Publicado em 21/08/2019 às 08h52.

Dallagnol planejou monumento à Lava Jato, mas Moro previu crítica à ‘soberba’

A ideia do procurador era realizar um concurso para a confecção de uma escultura que simbolizasse a operação

Redação
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol planejou uma espécie de monumento à operação, conforme reportagem da Folha e do Intercept Brasil.

A ideia, exposta a colegas no Telegram, era realizar um concurso para a confecção de uma escultura que simbolizasse a Lava Jato e mudanças defendidas pelos procuradores, como o projeto das Dez Medidas, que estava em tramitação no Congresso, e a reforma política.

“A minha primeira ideia é esta: Algo como dois pilares derrubados e um de pé, que deveriam sustentar uma base do país que está inclinada, derrubada. O pilar de pé simbolizando as instituições da justiça. Os dois derrubados simbolizando sistema político e sistema de justiça…”, escreveu Dallagnol.

O coordenador da força-tarefa buscou, então, o apoio do então juiz Sérgio Moro, que frustrou a expectativa do procurador.

“Isso virará marco na cidade, ponto turístico, pano de fundo de reportagens e ajudará todos a lembrar que é preciso ir além… Posso contar com seu apoio?”, perguntou Dallagnol a Moro. “Não é melhor esperar acabar?”, respondeu o juiz.

O procurador negou que objetivo do monumento fosse “endeusar” a operação e insistiu: “Eu apostaria que tão somente a existência do concurso já será matéria de jornal, estimulará o debate sobre reformas, e frisaremos na proposta do concurso das esculturas a necessidade de reformas e que elas simbolizem as reformas necessárias… sabemos que precisamos ir além, como país, e só estou pensando nisso para fazer tudo o que estiver ao meu/nosso alcance”.

Após pedir um prazo para pensar, Moro se manifestou contra a proposta: “Melhor deixar para depois. Em tempos de crise, o gasto seria questionado e poderia a iniciativa toda soar como soberba”.

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