Marinho nega diálogo com governo e diz que Republicanos atua de forma independente no estado
Líder do partido na Bahia, Márcio Marinho, comentou ainda sobre ambição da legenda para as eleições municipais de 2024 na capital e no interior
Após o “namoro” entre PSDB e o governo Jerônimo Rodrigues (PT) nas últimas semanas, recentemente ganhou força na especulação política a possibilidade de a gestão estadual abrir diálogo com outros partidos que atualmente estão no campo da oposição no âmbito estadual, mas que no passado já estiveram no guarda-chuva de aliados das gestões petistas na Bahia, como é o caso do PDT e o Republicanos.
O líder pedetista no estado, Félix Mendonça Jr. já descartou essa possibilidade. O bahia.ba foi em busca, então, do presidente estadual do Republicanos, deputado federal Márcio Marinho, para saber se “onde há fumaça, há fogo” no que diz respeito a esses rumores sobre um eventual diálogo entre a sua sigla e a base que compõe o apoio ao Executivo baiano.
“Não houve nenhuma conversa minha de aproximação com o governo, nossa postura é de independência. Respeitamos o resultado nas urnas e vamos ficar na oposição, não na oposição, mas na independência. Verdade, em 2010 fizemos parte do governo, mas neste momento estamos independente”, aponta o parlamentar.
Marinho atribui essa especulação em torno da sigla que comanda à vontade de algum agente político da base de Jerônimo. “O governo tem o maior interesse de levar o Republicanos para a sua base, mas nós não iremos. Algum parlamentar da base de governo que sonha com a gente, mas vamos seguir na nossa posição”.
Relação com Bruno Reis
Márcio Marinho foi questionado também sobre a participação na gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil) em Salvador, se está feliz com os espaços que a sigla ocupa na composição do governo municipal e quais as ambições da legenda que comanda para 2024, como, por exemplo, poder indicar o vice diante da força que ele e os seus companheiros de Republicanos desempenham na capital baiana.
Atualmente, o Republicanos ocupa a titularidade na Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), a Secretaria Municipal de Manutenção da Cidade (Seman) e a Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), além de ocupar três cadeiras na Câmara Municipal de Salvador.
“O partido já integra a base de Bruno desde o início, tanto é que nós participamos da gestão com o secretário Luiz Carlos [Seinfra], com Lázaro Jezler Filho [Seman] e Virgílio Teixeira Daltro [Desal]. A gente se sente honrado pela confiança com os espaços do partido e estamos satisfeitos com o trabalho na nossa cidade. É um fator positivo”, aponta e acrescenta sobre a força da sigla, que a gabarita para sonhar com voos mais altos.
A título de exemplo, nas eleições de 2022, dos dez deputados federais eleitos da Bahia mais votados em 2022, dois são do Republicanos. No mesmo cenário, para a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), dos dez que receberam mais votos, dois também são do partido.
“Nós já tempos uma musculatura política muito grande. Da base de Bruno temos uma votação expressiva em 2022 na cidade [para a Câmara dos Deputados] minha, de Rogéria Santos e de Alex Santana. Isso nos permite colocar nomes na mesa do prefeito [para vice ou secretários]. Passamos de mais de 100 mil votos na capital. Não que outros [partidos] não tenham direito de pleitear, mas mostramos a nossa força”, argumenta o deputado.
Marinho diz ainda que o partido, além de crescer na capital, pretende se expandir no interior, com a eleição de novos prefeitos nos Executivos de cidades do interior da Bahia, bem como expandir o quadro de vereadores da legenda.
“O nosso planejamento é de fazermos o triplo de prefeitos, temos 9, que remos ter pelo menos 30. Nós temos 197 vereadores atualmente e o nosso objetivo é trabalhar para duplicar os vereadores. Para isso, temos conversado com lideranças no nosso estado, lideranças empresariais e com as nossas próprias lideranças nas cidades. Toda sexta e segunda-feira que estou em Salvador atendendo essas lideranças, com o intuito de atingir o nosso objetivo”, enumera o parlamentar.
Situação no Congresso
O líder do Republicanos na Bahia ainda comentou ao bahia.ba sobre como ele tem visto esse início de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no tocante à relação com o Congresso, sobretudo com a Câmara dos Deputados. Para Marinho, as sucessivas derrotas e a dificuldade de seguir em frente com as pautas defendidas pela gestão petista se deve a falta de diálogo com a Casa Baixa.
A instalação de três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), segundo o congressista é prova disso.
“A Casa está trabalhando muito. Nós estamos com três CPIs em curso, volume imenso de trabalhos. Estamos nos esforçando ao máximo para dar respostas à sociedade. Não é pra causar embaraço ao presidente, mas percebemos uma falta de interatividade do governo federal com a Câmara. Se pegar o resultado das votações que o governo tem tido, tirando a da nova meta fiscal, não tem tido sucesso. Mostra uma falta de base pra aprovar matérias de interesse do governo. Aquilo que é do Brasil, o parlamento tá dando uma resposta, aquilo que é do governo se não mantiver um diálogo, fica difícil de governar”, analisa.
Segundo ele, uma saída para isso é os interlocutores do Planalto mostrarem mais habilidade na articulação com o parlamento. “Falta jogo de cintura. É importante conversar com todos os líderes para que possam atuar na palavra empenhada, o governo sem base, não anda. Ninguém vai querer votar sem sentido de amarração de coisas futuras para poder encaminhar para os seus estados e municípios”.
Questionado se essa “falta de jogo de cintura” do governo se deve ao travamento de liberação de emendas, o deputado baiano diz que essa é uma das possibilidades para minorar as dificuldades da gestão Lula com o Congresso.
“Tem os recurso impositivos, tanto a posição quanto a situação tem. As prefeituras precisam de apoios, a todo tempo recebemos ligações de prefeitos para lutar para liberação de recursos para a educação, para a saúde e a gente sabe que quem tem a caneta para decidir sobre a destinação desse recursos é o governo federal”, finaliza.
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