Fechamento e redução de livrarias preocupam clientes

Um recente levantamento feito pelo IBGE apontou que o maior recuo do varejo baiano partiu do segmento que comporta livros, jornais, revistas e papelaria. Foi uma queda de quase 38% de dezembro de 2018 para janeiro deste ano.

Os dados refletem as dificuldades enfrentadas pelas grandes redes de livrarias do País. Em outubro, por exemplo, a Saraiva anunciou o fechamento de 20 das 84 lojas.

Desta vez, o comunicado vem da livraria Cultura. A loja localizada no Shopping Salvador será reduzida pela metade a partir da próxima segunda-feira (25).

A reportagem  não conseguiu contato com a Cultura para pronunciamento oficial, mas apurou que a redução do espaço físico pretende trazer maior comodidade para os clientes. A empresa também teria apresentado crescimento nas vendas desde dezembro do ano passado, com as campanhas que foram realizadas.

Leitora assídua, a estudante Caroline Machado, 26 anos, demonstrou preocupação com a redução do espaço físico da loja, bem como com o fechamento de outras lojas.

“Adoro essa aqui no Salvador Shopping justamente porque é grande. Venho aqui, leio, compro. Até marco encontro com algumas colegas da faculdade. Vai ser uma pena perdermos esse espaço”, disse.

Para a biomédica Carolina Orrico, de 22 anos, o assunto é muito complexo de ser tratado, porque envolve as altas taxações dos produtos e o mundo da internet, onde é possível encontrar uma gama de materiais gratuitos.

“É difícil falar, principalmente com essa cultura aqui no Brasil. A falta de incentivo à leitura se complica bastante quando aumentam os impostos em cima dos livros. Os preços ficam exorbitantes. Tem livro que custa R$ 300, a gente não tem condições de arcar. E no oposto a isso a gente tem uma gama de conteúdos em PDF disponíveis na internet para baixar. Precisamos de livros físicos, é importante para a cultura mundial. Mas, é preciso rever a política de preços”, afirmou.

Aos 75 anos, o aposentado Sandoval Duarte, com os olhos atentos, absorvia todo o conteúdo de um livro que lia na Cultura do Salvador Shopping, durante a manhã de sexta-feira (22). Ele lamentou a falta de interesse da nova geração.

“Hoje se marcar com um amigo para se encontrar na livraria, a pessoa estranha. Mas, se for em um bar, aceita o convite na hora. A gente perde muito com o fechamento ou diminuição de qualquer loja. Antigamente o incentivo do poder público era a mesma coisa, ou pior. É a cultura da leitura mesmo que antes tinha e hoje não tem. Os empresários tinham mais a cabeça voltada para a educação e, com suas empresas, faziam esse voto de gratidão à população, com ações de incentivo a leitura. Hoje é o famoso pão e circo”, constatou.