Sucessão de Lira entra no pacote de debate entre Planalto e Câmara para ampliar base de Lula
O ministro Rui Costa, inclusive, sinalizou em reunião com Arthur Lira no último dia 15, o apoio a Elmar Nascimento

A sucessão pela presidência da Câmara dos Deputados entrou no pacote de itens em debate entre governo e Congresso com o objetivo de aumentar o número de votos no Legislativo favoráveis ao presidente Lula (PT).
Na última semana, embora ainda falte um ano e meio para a eleição, que será em fevereiro de 2025, integrantes da gestão do presidente sinalizaram ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que devem apoiar o candidato que ele escolher para substituí-lo. O tema, inclusive, conforme a Folha de S.Paulo, já vem sendo tratado em em conversas reservadas, mas apesar do aceno do Palácio do Planalto ainda não há consenso na base de Lula em torno do assunto.
Porém, segundo relatos tanto de parlamentares como de membros do governo, o ministro Rui Costa (Casa Civil), que travava um antagonismo claro na Bahia contra o líder do União Brasil na Câmara, sinalizou, em reunião com Lira no último dia 15, o apoio a Elmar Nascimento (União Brasil-BA). Rui e Elmar também se encontraram na semana passada.
A sucessão na Câmara foi tratada e, segundo relatos, o ministro disse que sabia das pretensões do parlamentar e afirmou que, para Elmar conseguir o apoio do governo, era preciso trabalhar por ele e fazer mais gestos –sinalizando uma maior lealdade ao Executivo na Casa.
Rui, que passou a entrar na articulação política do governo, abriu espaço na agenda para se encontrar com Elmar.
Embora não trate publicamente do assunto e evite falar em nomes, Lira também tem dito a pessoas próximas que recebeu o compromisso do Palácio do Planalto de apoio ao candidato que ele quiser.
Após ter conversado com o presidente da Câmara, Rui recebeu elogios de parlamentares pela disposição de tentar melhorar o ambiente da articulação política, depois de ser duramente criticado por esses atores.
Integrantes do Planalto, no entanto, avaliam que o ministro se antecipou demais ao fazer o aceno, pois uma ala dos assessores de Lula tem preferência por outros pré-candidatos à presidência da Câmara.
Além de Elmar, despontam os nomes do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), atual vice-presidente na Casa; de Antonio Brito (BA), líder do PSD na Casa; e de Isnaldo Bulhões Jr. (AL), líder do MDB.
União Brasil, Republicanos e PP são cortejados pelo Executivo para integrar a base de Lula —juntos, eles têm 149 deputados.
Por outro lado, parte dos aliados do governo Lula defende que o Executivo deva ter um nome próprio na disputa. Eles dizem que a perspectiva de melhora na economia irá fortalecer a gestão do petista e, dessa forma, será possível ter um candidato mais alinhado às pautas de interesse do Planalto.
Embora muita coisa possa mudar até fevereiro de 2025, quando está marcada a próxima eleição, essas articulações também passam pela formação da base do governo federal no Congresso —ainda que, oficialmente, membros do Planalto neguem que esse tema esteja em discussão.
O próprio Lira não tem tratado do assunto publicamente e nega que isso esteja em pauta neste momento.
O deputado do PP não pode concorrer à reeleição e tenta transferir o capital político que tem na Câmara a um sucessor. Ele foi mantido no comando da Casa após 464 votos, um recorde, e mantém forte influência sobre os pares.
Após a formação dos blocos na Casa, em abril, o presidente da Câmara afirmou que o nome que fosse debatido naquele momento estaria “morto em dois meses”. “Não é inteligente, conveniente nem é sábio fazer esse tipo de alegação, porque vai fritar nomes importantes no cenário político”, afirmou.
Segundo relatos, no entanto, o presidente da Câmara tem afirmado a interlocutores que o Planalto se comprometeu a apoiar seu candidato e que espera que isso seja cumprido.
Caso Elmar mantenha a intenção de sair candidato à presidência da Câmara e o governo apoiá-lo, isso poderá desagradar ao PT da Bahia.
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