Publicado em 15/08/2025 às 09h26.

Governo pauta projeto que proíbe uso de redes sociais sem supervisão para menores de 16

Proteção de menores no ambiente digital tem destaque dentro do abrangente projeto do governo sobre a regulação das big techs

Redação
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

 

O projeto de lei do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a regulação das big techs prevê que crianças e adolescentes de até 16 anos devem ter suas contas em redes sociais vinculadas às de adultos responsáveis. A proposta, elaborada pelo Ministério da Justiça, foi debatida pelo presidente com oito ministros durante reunião no Palácio do Planalto na quarta-feira (13). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a reportagem, a regulamentação das big techs é uma das principais pautas do presidente Lula desde o início de seu terceiro mandato, mas ganhou força em Brasília após o tarifaço imposto aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o vídeo viral do youtuber Felca, que denuncia a exploração de crianças e adolescentes por influenciadores que promovem a “adultização” desses menores de idade.

Uma minuta à qual o jornal Folha obteve acesso detalha que a inclusão de ferramentas que permitam a mediação e supervisão dos pais é tratada com caráter obrigatório no projeto do governo Lula. O texto prevê ainda possibilitar que os adultos possam bloquear conteúdos ou funcionalidades nas contas dos filhos, supervisionando a interação com outros usuários e restringindo seu tempo de uso.

O texto diz que “contas de adolescentes com idade inferior a 16 (dezesseis) anos ou associadas a crianças ou adolescentes devem ser vinculadas nestes serviços a um adulto responsável” e que os serviços “devem disponibilizar ferramentas de mediação parental que limitam ou suprimam a capacidade de outros usuários se comunicarem com crianças e adolescentes”.

Pela proposta, as redes também passariam a ser obrigadas a verificar a idade dos usuários. O Ministério da Justiça já realiza a revisão da classificação indicativa nas redes, mas, na prática, ainda não existem medidas concretas que impeçam o acesso de crianças e jovens de idades inferiores às sugeridas.

Em junho, a pasta aumentou a classificação indicativa do Instagram de 14 para 16 anos. O TikTok, o Kwai e o YouTube são recomendados hoje pelo governo para maiores de 14 anos; o Facebook para maiores de 16; e o X (antigo Twitter) e o Discord para maiores de 18.

O projeto do governo Lula é abrangente, propondo normas que vão desde a remuneração de criadores de conteúdo até a punição para as próprias plataformas, mas há um capítulo exclusivo sobre a proteção de crianças no ambiente digital.

“É importante destacar que a presente proposição estabelece relevantes salvaguardas específicas para crianças e adolescentes, que respeitam tanto o poder familiar quanto a progressiva autonomia de crianças e adolescentes, reconhecendo sua condição de maior vulnerabilidade no ambiente digital e alinhando-se aos princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente”, escreveu o Ministério da Justiça na justificativa do texto.

A proposta ainda prevê a proibição de direcionamento de propaganda para crianças e adolescentes a partir dos dados de uso “com o objetivo de definir o seu perfil, com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço”, prática comum das big techs com todos seus usuários.

As redes sociais ficam proibidas ainda de exibir publicidade de armas, bebidas alcóolicas, cigarro, pornografia e jogos de apostas.

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