Depoimento de Lula sobre ‘venda’ de medidas provisórias é adiado
Ex-presidente teria que dar explicações sobre "fatos relacionados ao lobby realizado para a obtenção de benefícios fiscais" para montadoras, em seu governo

Foi adiado o depoimento que seria prestado à Polícia Federal pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (17) sobre o suposto esquema de “venda” de medidas provisórias em seu governo. O pedido foi feito pela defesa do petista e aceito por investigadores da Operação Zelotes.
Um mandado de intimação expedido no último dia 3 definiu que Lula teria de comparecer nesta quinta, na sede da PF em Brasília, para dar explicações sobre “fatos relacionados ao lobby realizado para a obtenção de benefícios fiscais”, por meio das MPs, que favoreceram montadoras de veículos. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em série de reportagens publicada em outubro.
Conforme apurou a reportagem, não há data marcada para que a oitiva ocorra.
Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, é investigado na Zelotes por ter recebido R$ 2,5 milhões de um dos lobistas investigados pela “compra” das MPs. O ex-ministro Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula, também é alvo da operação por suspeita de atuar em “conluio” com os investigados para, supostamente, atender a interesses das empresas do setor automotivo no Palácio do Planalto. Ambos negam veementemente ter participado de irregularidades. Luís Cláudio diz que recebeu por serviços de consultoria prestados por uma de suas empresas, a LFT Marketing Esportivo.
Em nota divulgada na semana passada, Lula disse que não tem relação com os fatos investigados, mas que está à disposição das autoridades para contribuir com o “esclarecimento da verdade”. Ele ressaltou que a MP 627, de 2013, que foi editada e aprovada no período em que seu filho recebeu dinheiro do lobista, não é de sua gestão, mas do governo da aliada e sucessora Dilma Rousseff.
Outras investigações – Lula viajou a Brasília e prestou, no entanto, depoimentos sobre outras investigações na última quarta (16). Em um deles, falou sobre o esquema de corrupção na Petrobras, investigado na Operação Lava Jato. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki autorizou que ele fosse ouvido como “informante” em inquérito que apura formação de quadrilha por políticos de PP, PT e PMDB para desviar recursos da estatal.
Também na quarta, o ex-presidente deu explicações ao Ministério Público Federal sobre seu suposto envolvimento com um empresário italiano. Trata-se de Valter Lavitola, operador de negócios do ex-primeiro ministro da Itália Silvio Berlusconi. Atualmente, ele cumpre pena em Nápoles após ser condenado por tentar extorquir Berlusconi em 5 milhões de euros .
O pedido para que Lula fosse ouvido foi feito pelo Ministério da Justiça da Itália. É baseado em uma carta enviada por Lavitola a Berlusconi em 13 de dezembro de 2011. Nela, comenta sobre uma concessão para exploração de madeira na Amazônia que teria adquirido. No texto, o ex-presidente Lula é citado em como tendo atuado para favorecê-lo em uma disputa legal quando vendia parte da concessão para uma segunda empresa, de nacionalidade chinesa
“Ele (Lula) só conseguiu obter da direção da companhia compradora que, com uma sentença da corte arbitral, venha a impor a eles um acordo comigo”, escreveu. Lavitola comenta, no entanto, que naquele momento Lula não estaria colaborando mais.
As autoridades italianas requerem a oitiva de Lula para esclarecer sobre a suposta relação com Lavitola, além da eventual influência do ex-presidente nas tratativas para a exploração de madeira e sua interferência na disputa legal.
O conteúdo das declarações de Lula não foi divulgado.
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