Publicado em 29/07/2025 às 18h56.

‘Minha família acima de tudo e Brasil abaixo dos EUA’, diz Otto sobre bolsonarismo

Senador defende diálogo econômico, diz que Eduardo age como "antipatriota" e vê ameaça à soberania brasileira

Rodrigo Fernandes / Neison Cerqueira
Foto: Jorge Jesus/bahia.ba

 

O senador Otto Alencar (PSD-BA) subiu o tom ao falar sobre a atuação de aliados de Jair Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos e a possibilidade de o país sofrer uma retaliação comercial em função dos processos enfrentados pelo ex-presidente no Brasil. Para ele, o bolsonarismo revelou seu verdadeiro projeto de poder ao pressionar uma nação estrangeira contra os interesses brasileiros.

“O que vejo é um antipatriota como Eduardo Bolsonaro fazendo continência nos EUA e pressionando um outro país a intervir no nosso. Caiu a máscara do bolsonarismo. O lema é claro: ‘minha família acima de tudo e o Brasil abaixo dos Estados Unidos’”, afirmou Otto em entrevista ao bahia.ba.

A declaração foi dada nesta terça-feira (29), durante uma série entregas do governador Jerônimo Rodrigues (PT), em evento de solenidade dos 100 anos da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).

O posicionamento do senador baiano ocorre em meio à preocupação com a possível adoção de uma tarifa de 50% por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, sobretudo perecíveis como frutas e sucos.

Otto aponta motivação política no tarifaço

Segundo Otto Alencar, a medida teria motivação política e seria uma resposta direta ao julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“O presidente Lula está sem possibilidade de diálogo, porque o Trump isola quem pensa diferente. Bush conversou com Lula, Obama, Biden também. Só Trump rejeita. Nunca vi, na história dos Estados Unidos, um presidente agir assim. É um comportamento inaceitável, que fere nossa economia e ameaça a soberania do país”, criticou.

Otto revelou que há chances de o prazo para a aplicação da tarifa, inicialmente prevista para 1º de agosto, ser adiada. Segundo ele, senadores que estiveram em missão oficial aos EUA acreditam que o tema ainda pode ser discutido.

“Espero que haja lucidez. Os Estados Unidos têm muitos investimentos aqui. O que precisamos é abrir mercado para nossos produtos em outros países, na Europa, na Ásia, para não depender de um só parceiro. De vez em quando aparece um maluco na presidência da República. Lá é o Trump, aqui já tivemos Collor e Bolsonaro. Chega de maluco”, disparou.

Zambelli presa na Itália

O senador também comentou a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na Itália. A parlamentar foi capturada em Roma, após ser considerada foragida pela Justiça brasileira.

“Em sã consciência, nenhum brasileiro pode achar normal uma deputada federal sacar uma arma e correr atrás de outro cidadão para atirar. Isso é tentativa de homicídio e ela vai pagar pelos erros que cometeu”, declarou Otto, lembrando o episódio ocorrido em São Paulo às vésperas do segundo turno da eleição presidencial de 2022.

Para ele, o episódio é reflexo da radicalização promovida pelo bolsonarismo.

“Essa gente estimulou a violência. Bolsonaro já disse que o golpe militar devia ter matado mais 30 mil, confessou sonegação de imposto, imitou paciente com falta de ar durante a pandemia do Covid. É um espírito ditatorial que não cabe mais no Brasil”, completou.

Rodrigo Fernandes

Jornalista, repórter e produtor de conteúdo. Com experiência em redação e marketing digital, faz cobertura de esporte e política no bahia.ba. Antes disso, foi editor do In Magazine – Portal iG e repórter do Portal M! – Muita Informação.

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