Publicado em 16/11/2023 às 12h39.

Morte de Mãe Bernadete foi motivada por retaliação e ordenada por facção, conclui polícia

Inquérito sobre o caso aponta envolvimento de seis suspeitos, dentre eles um morador que instigou traficantes a assassinar a líder quilombola

Alexandre Santos
Foto: Reprodução / Redes sociais

 

A morte de Bernadete Pacífico, executada a tiros em agosto deste ano, foi ordenada por um dos líderes do tráfico de drogas da comunidade Pitanga dos Palmares, onde também está localizado o quilombo do qual ela era líder, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador. O criminoso foi procurado por um morador após ser repreendido pela ialorixá por atuar na exploração ilegal de madeira na região.

Segundo a investigação do caso, ele enviou áudios aos líderes do tráficos relatando que a vítima estaria acionando a polícia para por fim a festas em um bar da comunidade na área quilombola. Com as informações, um criminoso acusado de liderar o tráfico na região ordenou a morte de Mãe Bernadete a dois executores.

De acordo com inquérito concluído pela Polícia Civil, o morador instigou o crime e auxiliou os executores na ação delituosa. Apontado como participe, ele também facilitou a entrada dos autores no imóvel. Depois do crime, um dos envolvidos facilitou a fuga de um dos atiradores e guardou as armas utilizadas no homicídio.

Entre seis envolvidos, cinco homens foram denunciados pelo Ministério Público (MP-BA) por homicídio qualificado por motivo torpe, de forma cruel, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima. Quatro deles são integrantes de uma facção criminosa de tráfico de drogas.

Dois suspeitos já estão presos, enquanto outros três continuam foragidos.

Ao todo, são dois executores, dois mandantes, um partícipe e um sexto envolvido no crime, cuja principal motivação foi a retaliação do grupo responsável pelo tráfico de drogas local.

Ele, que também está preso, foi indiciado por posse ilegal de arma de fogo, em um segundo inquérito, também concluído pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Também guardou o armamento do crime e deu apoio na fuga de um dos atiradores.

Um dos executores, por sua vez, é fugitivo do sistema prisional e tem condenação por homicídios cometidos em Simões Filho e Madre de Deus.

A ialorixá de 72 anos, mais conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada por homens armados que invadiram sua casa, na comunidade de Pitanga dos Palmares. Naquela noite, ela estava com os netos, que foram colocados em um quarto. Para Jurandir Wellington Pacífico, filho de Bernadete Pacífico, a mãe foi vítima de um crime de mando, pois recebia ameaças havia pelo menos seis anos.

Os detalhes do crime foram divulgados na manhã desta quinta-feira (16) em coletiva de imprensa concedida pelo secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, pela delegada-geral Heloísa Campos de Brito, pela diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Andréa Ribeiro, e pelo promotor Luís Neto, coordenador do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco).

 

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