Publicado em 21/01/2025 às 14h13.

Conselho de Medicina solicita proibição do uso de PMMA em procedimentos estéticos à Anvisa

A substância é liberada pela Anvisa para fins estéticos e reparadores, como o preenchimento cutâneo e muscular

Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) confirmou que vai solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a proibição do uso de polimetilmetacrilato (PMMA) em procedimentos estéticos de preenchimento no Brasil. O pedido, porém, só deve ser confirmado após uma reunião do CFM que será realizado na tarde desta terça-feira (21).

Segundo matéria da Folha de São Paulo, a substância é liberada pela Anvisa para fins estéticos e reparadores, como o preenchimento cutâneo e muscular. Segundo o CFM, contudo, o uso de PMMA tem demonstrado riscos graves e irreversíveis aos pacientes, como granulomas, infecções, hipercalcemia e insuficiência renal.

Recentemente, uma mulher de 46 anos foi encontrada morta em sua casa um dia depois de passar por um procedimento de harmonização de bumbum com PMMA no Recife. A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) investigam o caso. Segundo o boletim de ocorrência, Adriana Barros Lima Laurentino passou pela intervenção para ganho de volume e redução de celulite e de flacidez.

A solicitação da CFM, porém, não se trata da primeira manifestação de alguma entidade contra o uso do PMMA em procedimentos. No ano passado, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) também defendeu o banimento à Anvisa.

Em nota, a SBCP afirmou que o “material é inadequado para aplicações estéticas, especialmente considerando que sua remoção, em caso de complicações, frequentemente resulta em procedimentos mutilantes e com impacto funcional e estéticos significativos”.

No mesmo ano, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também solicitou à Anvisa a suspensão da comercialização, venda e distribuição de produtos que contenham PMMA. O comunicado foi emitido após a morte da influenciadora Aline Ferreira, em julho do ano passado, causada por complicações em decorrência da aplicação de PMMA nos glúteos, em Goiânia.

PMMA

O PMMA é um preenchedor definitivo em gel feito para dar volume a algumas partes do corpo e do rosto em procedimentos estéticos e de correções, como no caso de lipodistrofia, uma alteração da quantidade de gordura no corpo.

É um componente plástico, portanto não é reabsorvível pelo corpo. Uma vez introduzido no organismo, ele se adere a estruturas como músculo, pele e osso. Quando há um processo inflamatório, ou mesmo quando o paciente não gosta do resultado, remover o PMMA sem causar danos a essas estruturas é quase impossível.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta que procedimentos que necessitem de PMMA devem ser indicados e realizados apenas por médicos, “pois podem produzir resultados imprevisíveis e indesejáveis, incluindo reações permanentes e persistentes”.

“A SBD contraindica o uso PMMA para fins cosmiátricos [procedimentos para melhorar a aparência física de uma pessoa]. Por outro lado, reconhece que, apesar dos efeitos adversos, o PMMA continua a ser uma ferramenta valiosa para o tratamento reparador de lipoatrofias faciais e corporais, como, por exemplo, em algumas pessoas vivendo com HIV e Aids que ainda necessitam da referida reabilitação, e, portanto, não podem ser marginalizados”, disse a entidade, em comunicado.

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