Publicado em 19/01/2016 às 16h20.

Marcelo Odebrecht relata conversa com Lula em e-mail

Empresário contou a executivos conversa com o então presidente da República para suposta intervenção junto a Evo Morales

Agência Estado

Marcelo Odebrecht - (Foto: World Economic Forum)

 

Em janeiro de 2009, o empresário Marcelo Bahia Odebrecht – preso desde 19 de junho pela Operação Lava Jato – relata em e-mail para executivos do grupo conversa com o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele supostamente intercedesse junto ao presidente da Bolívia, Evo Morales. O interesse aparente do empreiteiro era negócios do grupo no setor petroquímico boliviano.

“Acabei tendo oportunidade de conversar com Lula e Chaves enquanto estavam na sobremesa. (Andre, Gov. do MS estava ao lado).”, escreve Odebrecht em mensagem de 15 de janeiro de 2009. Naquele dia, Lula e o presidente da Bolívia, Evo Morales, participaram de inauguração de trecho de uma ligação rodoviária entre o Oceano Atlântico, no Brasil, e o Oceano Pacífico, no Chile, passando por terras bolivianas.

Apesar de citar “Chaves”, possível referência a Hugo Chávez, então presidente venezuelano, morto em 2013, com quem o ex-presidente Lula estaria no dia seguinte, investigadores da Polícia Federal acreditam que ele se referia a Morales. O “Andre” citado no e-mail seria o ex-governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli.

Chamado de Corredor Bioceânico, a obra que reuniu Lula, o presidente boliviano Evo Morales e o dono da Odebrecht, tem a empreiteira como uma das contratadas. No discurso feito pelo ex-presidente do Brasil, arquivado nos registros do Planalto, no dia 15 de janeiro de 2009, o petista cita em suas homenagens de abertura a presença de Marcelo Odebrecht.

Pólo Gás Químico – O assunto de interesse relatado na conversa de Odebrecht com seus executivos é outro. O empreiteiro fala do projeto de um Pólo Gás Químico, unindo unidades do setor petroquímico em terras bolivianas e brasileiras. A empreiteira é acionista majoritária, junto com a Petrobras, da Braskem – que se tornou a maior petroquímica da América Latina – e tinha interesses no negócio.

“Lula insistiu com Evo a questão do Polo Petroq. Evo chamou o Ministro de Hidrocarburos e foi combinado uma apresentação por parte da Braskem”, continua o empresário, acusado de corrupção nas obras da Petrobras. Os interesses do grupo eram a atuação da Braskem, que tem como sócios majoritários a Odebrecht e a Petrobras.

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