Publicado em 23/03/2016 às 08h20.

Sindicalista da PF diz que ‘não permitirá ação contra entidade’

Para o dirigente da ADPF, a falta de autonomia constitucional da entidade, subordinada ao Ministério da Justiça, prejudica sua independência

Redação

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, afirmou, em entrevista à coluna Poder, do jornal Folha de S. Paulo, que a entidade não vai permitir nenhuma “ação concreta” contra a PF por parte do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão.

Sobral diz que o teor da entrevista dada pelo ministro à Folha no último sábado (19), em que ameaçou trocar a equipe de investigação em caso de “cheiro” de vazamento de informações, põe em risco a atuação policial. “Se ele levar a ferro e fogo o que diz, ameaça as investigações. Ninguém é a favor de vazamento. Entretanto, uma notícia de vazamento tem de ser apurada, os responsáveis punidos – não terceiros. No caso das gravações telefônicas recentes tornadas públicas, como a do ex-presidente Lula, não temos ali um caso de vazamento, mas de levantamento de sigilo”, afirmou. Para o dirigente da ADPF, a falta de autonomia constitucional da entidade, subordinada ao Ministério da Justiça, prejudica a sua independência.

Nesta terça-feira (22), a ministra Assusete Magalhães, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em atendimento a um mandado de segurança preventivo do PPS, deu um prazo de 72 horas para o ministro Aragão explicar a ameaça. Ele ainda critica a possível substituição do atual diretor-geral do órgão, Leandro Daiello, por insatisfação com os últimos acontecimentos relacionados à Operação Lava Jato. “A gente reafirma a importância do cargo de diretor-geral ter um mandato. Não se pode trocar o diretor porque o governo está descontente. Por isso lutamos para que o diretor tenha um mandato de três anos, com uma recondução, e não coincidente com o mandato presidencial, para reforçar a natureza de Estado, e não de governo, da PF”, completou.