FHC pede que PSDB repudie declarações de Bolsonaro sobre Ustra
“É inaceitável que tantos anos após a Constituição de 1988 ainda haja alguém com a ousadia de defender a tortura e, pior, elogiar conhecido torturador”, disse ex-presidente
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) classificou como “estapafúrdia” a declaração do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), durante votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara, no último dia 17. O deputado exaltou a ditadura militar e a memória do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, que foi chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar, e morreu no ano passado. Para FHC, o PSDB deve “repudiar” as declarações.
“É inaceitável que tantos anos após a Constituição de 1988 ainda haja alguém com a ousadia de defender a tortura e, pior, elogiar conhecido torturador. O PSDB precisa repudiar com clareza essas afirmações, que representam uma ofensa aos cidadãos do país e, muito especialmente, aos que sofreram torturas”, disse FHC.
Durante a votação do impeachment, Bolsonaro disse: “Perderam em 1964, perderam agora em 2016. Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, o meu voto é sim.”
FHC se manifestou: “O processo do impeachment começa agora a tramitar no Senado. Esperamos que os trâmites legais sejam todos cumpridos, sem delongas. E quando chegar o momento da decisão dos senadores, que a votação se processe de forma conveniente, sem declarações estapafúrdias como algumas que testemunhamos na Câmara dos Deputados. Especialmente uma me desagradou, aquela proferida pelo deputado Bolsonaro”.
Ustra comandou o Doi-Codi entre 1971 e 1974. Nos últimos anos, procuradores da República em São Paulo tentavam processá-lo pela tortura e morte de vários militantes que foram encarcerados nas dependências daquela unidade militar do antigo II Exército em São Paulo. Há sete anos, Ustra é declarado torturador pela Justiça, após decisão do TJ de São Paulo.
Repúdio – Desde domingo, parte da sociedade e diversas entidades têm se manifestado contra as declarações de Jair Bolsonaro. O Instituto Vladimir Herzog pediu a expulsão de Bolsonaro. A entidade preserva a memória do jornalista Vladimir Herzog, vítima da ditadura.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai investigar o deputado. A iniciativa da Procuradoria foi divulgada na quarta-feira (20) e é uma resposta às 17.853 manifestações da população recebidas pela Procuradoria nos últimos dias questionando a conduta do parlamentar.
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil informou, também na quarta, que “repudia de forma veemente” as declarações do deputado. A nota do Conselho é subscrita pelo presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, e pelo presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Everaldo Bezerra Patriota.
“Não é aceitável que figuras públicas, no exercício de um poder delegado pelo povo, se utilizem da imunidade parlamentar para fazer esse tipo de manifestação num claro desrespeito aos direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito”, afirmou o Conselho da maior entidade da advocacia do país.
Na terça-feira (19), o presidente da seccional da OAB no Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, afirmou que a seccional recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, se necessário, à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, para pedir a cassação do mandato de Jair Bolsonaro.
Mais notícias
-
Política
22h00 de 03 de maio de 2024
Lula sanciona marco legal dos jogos eletrônicos no Brasil
Pelo texto, a indústria do setor, por meio dos desenvolvedores de games, deve proteger crianças e adolescentes da exposição a jogos violentos ou abusos
-
Política
21h00 de 03 de maio de 2024
Advogado diz que Cid admitiu que ‘pisou na bola’ ao criticar investigação da PF
Tenente-coronel Mauro Cid foi solto nesta sexta-feira (3)
-
Política
20h40 de 03 de maio de 2024
TSE mantém inelegibilidade de Bolsonaro e Braga Netto por oito anos
Bolsonaro foi declarado inelegível pela segunda vez em 2023 e como a penalidade não é cumulativa, o prazo de inelegibilidade permanece
-
Política
19h17 de 03 de maio de 2024
Presidente Lula prorroga GLO em portos e aeroportos por mais 30 dias
Decreto é publicado em edição extra do Diário Oficial da União
-
Política
17h45 de 03 de maio de 2024
Kassab filiou papa Francisco ao PSD, brincam assessores durante encontro em Roma
No Palácio dos Bandeirantes, assessores brincaram que Kassab havia filiado um quadro importante ao PSD
-
Política
16h57 de 03 de maio de 2024
Câmara Federal terá audiência pública sobre reconhecimento facial
Proposta da audiência visa debater as variáveis que envolvem a temática, especialmente, trazendo a realidade vivenciada na Bahia, onde a tecnologia encontra-se em funcionamento
-
Política
16h37 de 03 de maio de 2024
Prefeito de Salvador critica impactos do veto à desoneração da folha
"Quando você veta a desoneração da folha, já há um aumento imediato de encargos que incidem no transporte público", pontuou Bruno Reis
-
Política
16h33 de 03 de maio de 2024
Partido Novo denuncia Lula no MP por abuso de poder em “campanha” para Boulos
Discurso foi transmitido pelas redes sociais
-
Política
15h55 de 03 de maio de 2024
Comandante-Geral da PM se desculpa com deputada Olívia Santana por abordagem inadequada
A política registrou o momento em suas redes sociais na tarde desta sexta-feira (03)
-
Política
14h49 de 03 de maio de 2024
Bruno rebate Geraldo sobre dificuldade para definir vice: ‘Deve estar em Nárnia’
O prefeito foi questionado em coletiva de imprensa sobre as provocações do vice-governador