Publicado em 16/01/2024 às 21h00.

Divergências entre Bolsonaro e Valdemar têm eleições 2024 como ‘pano de fundo’

Os atritos entre Valdemar e Bolsonaro sobre os candidatos que o PL deve apoiar em outubro se tornaram mais evidentes na capital paulista

Redação
Foto: Reprodução / Instagram

 

Os desentendimentos entre Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), são antigos e muitos deles giram em torno dos candidatos que devem representar o PL nas eleições municipais de outubro.

De um ládo, Bolsonaro quer priorizar aliados próximos na corrida pelo comando das capitais e mostrar que ainda é forte politicamente, após se tornar inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Valdemar, por sua vez, defende apostar em políticos com mais chances de vitória, com a meta de o PL eleger mais de mil prefeitos no País.

“Valdemar fica como um equilibrista em cima de uma corda. De um lado, pragmatismo e necessidade de ter candidatos viáveis visando um partido grande para ter mais recursos e poder de barganha e, de outro lado, tentando manter Bolsonaro próximo a fim de alcançar esse objetivo. Bolsonaro quer ter como candidatos figuras que divulguem e sejam defensores da visão dele”, afirmou o cientista político Alberto Carlos Almeida, diretor do instituto de pesquisa Brasilis.

No fim de novembro, Bolsonaro tornou pública a crise com o presidente do PL na escolha das pré-candidaturas municipais. No lançamento do PL+60, movimento da sigla destinado a incentivar o desenvolvimento de políticas públicas para idosos, o ex-presidente afirmou que precisa, às vezes, “engolir” os postulantes propostos por Valdemar.

Para o cientista político Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia, as intenções políticas de Bolsonaro são evidentes desde que ele se filiou ao partido em 2021. Segundo o especialista, o ex-presidente não se vinculou à legenda por afinidade com o programa de Valdemar, e sim porque a sigla permitiu que ele e os seus aliados pudessem migrar e transformar a sigla na representação do bolsonarismo.

“Bolsonaro está no PL por conveniência. Não é um partido que represente algo e que, por isso, ele foi para lá. O partido se tornou um farol dessa direita bolsonarista porque o Bolsonaro foi para lá”, afirmou.

Mais divergências – Os atritos entre Valdemar e Bolsonaro sobre os candidatos que o PL deve apoiar em outubro se tornaram mais evidentes na capital paulista. O ex-presidente tentou emplacar o nome do ex-ministro do Meio Ambiente, deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), mas o dirigente partidário costurou aliança com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que vai tentar a reeleição.

Ao mesmo tempo em que Nunes e Valdemar fechavam o acordo para enfrentar o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à Prefeitura apoiado por Lula, Bolsonaro chegou a pedir publicamente “Salles prefeito” na saída de um evento do PL em Brasília. “São Paulo merece realmente um nome que vá fazer pelo município e não fazer por partido”, disse o ex-mandatário.

No último dia 4, o prefeito afirmou que Valdemar havia definido que o PL apoiaria a sua campanha à reeleição com o aval de Bolsonaro e que a possibilidade de uma candidatura do ex-ministro do Meio Ambiente pela sigla havia sido “descartada”. “Ele (Valdemar) me confirmou que o assunto estava superado, martelo batido. Estaria caminhando junto com a gente e, portanto, a outra opção de candidatura estava descartada”, disse Ricardo Nunes.

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