Publicado em 20/03/2025 às 13h47.

Vacina Imvanex tem 84% de eficácia contra mpox, mas exige segunda dose para pessoas com HIV

Estudo publicado na The Lancet Infectious Diseases mostra que uma dose do imunizante oferece alta proteção, mas resposta imunológica é reduzida em pessoas com HIV

Redação
Foto: Pexels

Uma única dose da vacina Imvanex, também chamada de Jynneos, demonstrou 84% de eficácia na proteção contra o vírus da mpox, conforme estudo publicado na última terça-feira (18) na revista The Lancet Infectious Diseases.

No entanto, em pessoas com HIV, a proteção oferecida por uma única dose foi insuficiente, levando os pesquisadores a recomendarem a aplicação da segunda dose para garantir maior eficácia.

O estudo foi realizado por pesquisadores do hospital universitário Universitätsmedizin Berlin, na Alemanha, a pedido da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), órgão regulador europeu.

Originalmente desenvolvida para a varíola, a Imvanex passou a ser utilizada contra a mpox desde o surto global de 2022.

Entre julho de 2022 e dezembro de 2023, os pesquisadores analisaram dados de cerca de 9,3 mil participantes — homens e pessoas trans que relataram relações sexuais com outros homens ou pessoas trans.

Metade do grupo recebeu uma dose da vacina, enquanto a outra metade permaneceu sem imunização. Após dois meses de monitoramento, a eficácia da vacina foi de 84%, com proteção mais significativa entre aqueles sem HIV.

O líder do grupo de pesquisa, Leif Erik Sander, do Instituto de Saúde de Berlim da Charité (BIH), destacou que a segunda dose tende a aumentar ainda mais essa proteção.

Já entre pessoas com HIV, a resposta imunológica foi mais fraca devido à menor atividade das células T, essenciais na defesa do organismo. “Essas células não funcionam plenamente, resultando em uma resposta imunológica reduzida”, explicou Sander.

Os pesquisadores também observaram que indivíduos vacinados que contraíram a mpox apresentaram sintomas mais leves, com menor número de lesões cutâneas, cicatrização mais rápida e menos sintomas sistêmicos, como febre.

Florian Kurth, chefe do Clinical Infection Research Group na Charité e coautor do estudo, afirmou que a vacinação completa tende a reduzir ainda mais os sintomas e a transmissão do vírus.

A segurança do imunizante foi analisada em mais de 6,5 mil voluntários, com menos de 3% relatando efeitos colaterais intensos, como febre, dor muscular e náusea. “A vacina contra a mpox é segura e bem tolerada”, concluiu Kurth.

A imunidade começa a se desenvolver cerca de 14 dias após a aplicação da vacina, e medidas preventivas, como o uso de preservativos, devem ser mantidas.

Fabricada pela dinamarquesa Bavarian Nordic, a Imvanex é aplicada em duas doses com intervalo de quatro semanas. No Brasil, a vacina foi aprovada pela Anvisa e está disponível no SUS para públicos prioritários, incluindo pessoas com HIV.

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