de lado foi o evangélico Josué Menezes, também, com dizem em Jequié, em troca de nomeações.

Alimentam a suspeita de negociação pela mudança do voto, o fato de que a prefeita Tânia Britto tem exonerado e nomeado funcionários, desde a aceitação do pedido de impeachment, contemplando, inclusive, parentes de vereadores. Esta semana, Tãnia saboreou a primeira vitória, quando o procurador da Câmara e dirigente da OAB local, César Ribeiro, arquivou o pedido de afastamento temporário da prefeita até o encerramento dos trabalhos da Comissão Especial de Investigação (CEI), que apura denúncias de irregularidades administrativas, principalmente
em contratos da Secretaria Municipal de Educação.

O presidente da Câmara, Eliezer Pereira Filho (PDT), o Fiin, defendeu o procurador, sob alegação de que César Ribeiro agiu dentro da lei, que prevê o afastamento do gestor somente no plano federal, como no caso da presidente Dilma Rousseff. Sobre o bozó na porta da Câmara, Fiin diz que não sabe quem colocou. Por via das dúvidas, como a maioria dos edis, se benzeu.

Na encruzilhada do impeachment, a política em  Jequié “tá amarrada”.

Temas: Jequié

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