Publicado em 13/08/2024 às 11h52.

Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio já atendeu 452 homens

Atualmente, 251 homens participam dos encontros, distribuídos em 25 grupos

Redação
Foto: Bruno Concha/Secom PMS

 

Perto de completar três anos, o Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Feminicídio (NEF) já atendeu cerca de 452 homens em cumprimento de Medida Protetiva de Urgência, em Salvador, expedida pelas varas de Violência Doméstica e Familiar.

O NEF é uma ação coordenada pela Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), em parceria com o Tribunal de Justiça da Bahia e com a Guarda Civil Municipal (GCM).

Com outras iniciativas, o núcleo atua no combate à violência contra a mulher e no enfrentamento e prevenção do feminicídio. Quando foi inaugurado, em 2021, a ação tinha uma média de sete homens participando dos Grupos Reflexivos de Homens (GRH), que visam realizar um trabalho reflexivo, educativo e também de responsabilização com cada integrante que cometeu algum tipo de violência contra a mulher e que tenha contra si uma medida protetiva. Atualmente, a média é de 10 a 12 homens participando.

Atualmente, 251 homens participam dos encontros, distribuídos em 25 grupos. Outros 20 homens já foram encaminhados e aguardam a geração de prontuário. “O nosso trabalho tem um caráter responsabilizante, mas, ao mesmo tempo, educativo, para evitar que esse homem volte a cometer violência. Fazemos essa abordagem com exposição dialógica, dinâmicas de grupo, exibição de vídeos, de músicas, rodas de conversa e escuta ativa para estimular essa reflexão coletiva e individual em torno do seu comportamento e da sua relação com a mulher”, explica a coordenadora do NEF, Iracema Silva.

Temas e ciclos

Durante os encontros, são trabalhados temas como violência de gênero, inteligência emocional, relacionamento abusivo, masculinidade tóxica, Direitos Humanos das mulheres, repetição de padrão, abuso de álcool e drogas e o efeito que provoca na saúde do homem e nas relações interpessoais, questão de gênero, comunicação não violenta, responsabilidade afetiva, autorresponsabilidade e autoavaliação, entre outros.

O acompanhamento do NEF é feito em dois ciclos: o primeiro com 12 encontros semanais ao longo de três meses e o segundo com encontros mensais ao longo de 12 meses. O núcleo conta com uma equipe formada pela coordenadora Iracema Silva, uma advogada, uma psicóloga, um psicólogo e uma assistente social. Além disso, três guardas municipais atuam como parceiros: um terapeuta, um psicólogo e outro com formação na área de Direito. Também atuam no NEF alguns facilitadores externos, a exemplo de Isabel Alice, primeira titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), e de psicólogos que atuam como voluntários.

Mudança

A mudança de comportamento ao longo do acompanhamento é um detalhe que tem chamado a atenção da coordenadora. Ela conta que, geralmente, os homens chegam ao NEF muito aborrecidos com um discurso de responsabilizar o outro, ou seja, a mulher.

“A maioria não tem clareza de que aquele comportamento que mantinha de xingamento, de ameaça, de gritar e de depreciar a mulher constitui uma violência psicológica e moral que quase sempre antecede uma violência física. Percebemos que quando as mulheres denunciam é porque já estão vivendo nesse ciclo de violência há um tempo e chega a um ponto em que elas não aceitam e não querem mais”, afirma.

 

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