Publicado em 16/10/2025 às 17h11.

Polícia precisa rever estratégia para conter avanço do crime organizado, alerta especialista

Para Jorge Melo, estado enfrenta um redesenho do crime organizado, impulsionado por alianças entre facções locais e grupos de alcance nacional

Otávio Queiroz
Foto: gerada por Inteligência Artificial

 

Com mais de 700 mil mortes violentas registradas em 2025, conforme dados divulgados pelo bahia.ba na última terça-feira (14), Salvador vive um cenário de crescente preocupação com a segurança pública. Para o professor e policial reformado Antônio Jorge Ferreira Melo, é urgente rever a estratégia de atuação do Estado para conter o avanço da criminalidade na capital baiana e em outras cidades do estado.

Em conversa com o bahia.ba, o especialista destacou que o poder público precisa retomar práticas antigas de policiamento que, segundo ele, eram mais eficazes no combate ao crime e na manutenção da sensação de segurança da população. “É preciso mudar as estratégias, e uma das minhas convicções é de que o Estado precisa voltar a ocupar territorialmente toda a cidade e não apenas fazer incursões quando estão ocorrendo determinados confrontos em determinadas áreas”, explicou.

Melo também criticou a ausência do policiamento de proximidade. “Hoje em dia, praticamente, não temos mais policiamento a pé. Policiamento é só motorizado. É claro que a tecnologia auxilia e deve ser utilizada, mas ela não substitui algumas boas práticas”, completou.

O professor defende que a atuação policial deve ser contínua e não pontual. “Atualmente, se a polícia entra em um determinado lugar, é necessário manter um trabalho ali. Se você pacificar e se retirar em seguida, vai voltar a ocorrer os mesmos problemas, pois os criminosos vão querer tomar novamente a localidade”, afirmou.

Atuação policial

Questionado sobre os números do Instituto Fogo Cruzado, que apontam que mais da metade das mortes violentas registradas em 2025 ocorreram durante ações policiais em Salvador, o especialista afirmou que a estatística reflete o enfrentamento direto entre as forças de segurança e o crime organizado.

“A polícia precisa agir. Hoje, a população está refém do crime organizado. O morador não pode fazer símbolos, usar camisas e é obrigado a utilizar serviços disponibilizados pelas facções, como TV e internet. Quando a polícia entra nessas áreas, é recebida a tiros e precisa revidar. Então, é uma consequência natural haver essa porcentagem de mortes”, disse.

Para Melo, o estado enfrenta um redesenho do crime organizado, impulsionado por alianças entre facções locais e grupos de alcance nacional. “As facções criminosas que hoje atuam aqui estão cada vez mais fortes por conta das alianças com facções com atuação nacional, como o Comando Vermelho e o PCC”, concluiu.

Otávio Queiroz
Soteropolitano com 7 anos de experiência em comunicação e mídias digitais, incluindo rádio, revistas, sites e assessoria de imprensa. Aqui, eu falo sobre Cidades e Cotidiano.

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