Publicado em 14/02/2020 às 19h00.

Projeto dá acesso à educação de qualidade a alunos de baixa renda

Instituto Bom Aluno busca investidores sociais para dar continuidade a projeto que estimula mobilidade social através da educação

Estela Marques
Foto: Instituto Bom Amigo
Foto: Instituto Bom Aluno

 

Estudar numa escola municipal perto de casa é a realidade de muitas crianças e adolescentes oriundos de família de baixa renda, independentemente da cidade onde more. A dificuldade de ascender socialmente, nessas condições, é tão difícil quanto. Não à toa o Brasil ocupa a 60ª posição no ranking de mobilidade social em 82 países. Mas é justamente esse o objetivo da organização sem fins lucrativos Instituto Bom Aluno da Bahia. O meio para atingi-lo é a educação.

O programa é o braço baiana do projeto que começou em Curitiba em 1993, e atende a crianças e adolescentes da capital baiana há 16 anos. O funcionamento depende do que Verona Calazans, que atua no marketing educacional do Bom Aluno, chama de “investidores sociais”. São as contribuições deles que fazem o projeto ir adiante.

“A gente dá bolsas de estudos em colégios particulares de Salvador e, junto com essa bolsa, a gente tem todo auxílio para que o aluno consiga ficar na escola. A gente dá auxílio alimentação, auxílio transporte, fardamento, material didático, acompanhamento psicológico e pedagógico, (…) para que ele consiga fazer essa transição da escola pública para a particular”, explica, em entrevista ao bahia.ba.

Uma das estudantes beneficiadas com o projeto, e hoje farmacêutica formada pela Universidade Federal da Bahia, é Railane Freitas. Ela conta que a oportunidade oferecida pelo programa foi o divisor de águas na sua vida, em razão do apoio familiar, pessoal e acadêmico que encontrou no Bom Aluno.

Estudante de escola pública, se preparou para a prova do antigo CEFET, hoje Instituto Federal da Bahia (Ifba), com suporte do projeto social. Desde então, teve acesso a cursos de língua estrangeira e de liderança, aulas de yoga, palestras sobre gestão financeira, reforço das disciplinas em que ia mal na escola e na faculdade.

“Nem sabia o que era CEFET, mas graças ao Bom Aluno eu fiz o curso preparatório e consegui entrar, o que foi outra super experiência pessoal e acadêmica, e, graças ao último ano com estágio final obrigatório, escolhi minha profissão atual. Posso dizer com certeza que tudo o que sou hoje é graças ao Bom Aluno e minha família, que também recebeu apoio psicológico e pedagógico. Tenho certeza que tem alunos em escolas públicas que gostam de estudar, mas não têm tanto estímulo, não têm tanta motivação e também não enxergam um futuro melhor, ou até enxergam, mas não têm tanta condição de alcançar, não têm oportunidade, e o Bom Aluno dá isso. Respeitando toda a diferença e enxergando o individual da família do aluno”, destaca.

Sem o pilar, programa não existe
Hoje, os membros do Instituto Bom Aluno estão empenhados em encontrar pessoas físicas ou jurídicas que estejam dispostas a contribuir para a manutenção do programa. O projeto atende a alunos no ensino médio e que ou já estão ou foram aprovados para dar início à jornada na universidade. Com a crise da empresa mantenedora responsável pelo custeio do programa, a estrutura básica de funcionamento fica em xeque.

Verona Calazans, marketing educacional da entidade, explica que as despesas fixas são apenas com escritório que fica na Avenida Tancredo Neves, o espaço físico do instituto; contas de água, luz e folha de pagamento dos professores que não atuam como voluntários – já que a maioria trabalha de maneira não remunerada. As despesas dos alunos, como material didático e transporte, são custeadas pelos patrocinadores.

“A empresa mantenedora está passando por uma crise financeira e está com dificuldade de continuar pagando as despesas fixas da gente. A gente se vê num momento em que manter toda a estrutura do programa ficou caro e a gente precisa de investidores nesse sentido, de ajudar a manter o programa funcionando. A gente consegue doação de livros, a gente tem bolsas de estudo, então para os alunos a gente conseguiria manter. Mas a gente não consegue manter a estrutura do programa, porque precisa de incentivo financeiro mesmo. (…) Sem o pilar do programa, não existe”, acrescenta.

As doações podem ser mensais, em que é realizada cobrança automática recorrente, de mesmo valor da inicial escolhido pelo doador, para custear despesas com alimentação, vale transporte, material didático, curso de idiomas, curso de idiomas e transporte ou transporte e alimentação. Outra modalidade é livres, sem valor e destinação especificados. A doação também pode ser pontual, por meio de depósito em conta corrente no valor e momento de preferência do doador. Há a possibilidade de a contribuição ser também via voluntariado, auxiliando em atividades com o assistido ou em iniciativas de manutenção do espaço.

O doador recebe a declaração de despesas do instituto todo o mês, de acordo com verona. “Todo mês a gente manda tudo declarado de valor em reais gastos, com o quê foi gasto, para que aluno. É tudo muito transparente aqui. Qualquer investidor, até mesmo pessoa física que doe qualquer quantia e quiser ter acesso, a gente faz”, conclui.

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