Publicado em 06/11/2015 às 07h00.

Rio Vermelho: obras questionadas e ameaça de exclusão social

Com obras de intervenção na orla, grupos discutem prioridades e rumos do bairro

Julio Reis

Iniciadas em junho as obras no Rio Vermelho vem suscitando um intenso debate entre moradores e empresários sobre os rumos do bairro. As discussões também se estendem sobre o que deveria ter sido levado em conta nas intervenções colocadas em curso pela prefeitura.

Mesmo com a promessa da gestão municipal de que a obra será entregue antes da tradicional festa de Yemanjá, no dia 2 de fevereiro, ainda há expectativa e disputa sobre o destino de certas áreas e das ações que aí serão adotadas. É, por exemplo, o caso do que se sucederá com o Largo da Mariquita, com as quadras de futebol na Rua da Paciência e com o comércio informal.

“O projeto executivo nunca foi disponibilizado publicamente. A maioria das pessoas não sabe mais do que o que viram em plantas publicitárias que nada explicam. Não descrevem de maneira clara como este projeto irá afetar o dia a dia e o futuro dos que vivem no bairro” diz a economista Olga Matos, moradora e integrante do coletivo Rio Vermelho em Ação.

Rio Vermelho em Ação – Constituído a partir de julho e formado por moradores das mais distintas ocupações e interesses, o Rio Vermelho em Ação vem buscando manifestar em atos, encontros e nas redes sociais, sua insatisfação e demandas com o processo de participação social na requalificação do bairro. Questiona ainda as prioridades estabelecidas na aplicação dos recursos e considera que o tipo de intervenção em curso irá disparar o custo de vida no bairro com consequente saída de moradores, processo de exclusão social conhecido como gentrificação.

“Não é legítimo um processo de escuta que se inicia de forma extraoficial, sem divulgação adequada e assumindo que uma associação tenha procuração para representar a diversificada composição social e cultural do bairro. O Rio Vermelho é habitado por gente sensível à questão do pertencimento e da inclusão e estas intervenções não levam isto em conta, basta ver o que se deu com o Mercado do Peixe e que aponta para o tratamento a ser dado ao comércio ambulante e informal”, afirma Olga.

Reformado em setembro de 2010 e demolido em agosto deste ano, o Mercado do Peixe costumava ser frequentado por público de variada composição socioeconômica e deixou cerca de 200 trabalhadores desempregados com sua extinção.  Diferentemente do grupo, Lauro Matta, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Rio Vermelho, deu uma declaração controversa: “A demolição deveria ter sido feita há muitos anos. O Rio Vermelho está favelizado, nada prestava há mais de uma década”, disse na ocasião.

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