Publicado em 26/05/2017 às 10h00.

Política com Vatapá

Confira os causos apimentados da política baiana

Levi Vasconcelos

Na Cadeia do Sal

Os portugueses, nossos colonizadores, sempre citados nas piadas como burros em rodas de piadas, não eram nada disso, segundo dez entre dez historiadores. Muito pelo contrário, às vezes são engenhosamente perversos, como os idealizadores da Cadeia do Sal, no subsolo do Paço Municipal, em Jaguaripe.

A engenharia era diabólica. As celas foram construídas abaixo do nível do mar, de forma que todas as vezes em que a maré enchia, o preso ficava com água entre o peito e o pescoço. Resistir três dias era um milagre.

Em 1849, D. Pedro II chegou lá. Ficou encantado com a beleza arquitetônica do prédio, perguntou:

– Quanto custou?

– Uns 40 contos de réis…

E ele, surpreso:

– Oh!… Por acaso as chaves são de ouro?

Foi o primeiro caso registrado de suspeita de superfaturamento da história, que por ironia, tem o DNA em uma cadeia.

Animação zero

É muito comum nos embates eleitorais do interior os atores principais do jogo escalarem espiões para bisbilhotar os movimentos dos adversários.

Conta Pedro Alcântara, ex-vereador e também ex-deputado, que, seguindo a tradição, em 1980, coligados de Arnaldo Vieira do Nascimento escalaram um aliado, Floriano, para ver se tinha muita gente no enterro de um coligado de Durval Barbosa, com quem o grupo duelava na disputa pela Prefeitura.

Voltou, Arnaldo ansioso, indagou:

– E aí, Floriano, tinha muita gente lá?

– Tinha, seu Arnaldo, gente para dar de pau. Mas fique tranquilo. A animação era zero, todo mundo calado.

Arnaldo venceu por 17 votos de vantagem.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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