Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Marcelo Nilo e a obrigação de provar que não é dono da Babesp
Está exatamente aí o xis da questão: a parte do dinheiro, que se investigue. A dos resultados, não procede
Frase da vez
“Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui”
Clarice Lispector, escritora ucraniana naturalizada brasileira (1920-1977)
Se Marcelo Nilo é inocente como diz, a Justiça terá praticado uma violência. Não há com clareza qual é a acusação, mas ao que se diz, manter um instituto de pesquisa, a Babesp, com dinheiro público para forjar resultados fajutos de pesquisas eleitorais.
Está exatamente aí o xis da questão: a parte do dinheiro, que se investigue. A dos resultados, não procede. Objetivamente foi uma reclamação feita em 2014 pela coligação de Paulo Souto, que disputava o governo com Rui Costa.
Na disputa, quem atendia a TV Bahia em matéria de pesquisas era o Ibope, que sempre dava números diferenciados sobretudo na disputa do governo. O resto era quase igual, mas quando chegava aí, o Ibope sempre dava Rui com menos do que a Babesp e Souto com mais.
Ora, quem confere acertos ou desacertos de pesquisas eleitorais é a urna. E cruzando o encadeamento das tendências reveladas pelas pesquisas feitas em sequência, a Babesp acertou.
Ou seja, por aí, o da manipulação de resultados, não vai.
Vamos ver o que dá: Marcelo Nilo sustenta agora o que disse em 2014, quando foi formalmente questionado: não é o dono de um instituto que chamavam DataNilo.
O dono é Roberto Matos, um amigo, funcionário concursado da Sefaz. Se nisso tem ilícito, é o que vamos ver.
Ao dizer-se vítima de uma violência, ele vaticinou sobre a visita da PF na manhã da quinta última:
– Hoje foi o pior dia da minha vida.
Inocência perdida – Até pouco tempo, aceitava-se como valor universal consolidado nas democracias a máxima: todo mundo é inocente até prova em contrário. A Lava Jato detonou a moral da inocência e hoje o senso comum dita que todo político é culpado até prova em contrário. Na gênese da questão, estão os próprios políticos acusados. Todos juram inocência de dedos cruzados. E ninguém acredita.
Marcelo Nilo entrou nessa. Jura inocência bradando ter sido vítima de uma violência. Mas foi carimbado ao receber em casa e no gabinete a indesejada visita matinal da PF. Óbvio que lá não encontraram malas de dinheiro e nem Nilo foi preso, mas o carimbo, pela força da divulgação midiática, é o mesmo. Até sair a sentença, está condenado pela opinião pública.
Discurso dosado – A PF chegou no gabinete de Nilo às 7 da manhã, com ele junto. Saiu exatamente às 10h20. Uma romaria de deputados de todos os lados bateu no gabinete de Nilo para solidarizar-se. O senso comum: ‘Ele estava muito nervoso’’.
Coronel solidarizou-se, mas como presidente calou. Entendeu o caso como assunto pessoal de um deputado. Tal e qual o caso Geddel, todos estavam perplexos.
Acertou-se que Marcelo Nilo faria um pronunciamento e depois se colocaria à disposição da imprensa.
Marcelo Nilo discursou e o advogado Sérgio Habib, por ele contratado, acompanhou tudo da plateia.
O discurso foi dosado.
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