Publicado em 23/03/2016 às 12h20.

Contabilidade da Odebrecht indica propinas desde a década de 1980

Documentos de 1988 que circularam no departamento financeiro da empresa, em Salvador, foram entregues ao deputado Jorge Solla (PT), que os enviou à CPI

Redação
Foto: Reprodução Odebrecht
Foto: Reprodução Odebrecht

 

Documentos de 1988, que circularam no departamento financeiro da Odebrecht, em Salvador, e chegaram à CPI da Petrobras e à força tarefa da Lava-Jato em Brasília, no ano passado, mostram que a contabilidade da propina feita pela construtora nos últimos anos segue padrões do tempo do fundador da empresa, Norberto Odebrecht.

Entre o calhamaço de documentos, estão planilhas de propina ainda escritas à mão, que já não servem mais como provas de corrupção porque dizem respeito à crimes prescritos, mas servem, ao menos, para indicar que o pagamento de propina em troca de contratos com o poder público já seria prática da empreiteira há três décadas.

Todos os documentos estavam em poder de uma ex-secretária do departamento financeiro da Odebrecht, Conceição Andrade. A aposentada contou ao Globo que recebeu os documentos por engano em sua casa, juntos com seus pertences pessoais, quando foi desligada da construtora, na década de 1990. Ao jornal Globo, ela afirmou que não havia dúvida naquela época de que se tratava de propina e afirmou ser a responsável em operacionalizar os pagamentos. Os documentos foram entregues por ela ao deputado Jorge Solla (PT-BA), que os enviou à CPI.

Conceição é uma das antecessoras de Maria Lúcia Tavares, a secretária que controlava os lançamentos de propina da empreiteira, que foi presa e que delatou o funcionamento dessa estrutura à Lava Jato. Agentes públicos e políticos são nomes presentes nas planilhas de 30 anos atrás e aparecem como “parceiros”, que muitas vezes estão identificados com codinomes, modus operandi que ainda é utilizado atualmente.

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