Publicado em 10/06/2016 às 09h17.

Tia Eron, da guerra santa para a guerra suja

Os esquerdistas carimbam os evangélicos como ‘fundamentalistas’ (como se eles não agissem como os tais, na outra ponta)

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Bancar o valente nessa área da corrupção não dá”

ACM, político baiano (1927-2007)

(Foto: Divulgação/ASCOM).

 

Evangélicos na política sempre fecham com a direita, não raro, a banda mais extremada. Entende-se. Por razões doutrinárias da forma como entendem o evangelho, eles focam e se prendem às questões individuais, apontadas como ‘pecados’.

Daí, os embates com a esquerda, que em questões individuais, acha que cada um é dono de si e ninguém, muito menos o estado, tem o direito de meter o bedelho.

Os esquerdistas carimbam os evangélicos como ‘fundamentalistas’ (como se eles não agissem como os tais, na outra ponta). Formam aí a chamada ‘guerra santa’. Acham que estão defendendo os enunciados de Jesus Cristo (como se Cristo fosse um radical intolerante) e ponto.

Nem por isso, ilegítimos. Já se candidataram assim, todos sabiam e votaram. E estão crescendo. Em 2010 eram 79, em 2014, mais de 90 de várias denominações. Se fossem um partido, seria o segundo maior do Brasil

O xis da questão é outro. No mandato, os evangélicos são vesgos. Parecem só enxergar o pecado em questões como o homossexualismo e o aborto. E aí cometem o seu grande equívoco: sendo da irmandade, eles se protegem. Mesmo que ‘o irmão’ seja acusado de crime horripilante, como é o caso de Eduardo Cunha, o mais expressivo dos evangélicos em apreço.

É nesse tiroteio que a baiana Tia Eron está. Quer salvar a pele do ‘irmão Cunha’ e vem sendo execrada. Em nome da guerra santa, descambou para a guerra suja.

Infeliz aniversário

Eronildes Vasconcelos Carvalho, a Tia Eron, aniversariou dia 2 último. Pelo menos desde que se tornou política, foi o pior da vida dela.

Desligou os telefones, o de Salvador e o de Brasília, até para os colegas. Nem parabéns recebeu. No olho do furacão no caso Eduardo Cunha, com o voto decisivo no Conselho de Ética, vive um turbilhão.

Em Brasília, dez entre dez deputados dão como certo que ela vai votar a favor de Cunha. Tal convicção já gerou uma reação indigesta: no Face dela desabou uma tempestade com mais de 27 mil mensagens atacando-a de todas as formas.

Sem vontade

Na imprensa a pancadaria é grande. Já se disse até que o voto dela não é dela, é do pastor Marcos Pereira, presidente nacional do PRB.

O Dia D de Tia Eron é terça, quando ela votará no Conselho de Ética, acatando ou não o relatório que pede a condenação de Cunha por falta de decoro.

Ou ela fica mal com a igreja, votando a favor o relatório, ou com a sociedade, votando não.

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil).

 

Obra de ficção

De Geddel, ministro de governo, sobre a falação de que o governo articulou para salvar Cunha:

— É obra de ficção. O problema é da Câmara. Aí alguém vem me questionar por que eu recebi fulano, beltrano, ministro tal. Ora, eu recebo ministros por minuto.

Pinheiro estreia

Quatro dias após tomar posse na Educação, Walter Pinheiro visitou ontem a primeira escola, em Ibiassucê, ao lado de Rui Costa. Ao ser abordado sobre a estreia, brincou:

— O que engorda o gado é o olho do dono.

Pinheiro diz que está pensando na remontagem dos Núcleos Regionais de Educação, no total de 27 em todo o Estado.

Também está trabalhando para entregar os novos contratos dos terceirizados (vigilantes, porteiros, merendeiras, pessoal de apoio e serviços gerais) das escolas.

(Foto: Reprodução/Facebook Marcus Mátraga).

 

Marcus Matraga vive

Amigos do professor Marcus Vinicius, o Marcus Matraga, ícone da Luta Antimanicomial, que foi assassinado na quinta do último carnaval com um tiro na cabeça, em Pirajuia, povoado de Jaguaripe, vão fazer um acampamento no sítio de propriedade dele neste fim de semana.

O crime ainda está sob investigação, mas até agora ninguém foi preso.

O grupo quer cobrar o esclarecimento e denunciar que os suspeitos continuam aterrorizando as comunidades das cercanias.

Terror e medo

Em carta enviada ao governador Rui Costa, OAB e outras entidades, o Coletivo da Luta antimanicomial diz que um grupo vem fazendo ameaças na comunidade pelos mesmos motivos que Marcus morreu, a grilagem de terras.

A área é próxima ao Estaleiro Enseada do Paraguaçu e há uma expectativa de valorização.

Fora de timing

Veloz nas piscinas, onde conquistou medalha de bronze no revezamento  4 x 100 metros livres, nas Olimpíadas de Sidney (Austrália) em 2000, o nadador baiano Edvaldo Valério perdeu o “timing” na hora de tentar uma carreira política.

Com pretensão de disputar uma vaga a vereador em Salvador nas eleições deste ano, procurou o DEM na última quarta.

Vai ter que esperar para 2018. O prazo de filiação expirou dia 2 de abril.

(Alberto Coutinho/GOV BA).

 

Jabes se afasta

Depois de passar 15 dias afastado por problemas de saúde, Jabes Ribeiro (PP), prefeito de Ilhéus, retornou no fim da semana passada, mas ontem tirou nova licença de 15 dias. O vice, Cacá Machado (PMDB, é quem está despachando.

A saúde de Jabes tem gerado muitas especulações nas redes sociais. Ele diz que fez uma cirurgia mal sucedida de catarata no olho esquerdo. A coisa complicou, já fez mais cinco. “Apenas estou tomando os cuidados que os médicos recomendam”.

Na Cidade de Plástico

Vaiado na Cidade de Plástico na campanha em 2012, hoje chamada Guerreira Zeferina, uma comunidade do subúrbio das mais pobres de Salvador, ACM Neto hoje vai voltar lá.  Dará o pontapé inicial nas obras de requalificação da área. O projeto vai custar R$ 20 milhões e foi discutido amplamente com as lideranças locais, inclusos os antigos vaiadores.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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